Terça-feira, 30 de Janeiro de 2024
"Nos Mares da Terra Nova - A Saga dos Bacalhoeiros".

 

 

«Decorria o ano de 1948 e Anselmo Vieira, que neste livro adopta o nome Telmo, via nesta viagem a oportunidade única para sentir na pele as emoções descritas nas leituras de juventude e adquirir experiência em águas longínquas. Passados 62 anos, os seis meses partilhados com 34 tripulantes, entre os quais o lobo do mar Capitão Vitorino e 27 pescadores de hábitos rudes, mas de coração ingénuo, transformaram-se num romance repleto de momentos inesquecíveis, reconstruídos com recurso a uma narrativa poética e descritiva, mas que vai além dos pormenores. Os amantes da literatura de viagens vão ficar presos a esta narrativa, como se também eles tivessem de enfrentar o frio e o nevoeiro ou a “força da natureza marinha”.»

por Fátima Lopes Cardoso

 

Sinopse

 

«Este livro reconstitui sob a forma de romance a última viagem bem-sucedida do bacalhoeiro “Júlia IV”, que o autor acompanhou pessoalmente, em 1948. A frota portuguesa era a única que ainda comparecia nos mares do Árctico com veleiros quase medievais, entre as frotas mecanizadas de espanhóis, franceses e russos. Narrada como um diário de bordo, a obra caracteriza magnificamente esta actividade. Nos Mares da Terra Nova é também um documento de inestimável valor histórico.»

 

«Anselmo Vieira nasceu em 1923 na cidade de Lourenço o Marques, em Moçambique, oriundo de uma família com raízes em três continentes Europa, Índia e África.
Atraído pela aventura do mar e das viagens formou-se como Oficial de Navegação pela Escola Náutica de Lisboa, tendo percorrido cerca de quarenta anos da sua existência na marinha mercante e vinte anos pelos caminhos da naturologia e biofísica medica, geobiologia, psicologia existencial e estudo paranormal das manifestações que, por vezes tanto afectam a saúde e o espírito do Homem.
No ano de 1949 publicou nas páginas do jornal "0 Primeiro de Janeiro", da cidade do Porto, a primeira e única serie de narrativas vividas por um tripulante sobre a vida de um lúgubre bacalhoeiro, o “Júlia IV”, numa viagem de meio ano nos mares da Terra Nova. Colaborador viajante do outrora conhecido "Diário de Noticias" de Moçambique, escreveu durante anos sobre impressões de viagens, gentes e filosofia existencial. O Humanismo esteve sempre presente na sua maneira de estar na Vida.
Frequentou o núcleo de arte da sua cidade natal como aluno do escultor Silva Pinto e um curso livre na Sociedade das Belas Artes de Lisboa. Dedicou-se ao desenho à ponta de pena e à pintura expressionista a óleo como um olhar sobre a vida e as pessoas, atribuindo grande importância à expressão corporal como reveladora das emoções e dos estados de alma em suas representações plásticas. Exposição colectiva de pintura em Joanesburgo antes do evento Abrilino de 1974, na Metrópole. Depois da independência da Republica Popular de Moçambique tomou parte numa exposição colectiva representativa dos artistas de todos os países africanos, organizada oficialmente na Nigéria. Regressou a Portugal em 1977, onde expõe pela primeira vez na galeria do Auditório do Instituto Nacional da Habitação de Lisboa, em 22 de Junho de 2005.»

 

in brochura da exposição "um olhar sobre a vida" de Anselmo Vieira - 5 a 16 de Dezembro de 2005 no Edificio Central do Município no Centro de Documentação/1º Piso Campo Grande, 25



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Quarta-feira, 5 de Agosto de 2020
O Naufrágio do Salsinha - 15-11-1907.

«A morte é, infelizmente, às vezes, a senhora dos navegantes. Dos homens, diz-se que "há os vivos, os mortos, e os que andam no Mar". Se este dito popular for verdadeiro (e é...), difícil deve ser andar lá no Mar, alguma vez, muito tempo, em longas viagens (de que se espera voltar um dia), mas certamente muito mais difícil - mais heróico, mais duro, mais sobre-humano (quotidianamente heróico, duro e sobre-humano...) - deve ser andar lá sempre, dia após dia, todos os dias, durante a vida inteira. Cada dia, no intervalo das noites dormidas na praia, onde sempre ecoa, noite após noite, todas as noites, "a voz imensa, o lamento eterno...". Viver, assim, é viver quotidianamente, dia após dia, entre o Mar e a vida.

Os pescadores do litoral português são os verdadeiros "heróis do mar" num país que, infelizmente, sempre mais e mais os foi esquecendo e desprezando, e sempre mais e mais os foi abandonando (na maior provação e pobreza), ao mesmo tempo que, nesse mesmo país, sempre mais e mais foram sendo oficiadas as bizantinas e académicas liturgias de "comemoração dos Descobrimentos" e de glorificação das míticas "grandezas imperiais do Passado" (grandezas que, na verdade, nunca existiram). Um país pobre (em que os pescadores sempre foram os mais pobres dos pobres) cujas elites sempre dissiparam improdutivamente a riqueza em celebrações sumptuários e em retóricas bizantinas, e que, por isso mesmo, continuou tão pobre como sempre.
Um país em que, infelizmente, tudo o que autenticamente tem a ver com o Mar e com a Herança Marítima - e aí incluem-se sobretudo os barcos e os homens (a arquitectura naval tradicional e a experiência humana acumulada) - sempre foi sendo cada vez mais e mais abandonado, e assim votado à decadência, à extinção, à miséria e à emigração. E, no entanto, seria tão importante (e tão interessante) estudá-lo... desde Viana à Nazaré, desde Vila do Conde a Peniche, desde o Furadouro a Lavos, desde o Porto a Aveiro, desde Buarcos à Vieira, etc...
Devemos neste momento saudar a publicação de um novo livro - e, agora, um livro especialmente dedicado às matérias da História Marítima local - saído da pena do excelente investigador, competente, probo e honesto, que é Hermínio de Freitas Nunes. Esta é uma obra que, tal como as anteriores do mesmo Autor, fala por si mesma. Aqui fica agora bem patente uma rigorosa utilização da terminologia técnica adequada, um seguro domínio das fontes históricas, quer arquivísticas, quer narrativas, quer jornalísticas (fontes trabalhosamente compulsadas, seriadas e analisadas), bem como uma brilhante capacidade de síntese histórica (síntese breve, concisa, cronológica, compreensiva e problematizada). Neste mundo, as boas obras, na sua (aparente) simplicidade, falam sempre por si mesmas (e o inverso também é verdade). Muito além, e acima, de todos os pedantismos pseudo-intelectuais e de todos os folclores que aspirem ao academismo (e para isso usem palavras caras e conceitos abstractos).
Tomaram muitos centros de investigação académicos e universitários - e sobretudo no estado em que em Portugal infelizmente se encontram hoje em dia tantos Centros e Universidades... - contar entre os seus membros do corpo de docentes ou de investigadores alguém como o Autor deste livro... o mesmo Autor, de resto, que já antes havia produzido tantos e tão bons estudos de História Local, História Económica Social, História das Ideias e Mentalidades acerca das regiões de Leiria e da Marinha Grande (acerca do seu património industrial e cultural, dos seus movimentos operários, das suas igrejas, etc.).
Especialistas e eruditos locais como Hermínio de Freitas Nunes, mais do que como discentes, são sobretudo necessários, como docentes ou investigadores, em quaisquer escolas que de facto queiram sair de si próprias e ser capazes de estudar algo mais do que o seu próprio umbigo (e é também isso que distingue as escolas).
Que pode haver, de resto, mais interessante do que a história de homens verdadeiros - homens corajosos - que é a história dos pescadores...?
Esta é uma investigação original, de arquivo, dedicada ao levantamento e publicação da documentação referente ao maior de todos os naufrágios da Praia da Vieira: o trágico episódio de 1907 que deixou no desamparo dezenas de famílias dos mais pobres pescadores locais. Agora, o Autor deste livro reuniu, e incluiu no seu anexo documental, a documentação apropriada, nomeadamente a correspondência e as contas, quer das receitas obtidas pela comissão presidida pelo diligente padre José Ferreira de Lacerda, quer das despesas efectuadas pelo mesmo pároco da Vieira que se notabilizou no esforço para ajudar as famílias dos náufragos. E esta parece ser, também, infelizmente, uma história muito portuguesa, quando se conclui que uma parte do subsídio enviado pelo governo de então parece nunca ter chegado a ser efectivamente entregue à comissão de socorro às famílias. E, quanto ao valor angariado pelo sarau de gala de solidariedade que também foi promovido, constata-se que quase metade de tal valor serviu para pagar as respectivas despesas de tal gala, incluindo comidas e garrafas de vinho fino.
Hermínio de Freitas Nunes quis agora dedicar as páginas deste seu livro àqueles que verdadeiramente as mereciam: os pobres mas valentes pescadores da Vieira, que a fome obrigou a ir ao mar em pleno Novembro, no dia 15 desse mês de Inverno...
 
Este livro é uma lição de História: por isso é tão inspirador, e tão emocionante. Fazemos votos de que a sua leitura, para os futuros leitores, seja tão motivadora quanto o foi agora para o signatário deste prefácio (o qual, de resto, desde há muito quer andar cada vez mais distante da História oficial e dos respectivos historiadores, e próximo dos pescadores).
É para isto que, na verdade, deve servir a História autêntica. Por isso, é não só um prazer, mas também uma honra, prefaciar uma obra como esta.
Hermínio de Freitas Nunes é um verdadeiro historiador que, agora, para além do estudo da tragédia de 1907, nos dá também o levantamento e a publicação dos documentos anteriores do Arquivo Distrital de Leiria e da Capitania da Nazaré referentes às companhas, aos barcos e aos pescadores da Vieira, com a reconstituição de tais companhas e dos homens que as integravam. A partir de agora, já lhes sabemos os nomes e a cor dos olhos. Ficámos, para sempre, a conhecer os barcos e os homens da Vieira ao longo do século XIX, desde as suas mais antigas referências.
Há alguns meses, durante as VI Jornadas Culturais da Gandara, na Praia de Mira, em Março de 2008 (onde a comunicação apresentada por Hermínio de Freitas Nunes já constituiu uma versão preliminar deste estudo, e foi uma das comunicações mais valiosas e apreciadas), o signatário deste prefácio, na sua própria comunicação, havia reiterado a sua expressão de que o Barco do Mar do litoral centro de Portugal é "o mais belo barco do Mundo"... (e, na mesma ocasião, o nosso Amigo Professor Fernando Alonso Romero, o druida da memória da Galiza, pela sua parte, chamou-lhe "a embarcação mais interessante da Europa"). Não são excessivas essas apreciações quando aplicados ao também chamado Saveiro, Varino, Barco da Arte, ou "Meia-Lua", do Furadouro à Torreira, da Vagueira a Mira, de Lavos à Vieira. Agora, o competente investigador e erudito local que é o nosso Amigo Hermínio de Freitas Nunes adopta essa nossa designação de "o mais belo barco do Mundo", nesta obra em que deixa para o Futuro uma investigação histórica criteriosa e um estudo fundamental, no que diz respeito à Praia da Vieira e aos litorais de Leiria, desse belo barco e dos homens corajosos que outrora o tripularam.
Esses homens do século XIX e dos inícios do século XX morreram (como todos os homens vão morrer um dia), e as suas casas e os seus barcos apodreceram ou arderam (como tudo vai apodrecer ou arder um dia). Mas lá continua, ao som da voz imensa, o barco descendente dos seus barcos... tripulado pelos descendentes desses mesmos homens...
Um historiador, agora - passados hoje cento e um anos... -, ajudou a que tudo isso sobreviva para o Futuro. É para isto que serve a História.»
 
Alfredo Pinheiro Marques
Director do Centro de Estudos do Mar - CEMAR
15 de Novembro de 2008
 
«Na sexta-feira do dia 15 de Novembro de 1907, a embarcação conhecida como “Salsinha”, da companha de Manuel da Silva Sapateiro, virou-se ao ser varrido por uma onda quando tentava sair do mar, provocando a morte de 13 pescadores e ferindo cerca de uma dezena.
A descrição do acidente marítimo é relatada por Francisco Oneto Nunes, na obra “Vieira de Leiria – A História, O Trabalho, A Cultura”, que lembra as palavras do escritor vieirense António Vitorino sobre o assunto. É referida a tensão “quando os homens dentro do barco se apercebem de que estão à beira do desastre, sempre seguidos na sua angústia por aqueles outros que estão em terra sem lhes poderem acudir”. 
Enquanto uns caíram ao mar com o impulso da onda e nadaram, outros ficaram presos no barco abalroado e morreram, fazendo com que este trágico acidente fosse perpetuado, pelos piores motivos, na memória da população de Vieira de Leiria.
Os funerais foram impressionantes manifestações de dor, as fábricas pararam, o comércio fechou e Vieira de Leiria tornou-se pequena para acolher todos quantos quiseram marcar presença nas cerimónias.
 
As 13 vítimas mortais do naufrágio foram:
 
António Mouco Letra Novo - 26 anos
António Rego - 33 anos
Epifânio Tomás - 60 anos
Joaquim Xarana - 37 anos
José Bonifácio - 20 anos
José da Silva Alfaiate - 46 anos
José Mouco - 36 anos
José Pinheiro - 55 anos
José Tocha – 25 anos
Luís Bonifácio - 60 anos
Manuel Botas Pedrosa - 25 anos
Manuel Rego - 19 anos
Reinaldo Lobo - 26 anos .»
 
in CyberJornal.
foto 2 – José Fernandes.
 
Como comentário, pego no pequeno parágrafo do prefácio: “Fazemos votos de que a sua leitura, para os futuros leitores, seja tão motivadora quanto o foi agora para o signatário deste prefácio (o qual, de resto, desde há muito quer andar cada vez mais distante da História oficial e dos respectivos historiadores, e próximo dos pescadores).”
Ao que parece, o Sr. Alfredo Pinheiro Marques viu há muito o que os “simples” pescadores e a sua cultura podem também ensinar à “modernidade intelectual”. Mas eu sou suspeito para elevar o valor do universo dos pescadores... pois sou filho..., neto..., bisneto... .


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Segunda-feira, 20 de Maio de 2019
Apresentações.

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Sábado, 20 de Abril de 2019
“Senhor Deus dos Desgraçados”.

«Marco Lourenço filmou a “grande história trágico-marítima” Todas as terras de pescadores têm as suas tristes histórias de naufrágios, de vidas a lamentar, levadas pelo mar cruel e ingrato que lhes põe o pão na mesa, francisco adrmas nenhuma provocou tantas lágrimas como a da madrugada de 2 de Dezembro de 1947.
Nessa noite, quatro traineiras e cento e cinquenta e dois homens desapareceram ao largo de Matosinhos, havendo apenas seis sobreviventes, que, quase por milagre, escaparam à fúria das ondas dessa madrugada de temporal.
Os gritos ouviam-se na praia, mas as pessoas sentiam-se impotentes para ajudar aqueles que gritavam por socorro. Para além disso, um dos aspectos mais trágicos do naufrágio prende-se com o facto de muitos pescadores terem dado à costa ainda com vida, mas há testemunhos que afirmam que a polícia Marítima, com medo do contrabando, disparou tiros para o ar, afastando, assim, quem na praia tentava socorrer os pescadores.
As vítimas eram oriundas não só de Matosinhos, como também de Espinho, Ovar, Póvoa de Varzim, Mira, Setúbal, o que fez com estas terras piscatórias ficassem unidas para sempre, marcadas pelo mesmo sentimento de dor e de perda.
Este foi o mote para Marcos Lourenço realizar um documentário intitulado “Senhor Deus dos Desgraçados”. Na verdade, este licenciado em Cinema, pela Escola Superior Artística do Porto, cresceu ouvindo esta história, quando a data do naufrágio se aproximava.
O avô de Marcos Lourenço, família de pescadores, esteve ligado a este drama e, talvez, as razões afectivas tenham levado à realização do documentário, que é também uma forma de não deixar cair no esquecimento a tragédia que destruiu as traineiras D. Manuel, Rosa Faustino, as únicas onde houve sobreviventes, Maria Miguel e S. Salvador.
No início, o trabalho, feito no âmbito da Faculdade, apenas iria abordar uma perspectiva mais restrita, mas à medida que a investigação aumentava e o estudo ia ganhando forma, o realizador percebeu que não seria ”só um trabalho para a Faculdade”, mas passou a ser “um trabalho para servir a cidade”, até porque “Matosinhos não deve esquecer os seus verdadeiros heróis”.
Por ter ficado impressionado com esta tragédia , que deixou centenas de casas sem pão e provocou dezenas de órfãos, o autor gostaria de divulgar o documentário para, deste modo, dar a conhecer Matosinhos, terra que vivia exclusivamente do mar. “Quem nasce pescador, morre pescador”, por isso, por mais arriscada que seja esta profissão, não é possível para um pescador abandoná-la.
Para poder recolher mais informação, Marcos Lourenço procurou “as pessoas certas”, tendo ficado a saber que, nessa noite, quatro traineiras, apesar dos avisos, se fizeram ao mar e regressavam carregadas de sardinhas, quando o temporal arruinou o sonho de mais de uma centena de homens. Parece até que o número de vítimas não será certo, pois a bordo poderiam estar também várias crianças.
Durante a pesquisa que efectuou, o realizador foi confrontado com versões por vezes contraditórias, o que torna o traba­lho, por vezes, mais difícil. Dos seis sobreviventes do naufrágio, José Pereira Dias “Canário”, José Ruela, António Dias “Cantora”, Manuel Maria “Acabou”, José Pinho Rebeca, José Pinheiro, dois ainda estão vivos.
José Pinheiro, que só tinha 19 anos na altura do acidente, é uma das testemunhas vivas, que se salvou depois de ter estado três horas dentro de água, agarrado ao colete, e que contou ao realizador vários pormenores importantes para a compreensão dos acontecimentos que antecederam o naufrágio: a viagem até à Figueira da Foz, a chegada a Aveiro, o aumento do vento, a entrada na barra de Matosinhos, o afundar dos barcos, a aflição dos homens e da população.
Maria Emília, 89 anos, viúva de um pescador, contou a Marcos Lourenço que o seu marido estava doente na altura, mas que mesmo assim teve de ir trabalhar, o que atesta bem das condições de vida dos pescadores. Manuel Cheta, pescador à época no barco Nossa Senhora das Neves, também prestou o seu depoimento ao realizador, contribuindo para que a visão dos factos seja mais completa e viva.
Este naufrágio teve um impacto mundial, tendo chegado a vir subsídios dos EUA, para além dos atribuídos pela Sociedade Mútua de Seguros do Grémio dos Armadores da Pesca da Sardinha, no valor de 221$85.
Para poder efectuar este documentário, Marcos Lourenço procurou dados durante um ano, mas como contou ao MH “ainda na semana passada descobri um sobrevivente, numa associação de pescadores. Desconhecia esse facto”.
Quanto aos apoios, o autor diz que a autarquia facultou imagens de arquivo e que no próximo dia 2 de Dezembro, o documentário será projectado na Casa dos Pescadores, tendo sido muito bem recebido por Delfim Nora, no entanto, o desejo de Marcos Lourenço é que o filme seja exibido no Salão Nobre da Câmara.
Marcos Lourenço considera que “os novos matosinhenses recusam o estatuto de terra de pescadores” e o seu desejo é lutar contra isso. “Se existem heróis estão em Matosinhos”, e este trabalho pode ser um contributo fundamental para dar a conhecer esses homens.
“Era uma vida muito dura, a vida do mar”, recorda este neto de pescadores que não quer que a memória do seu avó e dos outros homens do mar se apague dos matosinhenses.
Passados sessenta anos, Marcos Lourenço sente que “tinha obrigação de fazer isto por eles e não por mim. A história é deles. O documentário está muito humano” Na verdade, o autor não quer que as vítimas sejam esquecidas e quer que a vida dos pescadores seja sempre admirada e respeitada. O filme será uma maneira de “prolongar a memória da geração que viveu a tragédia”, acredita o cineasta.»

 
In Matosinhos Hoje – 26-09-2007.
 
Foi através do jornal mensal MARÉ que descobri a existência deste filme e tenho tentado obtê-lo faz já algum tempo. No entanto a partir do estrangeiro onde me encontro não tem sido fácil obter o filme.
Tal como o Marcos Lourenço, fazemos parte da 1ª geração que deixou a vida do mar profissionalmente, na sua maioria, mas a obrigação de registar e dar mérito às nossas gerações passadas é fulcral. Só há que agradecer ao realizador por ter levado parte da sua obrigação a bom porto. Cabe-nos a muitos de nós continuar a desenvolver esta mesma obrigação.
 
Trailer do documentário "Senhor Deus dos Desgraçados".


publicado por cachinare às 18:24
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Terça-feira, 22 de Maio de 2018
"Por Entre as Brumas de Newfoundland".

brumas newfoundland romance 2.png

 «Numa demanda por dar um rumo à sua vida e marcado pela memória do avô António que pescara bacalhau à linha num dóri, nos Grandes Bancos da Terra Nova e da Gronelândia, Vasco decide viajar até à cidade de St. John's, Newfoundland. Nas águas canadianas, o avô vivera a traumática experiência de se perder no nevoeiro. Uma carta de um pescador, nunca lida até ser encontrada, mais de quarenta anos depois de ter sido escrita, levanta questões a que Vasco quer dar resposta, na tentativa de colmatar um elo quebrado da história. Um romance que pretende ser uma homenagem a todos aqueles que viveram as duríssimas campanhas da pesca do bacalhau, bem como um tributo à arte da pesca solitária nos dóris e à Frota Branca portuguesa.»

 

Este é mais um reflexo da emotiva epopeia da pesca do bacalhau levada a cabo pelos pescadores de Portugal, retratada no formato de romance e que nunca é demais ser explorada no papel que teve tanto para portugueses como para estrangeiros, nomeadamente as gentes de São João da Terranova.

Esta belíssima obra de Fernando Teixeira mostra-nos uma das fotos mais emblemáticas de Alan Villiers na capa, o lugre "Aviz" cerca de 1950, em "descanso" no nevoeiro do Atlântico Norte.

É um livro que pode ser adquirido em formato digital ou impresso, através do respectivo website: https://fernandojteixeira.wixsite.com/website-2  



publicado por cachinare às 22:11
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Quarta-feira, 28 de Setembro de 2016
“Tempos de Pesca em Tempos de Guerra” - Vila do Conde.

maria da gloria capa livro

Há cerca de 8 anos atrás, publiquei neste blogue um artigo sobre o lugre “Maria da Glória”, um dos muitos da Pesca do Bacalhau portuguesa. A história do naufrágio deste lugre foi uma das mais impressionantes que já investiguei e até hoje nunca esqueci a busca que fiz pelas fotos possíveis e existentes dos pescadores vítimas desse naufrágio. Jamais consegui esquecer essas fotos.

É com agrado que vejo um livro sobre esse episódio surgir, intitulado “Tempos de Pesca em Tempos de Guerra”, da autoria de Licínio Ferreira Amador.

Será apresentado já no próximo sábado, 1 de Outubro pelas 15 horas, no Centro de Memória de Vila do Conde. A não perder a oportunidade de poder aprender sobre este episódio dramático, onde humildes pescadores em tempo de guerra, de um país neutral, foram cruelmente enviados para um horrendo fim.

Agradeço ao amigo Reinaldo Delgado a notícia deste livro e sua apresentação em Vila do Conde.



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Terça-feira, 19 de Abril de 2016
Trio “Terre Neuvas”.

«A história narra uma campanha nos Bancos da Terra Nova de Jean-Baptiste Lamy, marinheiro natural de Cancale (Bretanha-França), embarcado em Saint-Malo num dia de Março de 1907. À partida atrasada em dois dias, os marinheiros aproveitaram para formalizar os seus pedidos a Deus por tempo clemente durante o seu rumo. No momento dessa partida, surgem os adeus dífíceis às mulheres, às crianças e aos seus que ficarão no cais. Precisarão de várias semanas para alcançar os Bancos da Terra Nova, viagem antes da qual começaram a preparar as linhas, a apanhar molusco para o isco e assim evitarem o uso da carne de cavalo e o seu cheiro terrível. Chegados aos Bancos, começa a pesca nos dóris, as condições difíceis de trabalho, o frio, a bruma, as poucas horas de sono, mas também o café, o benvindo que melhora o ordinário, o copo de aguardente que reaviva a coragem, os camaradas com os quais se pode competir, as “marés do paraíso”, quando se canta em alegria e se contam histórias.

Campanha terminada sete meses após a partida, está o porão cheio de bacalhaus bem conservados no sal, sem se perder nenhum dóri ou homem e a escuna parte, deixa os Bancos e toma rumo para Saint-Malo. Dois dias mais tarde, são surpreendidos por um temporal que destrói completamente o navio. Cinco sobreviventes são resgatados vários dias mais tarde num dóri, por um navio Português que os desembarca em Lisboa. Depois de alguns dias no hospital, regressam à Bretanha, a pé até Bordéus onde embarcam num navio de transporte de vinho com destino a La Rochelle e a Nantes. De Nantes a Rennes, Dinan, Vallée des Singes... .
Jean-Baptiste não voltaria a ver a sua mulher, falecida no leito que lhe deixa um pequeno rapaz que um dia crescerá e se tornará marinheiro... mas que viria a morrer com a idade de seis anos. Voltará então a casar-se e terá duas filhas... uma delas a minha avó.»
Por Bernard Subert.
 
Este pequeno texto pertence a um dos elementos do trio “Terre Neuvas”, designação antiga em França para os pescadores que debandaram para a pesca na Terra Nova durante séculos. O motivo da música deste trio é precisamente todo o universo em redor destes pescadores e famílias, tragédias e alegrias.
No que respeita a Portugal, até hoje não tenho encontrado grande menção a música ou cantares relativos a estes pescadores, a não ser em St. John´s, Terra Nova, onde os pescadores Portugueses eram afamados a cantar o fado e não só, com viola ou concertina. Hoje em dia existem bandas locais de St. John´s que reproduzem estas músicas dos pescadores, pela beleza que tinham e um dos expoentes máximos ainda hoje é Art Stoyles, com as suas famosas “Valsas Portuguesas”.

 



publicado por cachinare às 18:19
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Quarta-feira, 22 de Julho de 2015
Alan Villiers – “Tausend bunte Segel”.

 

“Tausend bunte Segel – Die Doryfischer vom Schoner Argus”, é a designação da tradução para alemão d´ “A Campanha do Argus”, de Alan Villiers. Sendo lançada em Portugal no ano seguinte à campanha bacalhoeira na qual foi escrito, 1951, a primeira edição alemã é de 1952.
Como se pode ver pela imagem (da edição já de 1953), foi uma edição de capa dura cuja capa frontal tem o maior interesse e ilustra bem o título escolhido pela editora alemã para o livro: “Mil Velas Coloridas”.
É curioso o contraste para o lançamento do livro em Portugal, que foi com capa a preto e branco.
Agradeço ao amigo M. Stein ter-me enviado imagem da capa de introdução.
 
Para quem ainda não o sabe, é este o navio a que se refere – A Nova Campanha do Argus.


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Sábado, 13 de Junho de 2015
Livro "A Masseira Ancorense".

convite MASSEIRA

 

 



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Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
O bote polveiro – Galiza.

 

 

«Junto com a dorna, a gamela, a lancha de relinga e outras embarcações, o bote polveiro é um dos barcos tradicionais emblemáticos da costa da Galiza. O bote polveiro de Bueu é uma embarcação muito estável, forte e pesada, de casco redondo, a boca é metade do seu comprimento, baseando-se a sua morfologia, segundo S. Morling, na lancha de relinga. Representa pois bem o que eram as embarcações antigas daquela zona da Galiza. O seu comprimento ronda os quatro metros, é coberto em cerca de 1/3 e quase todos têm um viveiro ao centro. Também se faziam uns mais pequenos de três metros e meio e outros maiores que chegavam aos cinco metros e meio.

Existem registos que atestam a grande importância da apanha do polvo na Ría de Pontevedra desde meados do século XVI até meados do século XVIII, regulando-se as épocas de venda e as artes permitidas, demonstrando este bote total superioridade nas águas rochosas da ria.

Construía-se em madeira de carvalho (quilha, roda de proa, cadaste e cavernas) e pinho para o forro, bancos, cobertas e mastro. Os remos são como os da dorna, de duas peças e que se cruzam ao remar.»

 

via Modelismo Naval

 

O pequeno documentário acima mostra-nos o bote polveiro da Associação Amigos das Embarcacións Tradicionais "Os Galos", de Bueu. O seu presidente, Victor M. Domínguez Antas, mostra-nos na 1.ª pessoa o manobrar deste bote, quer a remos, quer à vela.

E as nossas catraias das Caxinas e Favita... onde andam?



publicado por cachinare às 22:23
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Segunda-feira, 16 de Março de 2015
O navio-hospital "Gil Eannes" na Terra Nova, em 1928.

«No século XX existiram duas embarcações de bandeira portuguesa com a designação de “Gil Eannes” e a função de navio-hospital, ambas tendo prestado apoio às atividades de pesca do bacalhau, nas águas da Terra Nova, no Grande Banco e na Gronelândia. A sua função justificava-se uma vez que as embarcações pesqueiras portuguesas encontravam-se rotineiramente isoladas por vários meses naquelas águas. O primeiro navio a receber este nome foi o “Lahneck”, um navio do Império Alemão aprendido na sequência da entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial (1916), então transformado em cruzador auxiliar da Marinha Portuguesa. Posteriormente, em 1927 zarpou pela primeira vez para a Terra Nova, após ter sido adaptado para navio hospital em estaleiros nos Países Baixos.»

in Wikipédia

Este filme mostra pois o primeiro “Gil Eannes” no seu segundo ano de apoio à frota bacalhoeira portuguesa. Um documento de enorme valor, na história das pescas de Portugal.



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Terça-feira, 6 de Janeiro de 2015
Revista Oceanos n.º45, “Terra Nova – A Epopeia do Bacalhau”.

Desde pequeno que sempre tentei imaginar o que fora a pesca do bacalhau, pois conhecia-o de quando o meu pai se referia a ela dos 8 anos que andou na Terra Nova. No entanto o que realmente sabia sobre ela era ínfimo, pois o meu pai também pouco a descrevia. Por alturas de 2001 vi numa montra de livraria esta revista, de enormes dimensões, peso e preço (para uma “revista”) e decidi comprá-la uns dias depois, pois seria um documento sobre o passado de pesca do meu pai a ter lá por casa.

Esta obra de 157 páginas vale bem pelas suas dimensões e conteúdos, pois toda ela é “uma história” da Grande Epopeia que foi a pesca do bacalhau por Portugueses e não só. Inúmeras fotos de grandes dimensões, a cores e preto e branco vão completando os textos de diversos autores e são fotos que de modo algum as vi noutras publicações, como por exemplo diversos lugres no rio Tejo. Treze anos passados, esta revista foi o início de um enorme gosto pela investigação desta Epopeia, pela sua evolução, dureza, pescadores, navios e mais navios de grande beleza e todo um país virado para ela durante décadas. Hoje penso no que sabia antes desta revista e o “gigantesco” desenrolar de factos que se foi mostrando durante estes anos. Várias vezes exclamei “Então foi nisto que o meu pai andou!”.
Curiosamente, a maior parte da aprendizagem e recolha de materiais foi feita via internet, sem dúvida via fundamental para o conhecimento. Há ainda um outro tanto a descobrir em inúmeras obras publicadas nos últimos anos em Portugal, obras que vou descrevendo aqui em artigos. Existem arquivos em museus, gavetas e baús em casa de antigos pescadores que estão cheios de “tesouros” sobre o universo do bacalhau e todos os dias surgem histórias novas, memórias num blog, fotos que decidiram passar pelo scanner. Há sempre mais e mais a esperar.
Este é o índice desta revista:
 
- O Atlântico noroeste e a Terra Nova (Terra dos Côrte-Reais).
- O controle das rotas do bacalhau nos sécs. XV e XVI.
- Reflexos carto-geográficos das navegações no Atlântico noroeste no séc. XVI.
- O confronto pelo domínio do Atlântico Norte.
- A pesca do bacalhau nos sécs. XVII e XVIII – Franceses, Ingleses e Americanos disputam a Terra Nova.
- O regresso à Terra Nova dos bacalhaus, de navios armados em Aveiro e Ílhavo.
- O Estado Novo e a frota bacalhoeira – Economia e política da pesca à linha.
- Os primeiros passos na modernização da frota bacalhoeira Portuguesa, 1935-1945.
- Aspectos da construção naval.
- O Estado Novo e a pesca do bacalhau – Encenação épica e representações ideológicas.
- A pesca do bacalhau.
- Navios com história – Lugres do gelo, cisnes dos oceanos.
 
Tal como disse Eça de Queiroz, “Um só livro é capaz de fazer a eternidade de um povo”.
Toda a Epopeia do Bacalhau, foi Um desses livros.


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Sexta-feira, 5 de Dezembro de 2014
George Sluizer, 1932-2014. Morreu o realizador de “Os Solitários Homens-dos-Dóris”.

george sluizer solitarios homens dos doris portuga

«Para os portugueses, o realizador holandês George Sluizer, falecido no passado dia 20 de Setembro em Amesterdão aos 82 anos de idade, será mais recordado como realizador da adaptação ao cinema de Jangada de Pedra de José Saramago (2002).

Fora de Portugal, a memória de Sluizer está indelevelmente ligada àquele que foi o último filme protagonizado por River Phoenix, Dark Blood, inacabado durante 20 anos devido à trágica morte do actor em Los Angeles em 1993, e que o cineasta holandês finalmente completou em 2013, “enquanto ainda podia fazê-lo”, como disse ao apresentá-lo no Festival de Berlim nesse ano.

O ponto alto da carreira de George Sluizer, nascido em Paris em 1932, reside contudo num dos mais aclamados filmes europeus da década de 1980: O Homem que Queria Saber (1988), adaptação do romance policial de Tim Krabbé sobre um homem cuja noiva desaparece durante uma viagem e que, três anos depois, é contactado pelo responsável. Um conto macabro com uma notável interpretação do actor francês Bernard-Pierre Donnadieu no papel do vilão, O Homem que Queria Saber tornou-se num êxito crítico e público internacional que levou Sluizer a Hollywood, onde dirigiu em 1993 uma mal recebida remake com Jeff Bridges, Kiefer Sutherland e Sandra Bullock, A Desaparecida.

Foi nessa altura que o cineasta encetou Dark Blood, rodado nos EUA com um elenco que incluia igualmente Jonathan Pryce e Judy Davis, mas que ficaria por terminar devido à morte de River Phoenix a meio da rodagem. Com o material filmado bloqueado por questões de direitos durante as duas décadas que se seguiriam – e com Sluizer a entrar em posse das bobines de modo mais ou menos esquivo para impedir que fossem destruídas –, foi só em 2013 que o cineasta apresentou a montagem possível do filme, numa altura em que já se encontrava fisicamente muito frágil na sequência de um aneurisma sofrido em 2007. A interrupção do filme acabaria por efectivamente travar a carreira americana do cineasta.

Aluno de cinema em Paris, onde estudou com Jean Renoir e Alain Resnais, Sluizer alternou inicialmente documentários e encomendas para a televisão holandesa antes de se estrear na longa-metragem de ficção em 1972 com João e a Faca, rodado no Brasil. Deve-se-lhe igualmente a adaptação para cinema do romance de Bruce Chatwin Utz.

Durante a II Guerra Mundial a família saiu da Holanda, vivendo durante algum tempo em Portugal – país onde captou imagens para vários documentários para a televisão holandesa e rodaria dois filmes, a comédia Mortinho por Chegar a Casa (1996), co-dirigida com Carlos da Silva, e A Jangada de Pedra (2002). Envolvido desde sempre na defesa da causa palestiniana - o que o levou inclusive a ser acusado pelo governo israelita de “libelo de sangue” por ter acusado Ariel Sharon de matar palestinianos à queima-roupa em 1982 – Sluizer realizou igualmente uma série de documentários sobre famílias palestinianas impossibilitadas de regressar à sua terra natal, o último dos quais, Homeland, foi estreado em 2010.»

 

por Jorge Mourinha - PUBLICO

foto - MOVIESCENE

 

Foi de igual modo George Sluizer quem realizou o mais conhecido internacionalmente documentário sobre a pesca do bacalhau pelos Portugueses. Essa obra seria exibida pela conceituada National Geographic Society – CBS, em 1967, intitulando-se “The Lonely Dorymen” – “Os Solitários Homens-dos-Dóris”. Aqui fica, mais uma vez, esse documentário, legendado em português.

 



publicado por cachinare às 22:47
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Domingo, 30 de Novembro de 2014
Revista ARGOS, nr.2 - Museu Marítimo de Ílhavo.

argos revista museu ilhavo 2014

   

«Este segundo número da Argos, revista do Museu Marítimo Ílhavo, é dedicado à museologia marítima e à herança cultural que os museus que assim se definem procuram preservar e transmitir. Foi nossa intenção construir um volume capaz de questionar os sentidos da museologia marítima que se pratica em diversos países e em museus que, pelo facto de serem marítimos, têm afinidades próprias de uma comunidade de gentes do mar. A inclusão de vários artigos dedicados ao projecto de admiráveis museus marítimos da Europa, África e Ásia, bem como as reflexões aqui partilhadas por investigadores e responsáveis por museus portugueses, permitirão que a Argos agite as águas mornas da museologia portuguesa, até hoje pouco sensível à realidade dos museus do mar.»

 

Índice

 

Editorial | Álvaro Garrido


O lugar dos museus marítimos no panorama museológico português | ICOM Portugal – José Picas do Vale

 

a museologia marítima em debate

 

Maritime museums in an Asian context and a globalized world | Stephen Davies

 

Museos, patrimonio marítimo e investigación científica | Juan-Luis Alegret

 

A centralidade do projeto cultural para museus de temática marítima | José Picas do Vale

 

perfis de museus marítimos

 

Entrevista a Frits Loomeijer

 

Le Musée de la Marine dans le paysage culturel maritime français | Denis-Michel Boëll

 

Museus com temática marítima: a relação com as comunidades e a inovação em práticas museais | Graça Filipe

 

Maritime craft heritage - Reflections from the Viking Ship Museum in Roskilde | Tinna Damgård-Sørensen e Morten Ravn

 

projetos e instituições

 

A missão do Museu de Marinha | António Costa Canas

 

O Inventário do Património Baleeiro Imóvel dos Açores (IPBIA) | Márcia Dutra

 

Bind’ó Peixe, memória das Caxinas ao jeito de pregão | Abel Coentrão

 

Museu Marítimo de Ílhavo – Investigação

 

A Cultura Material das Comunidades Marítimas | Nuno Miguel Costa

 

Serviços Educativos em Museus Marítimos: a ponte entre margens | Ana Catarina Nunes

 

Museu Marítimo de Ílhavo – Documentação

 

O Porto de Aveiro e o seu arquivo histórico | Nuno Silva Costa

 

Museu Marítimo de Ílhavo – Exposição

 

La Ílhava portuguesa, belleza ancestral sobre el agua | Mercedes Peláez

 

Um Kayak Groenlandês: Artefacto «esquisito» no Museu Marítimo de Ílhavo | Rui Mello Freitag

 

O barco moliceiro, ex-libris lagunar | Ana Maria Lopes

 

O Aquário de Bacalhau do Atlântico do MMI | Rui Rocha e João Bastião

 

Experiência Museológica Internacional

 

O Museu das Pescas de Moçambique: um projeto em construção | Larsen Vales

 

Dossier Visual

 

O Museu Marítimo de Ílhavo, Concurso para Reabilitação e Ampliação | Nuno Mateusz

 

A revista encontra-se disponível na livraria do Museu Marítimo de Ílhavo | € 15,00

 

in Museu Marítimo de Ílhavo



publicado por cachinare às 19:13
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Terça-feira, 18 de Novembro de 2014
Charles Napier Hemy – 1841-1917.

Charles Napier Hemy nasceu em Newcastle-Upon-Tyne, Inglaterra no seio de uma família nas artes da música. Estudando pintura e design em várias escolas, regressou a Londres nos anos 1870s e em 1881 mudou-se para as costas da Cornualha onde se tornaria célebre pelas suas pinturas relacionadas com o mar e os pescadores locais. Foi considerado o melhor artista em arte marítima da sua geração e o seu conhecimento íntimo do mar foi fulcral na sua expressão. O movimento do mar, o seu poder, força e perigos estão todos capturados com um brilho raramente igualado e jamais ultrapassado.

Margareth Powell, neta de Hemy usou os anotamentos do artista para narrar com cor a sua vida, desde a infância até aos 30 anos que viveu na Cornualha.
Já tenho apresentado algumas das obras deste artista e na imagem está o livro publicado em 2005 pela sua neta.


publicado por cachinare às 22:28
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Sexta-feira, 31 de Outubro de 2014
“Pesca do Bacalhau – Diário de Bordo de João Carlos Caetano – De S. Miguel à Gronelândia – Ano de 1953”.

lagoa açores pesca bacalhau livro 2013

A Câmara Municipal de Lagoa, nos Açores, editou o livro “Pesca do Bacalhau – Diário de Bordo de João Carlos Caetano – De S. Miguel à Gronelândia – Ano de 1953”, co-financiado pelo Governo Regional dos Açores. Foi lançado no dia 21 de Junho de 2013 no Porto dos Carneiros, e inseriu-se nas Festas de São Pedro Gonçalves que decorreram naquele local.

Esta é a segunda parte de um relato em livro da primeira viagem aos Bancos da Terra Nova e Gronelândia de João Carlos Caetano realizada no ano de 1952 a bordo do navio “Oliveirense” e que foi lançado em 2011. (Autarquia Lagoense apoia edição em livro sobre a Pesca do Bacalhau.) O segundo diário refere-se ao ano de 1953 e retrata os principais acontecimentos que marcaram esta sua viagem na aventura da pesca do bacalhau, num registo verídico de um pescador lagoense que exalta a superação do medo, em prol da valorização da ousadia e coragem humanas, personificadas na figura de um inexperiente pescador, que vai ganhando cada vez mais força, coragem e confiança a cada experiência que enfrenta.

Para o Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, João Ponte, este livro assume-se como um testemunho real, escrito de forma tão simples e genuína por um jovem pescador lagoense de 19 anos que, corajosamente, rumou mar fora, para a difícil labuta da pesca do bacalhau, durante 5 longos meses, a bordo do “Oliveirense”, no ano de 1953.

Oliveirense Leixões

Através desta publicação, em seu entender, reconhece-se o valor destes homens que, voltam costas à terra firme, prontos a enfrentar os perigos do imenso oceano, movidos de ousadia e coragem, em busca do seu ganha-pão, acrescentando que “um diário é um registo, geralmente de carácter íntimo, que contém a narrativa diária de experiências contadas na primeira pessoa, na maior parte das vezes repleta de emoções experienciadas, reveladoras de segredos partilhados unicamente em folhas de papel, preenchidas em momentos vagos, sob a forma de desabafo ou de interiorização profunda”.

adaptado dos artigos via Câmara Municipal de Lagoa e Rádio Atlântida.



publicado por cachinare às 00:02
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