Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2019
A preto e branco.

pvz APastor 1953 0003_M

A Póvoa de Varzim em 1953 pela objectiva de Artur Pastor, com uma velha mulher do mar poveiro sentada nas traseiras da igreja de Nossa Senhora da Lapa, de frente para o mar.


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Terça-feira, 6 de Junho de 2017
A preto e branco.

Nazaré f150e_o FC Gulbenkian

Um pescador da Nazaré de antigamente. Foto de Artur Pastor.


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Terça-feira, 19 de Abril de 2016
Trio “Terre Neuvas”.

«A história narra uma campanha nos Bancos da Terra Nova de Jean-Baptiste Lamy, marinheiro natural de Cancale (Bretanha-França), embarcado em Saint-Malo num dia de Março de 1907. À partida atrasada em dois dias, os marinheiros aproveitaram para formalizar os seus pedidos a Deus por tempo clemente durante o seu rumo. No momento dessa partida, surgem os adeus dífíceis às mulheres, às crianças e aos seus que ficarão no cais. Precisarão de várias semanas para alcançar os Bancos da Terra Nova, viagem antes da qual começaram a preparar as linhas, a apanhar molusco para o isco e assim evitarem o uso da carne de cavalo e o seu cheiro terrível. Chegados aos Bancos, começa a pesca nos dóris, as condições difíceis de trabalho, o frio, a bruma, as poucas horas de sono, mas também o café, o benvindo que melhora o ordinário, o copo de aguardente que reaviva a coragem, os camaradas com os quais se pode competir, as “marés do paraíso”, quando se canta em alegria e se contam histórias.

Campanha terminada sete meses após a partida, está o porão cheio de bacalhaus bem conservados no sal, sem se perder nenhum dóri ou homem e a escuna parte, deixa os Bancos e toma rumo para Saint-Malo. Dois dias mais tarde, são surpreendidos por um temporal que destrói completamente o navio. Cinco sobreviventes são resgatados vários dias mais tarde num dóri, por um navio Português que os desembarca em Lisboa. Depois de alguns dias no hospital, regressam à Bretanha, a pé até Bordéus onde embarcam num navio de transporte de vinho com destino a La Rochelle e a Nantes. De Nantes a Rennes, Dinan, Vallée des Singes... .
Jean-Baptiste não voltaria a ver a sua mulher, falecida no leito que lhe deixa um pequeno rapaz que um dia crescerá e se tornará marinheiro... mas que viria a morrer com a idade de seis anos. Voltará então a casar-se e terá duas filhas... uma delas a minha avó.»
Por Bernard Subert.
 
Este pequeno texto pertence a um dos elementos do trio “Terre Neuvas”, designação antiga em França para os pescadores que debandaram para a pesca na Terra Nova durante séculos. O motivo da música deste trio é precisamente todo o universo em redor destes pescadores e famílias, tragédias e alegrias.
No que respeita a Portugal, até hoje não tenho encontrado grande menção a música ou cantares relativos a estes pescadores, a não ser em St. John´s, Terra Nova, onde os pescadores Portugueses eram afamados a cantar o fado e não só, com viola ou concertina. Hoje em dia existem bandas locais de St. John´s que reproduzem estas músicas dos pescadores, pela beleza que tinham e um dos expoentes máximos ainda hoje é Art Stoyles, com as suas famosas “Valsas Portuguesas”.

 



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Terça-feira, 2 de Fevereiro de 2016
A preto e branco.

 StampCodfishd

Um antigo selo da Terranova, comemorando o seu “ouro”, o bacalhau.


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Sexta-feira, 14 de Agosto de 2015
A preto e branco.

Estonia outdoor kitchen in the village. Photo G. R

Aldeia de pescadores do mar Báltico, aqui na Estónia. A foto é de G. Ränk, em 1943 e mostra o uso dado a um velho barco de pesca.


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Segunda-feira, 1 de Junho de 2015
A preto e branco.

pvz APastor 1953 0004_M

Tradicional trabalho de atar redes na Póvoa de Varzim. De notar o segurar da rede nos dedos do pé. Foto de Artur Pastor, 1953.


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Terça-feira, 3 de Março de 2015
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Uma imagem extraordinária de Sesimbra por alturas dos anos 50 do séc. XX, onde se vê uma motora, ainda com traços das antigas barcas locais, a descer por uma estreita rua abaixo pousada em rolos de madeira e a multidão a acompanhá-la. Será certamente um barco novo, no seu bota-abaixo, mas é peculiar o facto de vir de dentro da vila. É porque o seu estaleiro ficaria afastado da beira-mar? Certo é o facto do seu dono ser adepto benfiquista.


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Domingo, 22 de Fevereiro de 2015
A preto e branco.

 

Os veleiros “Shamrock III” e o “Reliance” na terceira regata da Taça América de 1903, junto de um navio-farol duplo. Embarcações desenhadas para a velocidade máxima, repare-se na altura do velame em relação aos “minúsculos” tripulantes. Um autêntico edifício de 20 andares.


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Sábado, 14 de Fevereiro de 2015
A preto e branco.

 

Um dos mais belos navios do mundo, o navio-escola português “Sagres”, sendo este na foto o “Sagres II”, pois serviu na Marinha Portuguesa entre 1927-1962. O seu nome original fora “Rickmer Rickmers” e é hoje navio museu em Hamburgo na Alemanha, onde foi construído em 1896 (em Bremerhaven). A mestria dos portugueses na decoração dos seus navios, é também aqui evidente.


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Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2015
Comunicado - Bind'ó Peixe - Associação Cultural.

igreja barco caxinas«Caros amigos

Nascemos em 2013 para defender o património material e imaterial de Caxinas e Poça da Barca, a grande comunidade piscatória de Vila do Conde. Durante o primeiro ano, centramo-nos em aspectos imateriais, na memória, na identidade. Mas, agora, urge defender outro património. A igreja-barco, símbolo maior de uma comunidade de crentes, que vive, muito ainda, do mar. Marca maior, também ela, da identidade deste lugar.

Durante dias, a Bind'ó Peixe - Associação Cultural esteve calada. Analisando documentos, tentando perceber, nas vozes de uns e nos silêncios de outros, o que estava em causa e, principalmente, o que se pode ainda fazer para salvar este monumento de uma opção urbanística cuja legalidade nos é garantida por quem a aprovou, mas cujo impacto negativo, esse podemos nós, cada um de nós, avaliar.

Dissemos isso, em privado, a quem de direito, na Paróquia e na Câmara. A Dr.ª Elisa Ferraz, que tanto tem elogiado o nosso ainda curto trabalho de valorização do património, sabe o que pensamos desta edificação que erguerá um muro de 16 metros a menos de quatro metros do adro da igreja. Escrevemos-lhe, e pedimos-lhe que não desapontasse a comunidade de Caxinas e Poça da Barca. Pedimos-lhe que corrigisse este claro erro urbanístico, custe o que custar.

Já percebemos, nas declarações públicas da actual presidente da Câmara, o incómodo que esta situação, processualmente concluída já no seu mandato, lhe provoca. Mas custa-nos perceber que, tendo este processo vindo de trás, quem o começou não consiga dar a mão à palmatória. Custa-nos que o nosso ex-presidente se escude nos legalismos, e invoque engenheiros e arquitectos “de grande competência” que não nomeia, para garantir que o projecto defende a visibilidade…da torre da igreja.

Pois…Teríamos imagens de mil igrejas por esse mundo fora para mostrar a esses desconhecidos engenheiros e arquitectos o que o bom urbanismo faz às suas cidades. Ou talvez bastasse ver alguns bons exemplos, realizados precisamente nos mandatos camarários anteriores noutras zonas da cidade, e premiados pela Comissão Europeia, para se perceber quão frágil é o argumento do Engenheiro Mário Almeida. A quem pedimos que se deixe disto e se envolva activamente na busca de uma solução para este erro no qual tem a sua quota parte de responsabilidade.

A Câmara de Vila do Conde não está habituada a que os caxineiros - gente boa - protestem. E se muitas vezes se confundiu a contestação a esta ou aquela decisão à mera luta política - se não estás comigo, és dos outros - acreditamos que, neste caso, isso não acontecerá. Acreditamos que a Dr. Elisa Ferraz saberá perceber a profundidade deste descontentamento. Que não é dirigido contra o nosso ex-presidente ou contra a sua sucessora. É dirigido contra uma má decisão, com consequências que já estão à vista.

Consideramos que, como cidadãos interessados, não podemos baixar a guarda. A negociação em curso, pelo que se vai publicamente sabendo, abre a porta a alguma melhoria na envolvente norte da Igreja, a nascente, mas aparentemente não garante o recuo do prédio na marginal. Julgamos, por isso, que a presidente de Câmara precisa da nossa força. Não de uma força que a deite abaixo, mas de uma força que lhe imprima energia, o argumento da vontade popular, para fazer ver, ao promotor da obra, que no respeito das suas expectativas económicas, o melhor é sentar-se e negociar.

Não sabemos o que isso custa. Mas sabemos o que custará, no futuro, que os nossos filhos saibam que não fizemos tudo o que está ao nosso alcance para reverter esta situação, nem que seja parcialmente.

De nós, queremos que saibam que estamos onde temos de estar. Junto daqueles pelos quais decidimos, em 2013, fundar esta associação, e disponíveis para participar, se os caxineiros e as partes envolvidas quiserem, na procura de uma solução para o problema.

Vila do Conde, 7 de Fevereiro de 2015

A Direcção
Abel Coentrão
José Manuel Sá
Dânia Lucas
Margarida Ribeiro
José Brandão»

Bind'ó Peixe - Associação Cultural


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Segunda-feira, 9 de Fevereiro de 2015
A preto e branco.

 

Um retrato das gentes nazarenas de Jean Dieuzaide, nos anos 50 do século passado. Um belíssimo enquadramento.


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Sexta-feira, 30 de Janeiro de 2015
Pescador da Póvoa de Varzim naufraga ao largo de Dover, Inglaterra.

 

«Um pescador português, natural da Póvoa de Varzim, está entre os desaparecidos de um barco pesqueiro belga que naufragou na quarta-feira em Inglaterra, ao largo da cidade de Dover. A confirmação foi dada pelo presidente da Câmara Municipal poveira, Aires Pereira, que manifestou solidariedade com a família, garantindo o apoio da autarquia no que a mesma precisar.

Desde quarta-feira à noite que não se sabe onde está o arrastão que tinha a bordo quatro tripulantes, um português, dois holandeses e um belga. A embarcação, de 40 metros de comprimento, está registada na Bélgica e dedicava-se à pesca do linguado. Embarcações de socorro, de autoridades inglesas e francesas estão no mar a tentar encontrar a embarcação, mas para já apenas apareceu uma balsa vazia e destroços do barco.»

in Renascença.

Ontem pelas 5 da tarde as equipas de busca informavam que tinham encontrado 2 corpos ao largo de Boulogne, na França, e que os mesmo haviam sido levados para aquele porto de pesca.

Um helicóptero da guarda costeira inglesa, dois salva-vidas de Kent e um helicóptero de busca e salvamento francês têm estado a operar desde quarta-feira, depois do desaparecimento do Z85 "Morgenster" sob forte temporal e rajadas de vento, cujo último sinal ocorreu pelas 2:45 da tarde. O nome do pescador português há informação de ser Martins dos Santos. Vários outros navios de pesca belgas e holandeses procuram de igual modo por sinais do navio desaparecido.


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Domingo, 25 de Janeiro de 2015
O naufrágio do “Veronese” em filme – 1913.

«Muito além do imaginável, o naufrágio do paquete VERONESE chocou o país de norte a sul. As mensagens chegadas ao governo civil do Porto, endereçadas ao Dr. Albano de Magalhães, então seu distinto governador, exprimiam o sentimento geral da população, em função do trágico acontecimento. Com origem em Lisboa, logo que foi dado a conhecer o sinistro, este foi um dos primeiros telegramas recebidos: Peço a V.Exa. que se apresse a significar aos sobreviventes da catástrofe do VERONESE a mágoa do governo e a disposição em que tem estado de acudir a tão grande desgraça, na medida do possível. (ass.) Alfredo Costa, Presidente do Governo.

Decorrem cem anos sobre o naufrágio, ocorrido a 16 de Janeiro de 1913, que ninguém esquece, sobrevivendo às diferentes décadas pela informação oral que passa de avós para pais, de pais para filhos e de filhos para netos. Alguém da família esteve lá, lembrando casos, histórias, relatos sobre os sobreviventes, sobre os feridos, sobre aqueles menos bafejados pela sorte, abandonados ao infortúnio de uma morte prematura.

veronese a navegar

A população unida encontrou-se na praia da Boa Nova, ligeiramente a norte do local onde se encontra actualmente o farol de Leça da Palmeira, pouco depois do navio ter encalhado sobre as pedras do baixo do “Lenho”, a pouco mais de 250 metros de terra, mas simultaneamente num espaço distante para ser ultrapassado, por força da desmedida violência do mar.

A mobilização para dar apoio aos náufragos foi geral e espontânea. Foram colocados médicos e enfermeiros numa tenda, para atendimento urgente sobre as areias da praia, no posto da Guarda-fiscal ali próximo e na capela do oratório da Boa Nova, assistidos pelas esposas dos mais destacados membros da sociedade de Matosinhos e do Porto.

Estiveram presentes diversas associações de bombeiros, de Matosinhos-Leça, do Porto, de Vila Nova de Gaia e de Vila do Conde. A Marinha fez-se representar em presença contínua pelos mais variados oficiais destacados nas localidades vizinhas, marinhagem e polícia marítima, pelo comando e por um largo grupo de alunos da Escola de Alunos Marinheiros, além do rebocador BÉRRIO, enviado às pressas de Lisboa para Leixões, para atender sempre que o seu serviço se justificasse.

Tomaram igualmente parte nas operações de salvamento forças da P.S.P., da Guarda Republicana e da Guarda Fiscal. E foram também posicionados os salva-vidas PORTO, de Leixões, sobre o comando do patrão Aveiro e o CEGO DO MAIO, vindo da Póvoa de Varzim, com o seu arrais, o patrão Lagoa, transportado pela via-férrea, livre de encargos, que só puderam intervir ao terceiro dia, quando o mar o permitiu, e mesmo assim foram responsáveis por 103 salvamentos. E povo, muito povo que só abrandou de entusiasmo altruísta para prosseguir com os trabalhos, quando o último náufrago, o capitão Charles Turner, abandonou o seu navio. Verdadeiros heróis, que o governo da nação honrou, conferindo-lhes significativas homenagens.

patrão lagoa cabo mar povoa varzim

Face à impossibilidade de qualquer embarcação se aproximar do navio naufragado, houve necessidade de recorrer ao lançamento de foguetões de terra para bordo, com o objectivo de permitir estabelecer cabos de vai-vem. Na primeira série de disparos, só o décimo nono foguetão chegou ao navio, conseguindo vencer a distância e as condições adversas de tempo, motivadas por vento forte e contrário, quando já se instalava o desespero no espírito de todos quantos presenciavam a azáfama inglória dos bombeiros socorristas. E durante três dias e três noites, foram tantos os foguetões utilizados, cujos cabos rebentavam a espaços ao roçar na penedia, que o reposicionamento fez esgotar a quantidade total do equipamento disponível na cidade. Nestas circunstâncias,  alguns dos presentes, exímios nadadores,  disponibilizaram-se, pondo em risco as suas próprias vidas, para levar para bordo um cabo salvador, que ajudasse  à montagem do vai-vem. Ofertas negadas ao grupo dos mais ousados, levados apenas por gestos de extrema abnegação, na firme convicção de que era de evitar aumentar o número de vítimas no sinistro. Entretanto, também do navio preparavam a descida de um escaler, ainda preso aos turcos, carregando um amontoado de gente. Foram também persuadidos a aguardar por outra forma de salvamento, pois que a embarcação ao ser lançada ao mar, seria de pronto projetada contra os rochedos, despedaçando-se de seguida.

Casos há verdadeiramente chocantes: uma mãe que carrega dois filhos, perde um deles arrebatado pela violência das ondas; o cabo de vai-vem que se parte, deixando o náufrago à deriva, sem forças para lutar pela vida; congestões inoportunas; familiares que desaparecem, maridos que procuram pelas esposas, pais que tentam localizar os filhos, numa correria desenfreada pelos diversos postos de serviço, desesperados, inutilmente. Comum aos sobreviventes a exposição à dor, em rostos marejados de lagrimas sentidas pela inesperada quebra nos laços de sangue. Por cá encontraram sepultura, em campa rasa, espalhados por vários cemitérios, entretanto preparados para os receber.

A notícia fria do naufrágio caiu na cidade como um relâmpago; o jornal “O Comércio do Porto” de 17 de Janeiro de 1913 relatava assim o acidente: ...  na madrugada de ontem, o mar era alteroso; furiosos vagalhões quebravam de encontro aos molhes de Leixões e galgavam-nos, de lado a lado. Chovia torrencialmente e o vento era impetuoso. Seriam 4 horas, quando foi dado conta que em frente à doca pairava o paquete VERONESE, da Lamport & Holt Line. Este vapor de 11.000 e tantas toneladas, vindo consignado aos srs. Garland, Laidley & Cª., saíra no domingo de Liverpool e tocara ante-ontem em Vigo, onde embarcaram 119 passageiros, tendo já a bordo outros 20 embarcados em Inglaterra. Estava previsto ter entrado e saído ontem para o Rio de Janeiro, Santos, Montevideu e Buenos Aires. Pouco depois, pelas quatro horas e 20 minutos, reconheceu-se que o vapor batera de encontro à pedra denominada “Lenho”, vindo a encalhar sobre a penedia da costa, um pouco ao norte da capela da Boa Nova.

veronese leça 1913

Repetidos silvos de sirene de bordo, em sinal de pedido de socorro, davam dentro em breve, a conhecer, que uma catástrofe ocorrera no seio daquele mar proceloso. Trataram imediatamente de fazer prevenções e de preparar socorros. Ao romper da aurora, a despeito da névoa que pairou todo o dia sobre a costa, observou-se o VERONESE sobre os rochedos, adernado a estibordo, de proa para sueste e com a ré bastante erguida, tendo o mar levado os escaleres que estavam nesse lado e partindo o leme e a ponte da popa.

Era o prenúncio de uma morte anunciada. Mais um navio caía na ratoeira de uma costa mal iluminada e mal sinalizada, obrigado a enfrentar um mar traiçoeiro, calvário de gente indefesa cuja circunstância os levava a viajar ao encontro de um futuro melhor. Das 232 pessoas a bordo, 40 interromperam a viagem no mar da praia da Boa Nova; 5 pertenciam à equipagem do navio, que navegava com 93 tripulantes. Entre os sobreviventes, alguns deles  voltaram para casa, com as suas condições de vida alteradas, por terem perdido todos os bens. Os outros, contudo, continuaram a viagem num outro paquete, mantendo-se firmemente fiéis ao sonho sul-americano. Quanto à tripulação sobrevivente, certamente terá sido distribuída por outros navios da companhia, respondendo às necessidades de um tempo difícil e ao compreensível apelo que  só o mar transmite, ao encontro da luz de cada dia que desponta e a cada pôr-do-sol que os persegue.»

por Reinaldo Delgado, in REVISTA DE MARINHA

foto 1 - O “Veronese” a navegar - photoship.co.uk 


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Sábado, 24 de Janeiro de 2015
A preto e branco.

 

O iate “Lotta”, da praça de Faro, entra no rio Tejo passando em frente da Torre de Belém. Estes iates usados na cabotagem eram lindíssimos, construídos com as mesmas linhas de vários lugres bacalhoeiros. Foto da Fundação Calouste Gulbenkian.


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Terça-feira, 13 de Janeiro de 2015
A estátua de Gaspar Côrte-Real.

«O porto abrigado de St. John´s ofereceu segurança a navios de muitas nações durante mais de quatro séculos. O conjunto colorido de navios estrangeiros atracados lado-a-lado aos dois e três ao longo do porto permite uma imagem fascinante, quando avisos de temporal nos Grandes Bancos interrompem a faina e trazem os navios para o abrigo deste porto estratégicamente localizado e protegido por terra.

Proeminentes entre eles encontram-se os robustos navios da Frota Branca de Portugal, que manda navios para os Grandes Bancos desde os primeiros anos registados na história da região. Os Portugueses partilham a hospitalidade de St. John´s com pescadores da França, Espanha, Noruega, Rússia, Alemanha e Inglaterra, desde a altura em que todas as nações de ambos os lados do Atlântico exploram a rica pesca dos Grandes Bancos, uma planície submarina que tem início a cerca de 50 milhas Este de Cape Race.
Quando Giovani Cabotto regressou da sua viagem de descoberta em 1497 ao serviço da coroa Inglesa, os seus relatos de abundância de bacalhau que se encontrava nas águas costeiras da Terra Nova levantaram um grande interesse nos comerciantes da pesca do Leste de Inglaterra. Estes persuadiram a Coroa a impor fortes leis anti-colonização que mantiveram possíveis colonos fora daquelas terras durante séculos após a descoberta. Apesar desta repressão manter afastados colonos da Inglaterra, nada podiam fazer para evitar que outros países tirassem partido da rica pesca dos Grandes Bancos. Os séculos XV e XVI viram o início da exploração Portuguesa, apoiada pelo engenho marítimo que levou numerosos navegadores aventureiros desde Portugal até muitos dos distantes lugares do mundo. Alguns dos seus nomes são por demais conhecidos – Henrique o Navegador, Magalhães e Vasco da Gama – de imediato reconhecidos por alguém minimamente letrado. Outros nomes são menos familiares excepto para sérios estudantes de história.
Os irmãos Gaspar e Miguel Côrte-Real efectuaram ousadas viagens em busca da elusiva Passagem de Noroeste em pequenas caravelas da Ordem de Cristo nos anos 1501-1502. Miguel perdeu-se no Mar do Norte enquanto procurava pelo seu irmão Gaspar, creditado por alguns historiadores por explorações desde as costas da Gronelândia até à Nova Inglaterra. Dois outros Portugueses, Álvares Fagundes e Estêvão Gomes (este ao serviço de Espanha) navegaram, respectivamente, o Golfo de S. Lourenço e a Baía de Fundy antes de 1525, mais de uma década antes das bem documentadas viagens de Jacques Cartier.
Em reconhecimento da contribuição dada pelos irmãos Côrte-Real, o Rei de Portugal concedeu aos seus descendentes “Real e actual posse daquelas terras e ilhas” descobertas por Gaspar durante as expedições, financiadas e levadas a cabo por esta família dos Açores, num tremendo custo material e físico. Fagundes, em 1520, solicitou e foi-lhe concedido aval das terras que pudesse descobrir “dentro da esfera de influência Portuguesa”. Alguns dos nomes que ele deu a pontos descobertos na parte Oeste da Terra Nova foram mais tarde alterados para a nomenclatura Inglesa e Francesa.
Foi referido por alguns historiadores que os Portugueses foram os primeiros a explorar os leitos de pesca dos Grandes Bancos, em finais do séc. XV. A suportar esta teoria existe documentação sobre impostos especias sobre as pescarias de bacalhau, por Rei D. Manuel de Portugal em 1506. Durante cerca de um século ou mais, depois de descoberta, a Terra Nova tornou-se conhecida na Europa como “Terra dos Bacalhaus”. É assim identificada num mapa de 1569 pelo conhecido Gerardus Mercator, que marcou o Labrador como “Terra Corte Realis”.
Alguns dos locais de colonização mais antiga e histórica da Ilha da Terra Nova ainda mantêm nomes de origem Portuguesa, uma vez que muitos dos cartógrafos do séc. XVI eram Portugueses e foram os primeiros a dar nomes aos maiores cabos, baías, portos e ilhas das costas Leste e sudeste da Terra Nova. Tão cedo quanto 1502, um mapa Português identifica o que é agora a Terra Nova como “Terra do Rei de Portugal”.
Apesar das várias concessões nominais de terra aos primeiros exploradores Portugueses, não parecem haver dados sobre qualquer tentativa organizada de domínio territorial ou ambições por via militar ou força naval, ou sequer colonização planeada. Juntamente com algumas das outras potências marítimas, Portugal continuou a enviar frotas de pesca para os Grandes Bancos numa base sasonal.
O principal porto, St. John´s, tornou-se familiar para gerações sucessivas de marinheiros e pescadores de vários países do mundo e durante mais de quatro séculos manteve a sua identidade. De Maio a Outubro de cada ano, os navios da Frota Branca de Portugal deram um tom e charme único ao porto de St. John´s. Até aos anos 50, estes navios eram da aspecto típico das escunas de pesca dos Bancos, com o convés cheio de pilhas de coloridos dóris de madeira.
O aspecto mais marcante da longa associação entre Portugal e a Terra Nova tem sido a completa ausência de qualquer fricção séria que alterasse a relação de amizade partilhada por muitos dos milhares de pescadores e população residente de St. John´s. É um tributo único aos enrugados, homens de trabalho da frota Portuguesa, quando tantos milhares deles faziam a sua “invasão” pacífica da capital da província da Terra Nova em intervalos frequentes durante os meses de Verão e mantinham uma reputação inabalável por bom comportamento, o que os manteve como elevados e muito benvindos visitantes.
Por duas ocasiões nas últimas décadas, a relação especial entre a Terra Nova e Portugal recebeu reconhecimento público. Em 1955, a Catedral Católico-Romana de St. John´s celebrou o seu centenário e foi elevada a Basílica. Ponto alto das celebrações foi uma parada de vários milhares de pescadores Portugueses que marcharam pela cidade desde a baixa até à Basílica e lá depositaram uma oferta, na forma de uma estátua de N.Srª de Fátima. De novo, em 1965, juntaram-se em grande número para a inauguração cerimonial de uma enorme estátua de bronze de Gaspar Côrte-Real, erigida no proeminente local de Prince Philip Drive, adjacente ao Edifício da Confederação, sede do Governo da Província.
A estátua assenta numa grande plataforma, na qual se lê: “Gaspar Côrte-Real, Navegador Português. Alcançou a “Terra Nova” no séc. XV no início da era das grandes descobertas. – Da Organização das Pescas Portuguesa como expressão de gratitude em nome dos Pescadores Portugueses dos Grandes Bancos, pela hospitaleira amizade a eles sempre retribuída pelo povo da Terra Nova – Maio de 1965.”»
 
Traduzido do artigo de D.H. Wheeler em “Historic Newfoundland and Labrador”. 19ª edição 1988.
 
A estátua de Gaspar Côrte-Real manteve os olhos fixos no Edifício da Confederação durante mais de 50 anos, apenas com uma interrupção. A obra do escultor Martins Correia teve alguma falta de sorte em 1999 quando um carro falhou a curva e embateu no pedestal que suporta a confiante pose em bronze. A estátua em si não sofreu danos, mas a sua base ficou danificada. Nesse mesmo ano seria restaurada por um especialista em bronze.
Foto 1 da autoria de gdraskoy.

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Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2015
A preto e branco.

 

Foto da autoria de Jean Dieuzaide, intitulada “Domingo do Pescador”, em Camara de Lobos, Madeira no ano de 1956. Este fotógrafo francês nascido em 1921 esteve por três vezes em Portugal durante a década de 50 do séc. XX. Por trás do pescador nota-se a forma tradicional dos pescadores locais de secar as redes, suspensas nos mastros e vergas das embarcações ainda veleiras na altura. Desconheço até hoje, qualquer publicação ou estudo sobre as antigas embarcações de pesca tradicional da Ilha da Madeira. Caso alguém conheça, agradeço a dica.



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