Quinta-feira, 18 de Agosto de 2011
Aquele Portugal.

 

 

«Mais do que qualquer outra vila piscatória de Portugal, a Nazaré tem alimentado a mitologia do homem do mar, o herói que enfrenta grandes perigos para retirar o sustento do seu dia-a-dia. Apesar de esta ideia se encontrar muito generalizada, a tradição piscatória da Nazaré não é muito antiga e remonta apenas, tanto quanto se sabe, a 1643, alcançando a vila apenas uma dimensão notável no século XVIII. Mas é no final do século XIX que se estabelece definitivamente a fama e o mito dos pescadores da Nazaré, narrados por muitos escritores, como Raul Brandão, e imortalizados no cinema por Leitão de Barros no filme Maria Mar, da década de 40, uma obra típica da cinematografia do Estado Novo.
A dura batalha diária travada entre os pescadores e o mar, com a coragem suicida de um amanhã marcado pela tragédia de ontem. As mulheres que descalças esperam os seus homens e os seus filhos na praia, enquanto desfiam lágrimas amargas por aqueles que perderam ou no temor antecipado de quando chegará a sua hora de sofrer. Ao alívio da chegada dos barcos sucede-se o descarregar do peixe e dos utensílios da faina. Os homens remendam as redes que os prendem àquela vida enquanto as mulheres vão vender o peixe.
Ao imaginário do passado pertencem os barcos típicos - a neta, o candil, a xavasca, o batelinho e a lanchinha - que descansam ao sol, na areia, e o vestuário característico dos homens com as suas camisas de quadrados de várias cores, calções dobrados pelos joelhos, também aos quadrados, um barrete de lã na cabeça tombado sobre o ombro, a lembrar um pouco o dos campinos, e os pés normalmente descalços. As mulheres levavam também roupas coloridas quando o luto ainda não lhes tinha enegrecido a indumentária e a vida. Estas imagens permanecem hoje apenas no folclore local e a arte da pesca foi substituída pelo turismo, que se tornou na principal fonte de rendimento local.»

 

via Infopédia: Porto Editora, 2003-2011

 



publicado por cachinare às 08:49
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1 comentário:
De Jaime pontes pião a 18 de Agosto de 2011 às 10:57
Nazaré terra de pescadores como muitas terras do litoral português ,pescadores esses bravos lobos do mar que muito desbravaram os mares para conseguirem o sustento para suas famílias ,tempos idos em que sempre se lamentavam os naufrágios e muitos pescadores perdiam a vida ,tempos em que as mulheres enviuvavam com frequência ,crianças ficavam sem pai ,enfim tempos dos nossos avós e bisavós ,mas eu pergunto ,que valor tinham e tem o pescador ainda hoje ?



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