Terça-feira, 30 de Janeiro de 2024
"Nos Mares da Terra Nova - A Saga dos Bacalhoeiros".

 

 

«Decorria o ano de 1948 e Anselmo Vieira, que neste livro adopta o nome Telmo, via nesta viagem a oportunidade única para sentir na pele as emoções descritas nas leituras de juventude e adquirir experiência em águas longínquas. Passados 62 anos, os seis meses partilhados com 34 tripulantes, entre os quais o lobo do mar Capitão Vitorino e 27 pescadores de hábitos rudes, mas de coração ingénuo, transformaram-se num romance repleto de momentos inesquecíveis, reconstruídos com recurso a uma narrativa poética e descritiva, mas que vai além dos pormenores. Os amantes da literatura de viagens vão ficar presos a esta narrativa, como se também eles tivessem de enfrentar o frio e o nevoeiro ou a “força da natureza marinha”.»

por Fátima Lopes Cardoso

 

Sinopse

 

«Este livro reconstitui sob a forma de romance a última viagem bem-sucedida do bacalhoeiro “Júlia IV”, que o autor acompanhou pessoalmente, em 1948. A frota portuguesa era a única que ainda comparecia nos mares do Árctico com veleiros quase medievais, entre as frotas mecanizadas de espanhóis, franceses e russos. Narrada como um diário de bordo, a obra caracteriza magnificamente esta actividade. Nos Mares da Terra Nova é também um documento de inestimável valor histórico.»

 

«Anselmo Vieira nasceu em 1923 na cidade de Lourenço o Marques, em Moçambique, oriundo de uma família com raízes em três continentes Europa, Índia e África.
Atraído pela aventura do mar e das viagens formou-se como Oficial de Navegação pela Escola Náutica de Lisboa, tendo percorrido cerca de quarenta anos da sua existência na marinha mercante e vinte anos pelos caminhos da naturologia e biofísica medica, geobiologia, psicologia existencial e estudo paranormal das manifestações que, por vezes tanto afectam a saúde e o espírito do Homem.
No ano de 1949 publicou nas páginas do jornal "0 Primeiro de Janeiro", da cidade do Porto, a primeira e única serie de narrativas vividas por um tripulante sobre a vida de um lúgubre bacalhoeiro, o “Júlia IV”, numa viagem de meio ano nos mares da Terra Nova. Colaborador viajante do outrora conhecido "Diário de Noticias" de Moçambique, escreveu durante anos sobre impressões de viagens, gentes e filosofia existencial. O Humanismo esteve sempre presente na sua maneira de estar na Vida.
Frequentou o núcleo de arte da sua cidade natal como aluno do escultor Silva Pinto e um curso livre na Sociedade das Belas Artes de Lisboa. Dedicou-se ao desenho à ponta de pena e à pintura expressionista a óleo como um olhar sobre a vida e as pessoas, atribuindo grande importância à expressão corporal como reveladora das emoções e dos estados de alma em suas representações plásticas. Exposição colectiva de pintura em Joanesburgo antes do evento Abrilino de 1974, na Metrópole. Depois da independência da Republica Popular de Moçambique tomou parte numa exposição colectiva representativa dos artistas de todos os países africanos, organizada oficialmente na Nigéria. Regressou a Portugal em 1977, onde expõe pela primeira vez na galeria do Auditório do Instituto Nacional da Habitação de Lisboa, em 22 de Junho de 2005.»

 

in brochura da exposição "um olhar sobre a vida" de Anselmo Vieira - 5 a 16 de Dezembro de 2005 no Edificio Central do Município no Centro de Documentação/1º Piso Campo Grande, 25



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Sábado, 6 de Janeiro de 2024
Recuperação das pescas em Timor Leste.
 

 

«Um grupo de pescadores trabalha árduamente para puxar as suas redes das águas baixas junto à praia de Dili, capital de Timor Leste. “Depois do temporal da noite passada, não esperamos grande coisa”, diz Francisco Soares enquanto vislumbra a água. “Mas ainda assim estamos muito contentes e o Raymundo e o Horácio deram-nos uma grande ajuda para começar de novo.”

Os pescadores conhecem os dois voluntários das Nações Unidas, Raymundo Cawaling das Filipinas e Horácio dos Santos de Timor Leste desde 2001, quando estes dois conhecedores das pescas organizaram uma distribuição em larga escala de redes e equipamento de pesca doados por vários países.

Durante gerações, as comunidades costeiras dependeram de uma grande variedade de peixe como atum grande, peixe-voador, peixe dos corais entre outros que abundam ao longo dos 600 km da costa de Timor Leste. O Departamento das Pescas estima que cerca de metade dos 20.000 pescadores do país têm na pesca por exclusivo a sua fonte de nutrição e rendimentos.

90% da frota costeira de Timor Leste, aparelhos de pesca e estruturas costeiras foram destruídas durante o violento conflito que deflagrou entre oponentes e apoiantes da independência, após a grande maioria ter votado pela soberania a 30 de Agosto de 1999. Milhares de pessoas fugiriam do território.

 

 

Richard Mounsey, da Austrália, responsável pelo organismo Ambiente Marinho afirma que “estivemos à caça de dinheiro para atingir o nosso principal objectivo: ajudar os Timorenses a sustentarem-se por si próprios, restaurando-lhes o orgulho como pescadores. Eles não queriam arroz trazido em helicópteros, queriam sim os seus aparelhos de volta para irem de novo à pesca.”

Numa primeira fase de distribuição de redes, o resultado da pesca aumentou 60% em relação a 1997 – 1.600 toneladas por ano. Foram também montadas oficinas de construção naval e 18 Timorenses receberam treino de oficiais das pescas no Ministério da Agricultura e Pescas.

Como estado independente, Timor Leste viu crescer a sua zona de pesca de uma faixa de 3 milhas para 150 millhas a Sul e 15 milhas a Norte. Tal espera-se que atraia companhias de pesca às novas oportunidades oferecidas, mas com o devido controlo, pois os “abutres da pesca industrial mundial” são séria ameaça ao ambiente marinho. Outras ameaças são o ainda uso de explosivos, veneno e o corte de mangais, onde várias espécies de peixe se desenvolvem.»

 

Traduzido do original de Tarik Jasarevic - 06 de Augosto de 2002

imagem 2 - yeowatzu

 

Embora o artigo já seja bem antigo, permite ter uma ideia da área das pescas e sua importância no geograficamente longínquo Timor Leste. As imagens aqui colocadas mostram o mais comum barco de pesca utilizado no país, o “beiro”. O beiro é feito ou de um tronco único de árvore que é escavado até tomar a forma pretendida, ou de tábuas armadas para o efeito.

 

Um pouco sobre o Timor actual - O Livro das Contradisoens

 

 



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Sexta-feira, 24 de Novembro de 2023
Andou 16 anos no bacalhau.

 

 

«João Carlos Caetano esteve na pesca do Bacalhau e relata em diário publicado a primeira viagem aos bancos da Terra Nova e à Gronelândia. Ao Correio dos Açores conta outras vivências da pesca e relata o pedido que fez na altura em que decorriam as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. "Estávamos entalados no gelo e o navio não conseguia passar. De joelhos e mãos postas pedi que o Senhor nos ajudasse a sair dali, senão morríamos, houve um milagre. O gelo abriu um pouco e conseguimos passar".

 "Pesca do Bacalhau - Diário de Bordo de João Carlos Caetano - De S. Miguel à Gronelândia - Ano de 1952" é o título do livro que o pescador da pesca do bacalhau lançou com o apoio da Câmara Municipal de Lagoa e co-financiada pelo Programa Prorural - Eixo 3.
A obra relata a primeira viagem aos Bancos da Terra Nova e Gronelândia de João Carlos Caetano realizada no ano de 1952 a bordo do navio "Oliveirense". E todas as peripécias vividas durante os seis meses em que seguiam a bordo. "Éramos entre 50 a 60 pessoas a bordo, incluindo o capitão, o motorista, o imediato e os ajudantes. Vivíamos como uma família, não havia discussões, mas muitas das coisas que passamos e que hoje podia contar ficaram diluídas no tempo", diz-nos o autor da obra, que recorda ao Correio dos Açores os momentos mais marcantes da sua vida enquanto pescador do bacalhau.
Na altura João Carlos Caetano era moço de convés deste navio tendo anotado, por escrito, os principais acontecimentos que marcaram esta sua viagem na aventura da pesca do bacalhau, e como conta ao Correio dos Açores conseguiu reunir as principais vivências no mar em seis cadernos, que dizem respeito aos dezasseis anos que desempenhou esta actividade.
João Carlos Caetano iniciou a sua profissão enquanto pescador em 1952, quando tinha apenas 17 anos, acabando 1967, altura em que comprou um barco de boca aberta, com 11 metros, e dedicou-se afincadamente à pesca artesanal no Porto dos Carneiros, na freguesia do Rosário, na Lagoa, onde viveu toda a sua vida, tendo feito um interregno de 14 anos, por ter emigrado para a América, onde se fixou em Fall River. Como conta a ida para a América teve apenas como objectivo dar um futuro melhor aos seus filhos. Dos sete, seis casaram e estão a viver na terra da oportunidade, um está na lagoa, onde trabalha na Lota, lugar onde o pai trabalhou também durante 16 anos [antes chamava-se Casa dos Pescadores e depois Lotaçor], depois de ter vendido o barco, por ter adoecido.
Na América, trabalhou num estaleiro a fazer barcos, mas tanto ele como a mulher sempre sonharam foi regressar à sua terra de origem, o que fizeram 1996.
Mas importa voltar aos tempos em que começou a sua labuta no mar. Como se disse começou aos 17 anos, altura em que partiu para Lisboa, para a Escola de Pedrouços, no continente, para aprender a arte de marinharia e navegação, mas também aprender a remendar a rede, a fazer correias, a fazer roupa. Regressou à Lagoa passado este período para fazer a sua mala e partir uma semana depois para alto mar. A vida no mar naquela altura era dura, porque estávamos seis meses num navio de barco à vela. Na altura éramos 8 moços, que em vez de irmos à tropa fazíamos este tempo no mar. Houve um ano em que adoeci e tive de fazer tropa no continente, durante os seis meses em que o navio estava na pesca do bacalhau.
João Carlos viveu dias difíceis, mas diz que naquela altura era novo e não tinha medo de nada. Mas um dia, altura em que São Miguel que festejava o Senhor Santo Cristo dos Milagres o navio teve de aportar em St. John, no Canadá, para deixar um amigo doente em terra. Depois de o deixarem em terra enfrentarem uma adversidade: encontraram gelo e o navio ficou entalado. Foi um caso sério. Pensávamos que não íamos sair dali e que lá ficaríamos. De joelhos e mãos postas ao alto pedi ao Senhor Santo Cristo dos Milagres que abrisse um pouco o gelo para que conseguíssemos passar. Quando Deus quis isso aconteceu, tendo o navio passado por uma nesga aberta no gelo. Foi milagre.
Nos seis meses, quando estavam nos bancos da Terra Nova cerca de mês e meio andavam sempre à pesca sem ver terra.
Hoje a pesca à linha acabou mas na altura em que João Carlos estava na pesca do bacalhau era tudo manualmente que era feito, quando hoje a pesca é feita de arrasto e leva tudo à sua frente. Na minha altura, de manhã entregavam-nos 45 sardinhas para fazermos a isca e lá íamos em botes. Quando estava bom tempo os botes espalham-se e ia cada um para seu lado, mas um dia o tempo virou. Saímos com bom tempo mas pouco depois houve uma enorme tempestade. O navio içou a bandeira para que regressássemos. A sirene tocou. Mas um homem faltou à chamada. Era o José de Matos, da Calheta de Ponta Delgada, que desapareceu e nunca mais apareceu. Foi uma tragédia. Ficamos muito tristes. Dar a noticia à família foi terrível. As mulheres contavam os meses para que os maridos chegassem e aquela família teve foi uma triste notícia.
Fora esta tragédia não houve mais nenhuma perda humana, mas João Carlos também assistiu ao desaparecimento do navio, que se afundou, após ter pegado fogo. Diz que foi o primeiro a ver o fumo e deu o alerta. Salvamo-nos todos mas perdeu tudo, roupa e dinheiro e todo o bacalhau pescado, que havíamos escalado, salgado e colocado no porão, como sempre fazíamos. Saímos em botes, e felizmente fomos salvos pelo navio "São Jorge" que estava perto.
De tudo, a mágoa maior que João Carlos tem é que trabalhou tanto, de sol a sol, debaixo de tempestades, longe da família, e recebe uma reforma de miséria, porque o Estado português entendeu que devia juntar à fraca reforma que recebe da América. Descontou trinta e cinco anos, mas de pouco valeu. Hoje que está doente lembra com tristeza o sofrimento que teve, embora fizesse tudo com gosto, mas que hoje devia gozar de algum bem-estar monetário mas nem isso lhe dão.

Salão Nobre da Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Rosário foi pequeno demais para todos quantos quiseram assistir ao lançamento do livro Pesca do Bacalhau - Diário de Bordo de João Carlos Caetano - De S. Miguel à Gronelândia - Ano de 1952. Na presença de amigos, colegas e familiares, João Carlos Caetano apresentou o seu registo escrito dos tempos que era moço de convés, numa obra que contou com o apoio da autarquia lagoense.
Para João Ponte, Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, este livro é um relato escrito que permite um conhecimento mais profundo da árdua vida dos pescadores que se dedicavam à pesca de bacalhau, onde tomamos consciência deste mundo próprio que caracteriza de um modo simples, mas autêntico, a realidade do que é ser-se pescador.
O autarca lagoense destacou na ocasião a dedicação de João Carlos Caetano, um lagoense que exerceu a profissão e a arte da pesca durante muitos anos e que depois desta incursão na pesca do bacalhau, que desempenhou durante vários anos, dedicou-se à pesca artesanal no Porto dos Carneiros.
João Ponte disse ainda que com a publicação deste livro, a Câmara Municipal de Lagoa procura deixar um legado e um testemunho vivo de dedicação, coragem e trabalho no exercício de uma actividade que, outrora, era certamente mais difícil.
Segundo o edil lagoense, a narração destes episódios da pesca do bacalhau, agora publicada em livro, assume-se como um exemplo vivo para as gerações vindouras e uma homenagem a todos aqueles que se dedicaram à actividade piscatória, sacrificando, muitas vezes, as suas vidas, sendo, igualmente, um sinal, claro e inequívoco, do apreço e gratidão da autarquia para com quem desempenhou uma actividade difícil e arriscada ao longo da sua vida, com inegáveis contributos para o desenvolvimento económico e social da Lagoa.
A Lagoa foi, é, e sempre será terra de pescadores, terra de homens corajosos que buscam o seu sustento nas águas revoltas do mar, numa profissão perigosa mas igualmente desafiante, uma imagem de marca do concelho e uma das bases da nossa economia, concluiu.»

 

Autora: Nélia Câmara – 04-07-2010, Correio dos Açores.



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Segunda-feira, 2 de Outubro de 2023
Bacalhau, uma história épica.

 

«A história da pesca do bacalhau é quase a história da civilização ocidental. Para Portugal é uma história épica intimamente ligada aos descobrimentos e ao renascer da pesca no século XX.

Os antigos registos apontam como certo que os vikings aportaram à região da Bairrada durante o século IX, ainda antes da formação de Portugal. Misto de guerreiros e de comerciantes, traziam consigo bacalhau seco que trocavam por sal e vinho. Ou seja, os noruegueses antigos trouxeram para Portugal o gosto a bacalhau.

Depois da formação de Portugal, já no reinado de D. Pedro I, em 1303, há registo escrito de que um tal Afonso Martins, em representação dos pescadores bairradinos, estabeleceu acordo com o rei de Inglaterra para pescar bacalhau nas costas britânicas.

Os reis portugueses estavam preocupados com as descobertas das rotas das especiarias. Um mapa português datado de 1424 (guardado no museu Britânico) mostra que já se conheciam a Terra Nova e a Nova Escócia. Aliás os navegadores de Viana do Castelo, de que João Álvaro Fagundes é o mais conhecido, e os Corte-Real, povoadores dos Açores, baptizaram aquela «ilha» de Terra Nova dos Bacalhaus. Ou seja, a busca da Índia fê-los encontrar um outro tesouro.

O rei D. Afonso V fez um acordo com o rei Christian I da Noruega e Dinamarca para que navegadores dos dois países tentassem encontrar a falada passagem do noroeste, que daria acesso ao Oceano Pacífico, contornando a grande «ilha» da Terra Nova. Sabe-se que em 1446 essa viagem já tinha sido realizada.

A rota da Terra Nova passou a ser dominada pelos navios portugueses. A pesca era de tal modo florescente que em 1506 D. Manuel lançou um imposto sobre a pesca da Terra Nova.

Pelo meio de tudo isto há que salientar a criação de um novo método de curar peixe que passou a ser utilizado tanto pelos portugueses como pelos bascos. O peixe capturado nas costas inglesas vinha nas barcas e caravelas até às costas ibéricas. Para que não apodrecesse limpavam-no logo de vísceras e cabeças e salgavam-no no barco par o conservar, tal como se fazia com as carnes. Mas, depois de descarregado o peixe ainda escorria muito água. Daí se ter passado a secá-lo nas rochas costeiras. Assim era mais fácil de transportar, era mais durável e os comerciantes pagavam mais por este peixe bem curado.

Quando Portugal esteve sob domínio de Espanha toda a frota de pesca portuguesa foi arregimentada para fazer parte da chamada Invencível Armada, com a qual Filipe III queria vencer os ingleses. A derrota da frota ditou a queda das pescas portuguesas. Sem embarcações capazes, os portugueses só retornam aos bancos de bacalhau da Terra Nova quase dois séculos depois.

A pesca do bacalhau só ganha nova forma e força no Século XX com a aposta feita pelo Estado Novo em voltar à pesca longínqua.

Mas a pesca do fiel amigo era feita em exagero. As frotas americana, canadiana, espanhola pescavam bacalhau sem parar. Os portugueses mativeram durante muito tempo as artes de pesca tradicionais, usando a linha e os dóris para captura o fiel amigo.

Nos anos 90 acaba-se a pesca do bacalhau na Terra Nova. Os cardumes estavam á beira do esgotamento. A frota portuguesa, por utilizar métodos de pesca antiquados (pesca à linha) por comparação com a maior parte dos outros navios de pesca, acabou por ser a menos responsável no esgotamento dos stocks. Passados mais de 15 anos, a pesca de bacalhau naquela área, os cardumes de bacalhau ainda não voltaram a atingir um nível sustentável.

Agora, em Portugal, de novo, é dos mares frios do Norte da Europa, tal como nos primórdios da nossa nacionalidade que nos voltou a chegar o nosso fiel bacalhau.»

 

in Mar da Noruega

foto - lugre bacalhoeiro português "Gaspar", em 1947.



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Quinta-feira, 21 de Setembro de 2023
Barcos no areal.

 

«A praia da Nazaré conta, a partir de hoje, com o regresso de mais uma embarcação de pesca tradicional ao areal.

Uma réplica da barca “Mimosa”, construída à exacta semelhança da original, vem juntar-se aos barcos da pesca do candil, da arte xávega e da lancha “Ilda” já patentes na praia, junto ao Porto de Turismo.

A “Mimosa” era uma barca auxiliar da traineira, que fazia o transporte do peixe desde a zona das antigas bóias, ao largo, e a praia, para onde era puxada por tracção. Aqui, o peixe era descarregado e transportado para a lota.

A recuperação da “Mimosa” insere-se num programa de preservação das antigas embarcações de pesca desenvolvido pela Câmara Municipal da Nazaré, em parceria com o Museu Etnográfico e Arqueológico Dr. Joaquim Manso.

No caso da “Mimosa”, não foi possível salvar a embarcação original, devido ao seu avançado estado de degradação. A réplica foi construída no estaleiro de António Luís Júnior, um dos poucos mestres de construção naval tradicional ainda no activo na Nazaré. Recorrendo às antigas técnicas, foi usada madeira de pinho manso (na roda e contra-roda de proa, cavername e peças curvas) e pinho bravo (no costado, cintas, forros e bancadas), proveniente da zona de Cós/Juncal. A barca “Mimosa” tem um peso aproximado de quatro toneladas, com 10.20m de comprimento, 3.3m de boca (largura) e 1.10m de pontal (altura).

Além das embarcações referidas, foi também alvo de recuperação a barca salva-vidas “Nossa Senhora dos Aflitos”, lançada simbolicamente ao mar pelo anterior presidente da República, Jorge Sampaio.

Preservar as antigas embarcações de pesca tradicional da Nazaré, devolver ao areal a memória dos barcos que outrora o povoavam e contribuir para a preservação da vocação marítima da cultura local, são os principais objectivos deste investimento da Câmara Municipal da Nazaré.»

 

via Câmara Municipal da Nazaré online - 2007

imagem Cancela de Saas

 

Um exemplo que eu gostaria muito de ver seguido por outros municípios, especialmente o de Vila do Conde e o da Póvoa de Varzim. Na parte de Vila do Conde cidade, era no areal das Caxinas que se varavam os muitos barcos de diversos tamanhos. Quanto à Póvoa cidade... tal já é impossível, pois o que resta do areal é ínfimo e desapropriado a receber barcos. Era uma vez a praia dos pescadores.

 



publicado por cachinare às 18:34
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Sexta-feira, 21 de Julho de 2023
Arte marítima.

Capture.JPG

“Seascape with Icebergs” - William Bradford



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Quinta-feira, 18 de Maio de 2023
A preto e branco.

Arte xávega retratada por Artur Pastor no Portugal piscatório dos anos 50, na Nazaré. Para além do esforço do ala-arriba das suas embarcações, o mesmo era empregue no puxar da rede da xávega. Belíssima imagem das gentes do mar, cujos sorrisos demonstram as virtudes das dificuldades da vida.



publicado por cachinare às 17:40
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Quinta-feira, 9 de Março de 2023
Homenagem ao Arq. Octávio Lixa Filgueiras.

foz literaria.png"Claro que falaremos de barcos, mas haverá espaço para dizer que a Personalidade homenageada também foi Poeta e Contista – facto pouco conhecido, diga-se de passagem – além de ter sido Arquitecto, Arqueólogo, Etnólogo, Animador Cultural e Cuidador do nosso Património e da nossa Herança, como poucos o foram. Nascido em Nevogilde, aqui mesmo ao lado da Foz, estão a passar cem anos da data de nascimento, mas a verdade é que, para nós – QUANDO APRENDEMOS COM QUEM SABE – não há anos que passem. Quando passam, é como se não passassem…Como demonstrarão cabalmen- te, António Menéres, Francisco Mesquita Guimarães e Reinaldo Delgado nas laboriosas intervenções que aqui nos trazem, com a colaboração inestimável de Carlos Romão, Cuca Sarmento, Joaquim Pinto da Silva e José Monteiro, e do Centro Português de Fotografia, da Fundação Instituto Marques da Silva, do Gabinete de Arqueologia Naval do Noroeste (GANNO) e do Museu Marítimo de Ílhavo."

José Valle de Figueiredo



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Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2023
A Frota Branca e A Iconografia do Poder - 2.

 

«Como que a comprovar o papel do navio-hospital “Gil Eannes” como ícone do nacionalismo português e a tela de Domingos Rebelo como o ícone dos sistemas familiares e sociais, um outro ícone da ideologia do Estado Novo a bordo do “Gil Eannes” representava a presença de Deus (omnisciente, omnipotente, omnipresente) na forma de uma capela no convés. Com as portas da capela abertas, o presente vê que este pequeno local de adoração continha uma outra obra de Rebelo que efectivamente retratava o papel central da religião (Deus) na relação entre bacalhau, o pescador-de-dóri a trabalhar nos Bancos e a família em casa em Portugal – todos unidos através da mãe de Deus.
A Virgem, de braços abertos a receber todos os que lhe prestam homenagem, é o ponto focal do arranjo triangular do espaço. À esquerda, dois pescadores-de-dóri prestam respeitos a Deus através da Virgem. Um veste a típica camisa de flanela, calças grossas e botas de borracha, envergando as roupas de mau tempo enquanto se dirige em direcção à Virgem. O outro homem, vestido com camisola grossa e avental de trabalho, ajoelha-se enquanto reza com as mãos em gesto simbólico e olhos cerrados. Aos pés do pescador de pé está a representação de um enorme bacalhau – a razão pela qual está nos Bancos e longe de família e casa. À direita, mãe e criança (esposa e filho) em Portugal rezam à Virgem pelo bem e segurança no regresso do seu marido e pai. Uma saca no chão, talvez contendo os seus trabalhos ou algumas peças de roupa, complementa o bacalhau. As cores envergadas por mãe e filho são sombrias, sugerindo um estado de meditação, enquanto as vestes dos homens nos Bancos sugerem calor e protecção contra os elementos. As cores que rodeiam a Virgem – azuis e branco – separam-na das figuras terrenhas.
Nesta obra da era do Estado Novo, vemos que os mitos idealizados a rodear a indústria bacalhoeira do pós-guerra baseavam-se em três símbolos básicos. Primeiro, o “Gil Eannes” era representativo da Pátria no mundo moderno. Segundo, a tela de Rebelo simbolizava a inter-relação entre a indústria de pesca ao bacalhau portuguesa e a Família, fundação na qual assentava o sistema de benefícios. Finalmente, a capela com a sua outra obra de Rebelo simbolizava a presença de Deus – desde sempre o ícone unificador da expansão portuguesa além-mar.
Contudo, entre o mito no qual o Estado Novo idealizava o pescador-de-dóri e a realidade da vida nos bancos, existia um grande vazio. Dentro da memória colectiva do pescador-de-dóri português, existia ainda a memória de tempos antigos de virtual escravatura; tais como os descritos por Alan Villiers numa conversa que teve com o seu camarada Pierre Berthoud em 1929, quando o seu navio (o “Grace Harwar”) cruzou uma pequena frota de escunas portuguesas que rumavam aos Bancos: “Uma vida dura, diz você?” olhava furioso o francês para mim. “Uma vida de cão, isso é que é! Meu Deus, não há vida mais dura sobre o mar! Toda a pesca é dura, mas aquela é a pior, mais dura forma de ganhar a vida que conheço. Aqueles tipos terão sorte se regressarem a casa daqui a seis meses. Sim, e alguns deles não regressarão. Dou-vos um conselho, camaradas, a vida agora está difícil por toda a Europa, mas nunca vos ponhais a bordo de um daqueles. Aqueles portugueses usam dóris de um só homem. Afastem-se deles!” (Alan Villiers 1951, cap.17).»
 
 
Num breve comentário, gostaria de abordar dois pontos desta análise de Priscilla Doel:
 
1 – quando diz que “...um outro ícone da ideologia do Estado Novo a bordo do “Gil Eannes” representava a presença de Deus (omnisciente, omnipotente, omnipresente) na forma de uma capela no convés.” – Não me parece que a capela no convés de tão importante navio como o “Gil Eannes” fosse obra da “ideologia” do Estado Novo, pois desde sempre grandes navios tiveram uma capela a bordo, fossem navios de passageiros ou transporte. Hoje em dia, os mais modernos navios incluem uma capela ou até diferentes locais de culto a bordo para as diferentes religiões dos passageiros. Além disso, os pescadores por natureza sempre foram e ainda são pessoas muito crentes, independentemente das ideologias temporais.
 
2 – A descrição do marinheiro francês em 1929 sobre a pesca do bacalhau será na sua maioria verdadeira. No entanto, ainda por alturas de 1929, a frota bacalhoeira francesa na Terra Nova e Labrador tinha o hábito de deitar borda-fora pescadores que morriam a bordo, de exaustão, maus tratos e doença.
Nunca li ou soube de algo semelhante na frota portuguesa dessa ou de outra altura. Poderei vir a descobri-lo no muito que me falta ler... ou talvez não. 21 anos mais tarde, Alan Villiers experimentaria a vida daquela frota portuguesa e o resultado é bem conhecido.
 
Traduzido de: – Priscilla Doel “The Iconography of Power”, a chapter in The Portuguese in Canada (University of Toronto Press) - 2000.
 
Foto de Rui Agostinho - SérgioCruises.
 
Fundação “Gil Eannes” – Viana do Castelo.


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Sexta-feira, 13 de Janeiro de 2023
A Frota Branca e A Iconografia do Poder - 1.

«Devido a dificuldades de tempo e distância relacionadas com a gestão das pescas longínquas, era difícil ao Estado Novo manter total controlo sobre os homens da frota portuguesa. Os navios de pesca moviam-se de umas área de pesca para outras e tinham contactos frequentes com pessoas de outras nações nos portos canadianos, onde pescadores e oficiais experimentavam um estilo de vida menos rígido e mais democrático – um desafio aos sistemas de controlo do Estado Novo.

De modo a solidificar uma inabalável ligação a Deus, Pátria e Família, o novo (navio-hospital) “Gil Eannes” incorporava símbolos destes conceitos nos seus motivos decorativos. O estado comissionou o artista açoriano Domingos Rebelo para pintar duas obras no navio: uma para adornar uma grande parede nos aposentos do comandante e outra para avivar o altar da pequena capela no convés. Em concordância com o uso por parte do Estado Novo, de símbolos morais para justificar arranjos institucionais do seu sistema político “grupos criativos (como os artistas)... definem e promulgam imagens oficiais do mundo e do que nele se passa, definições oficiais da situação” (Gerth and Mills, 1953: 212-13)
Os aposentos do comandante exibiam a colorida tela de Rebelo. Com um enquadramento narrativo de uma obra patrocinada pelo estado, o artista reconstrói visualmente a história épica da vida do pescador-de-dóri de modo a suprimir outras versões dessa mesma vida, que era bem conhecida pela sua dureza, sacríficio, privação e abuso físico e psicológico. A maioria dos que olhavam para a obra, provavelmente não analizavam a sua estrutura, estilo, ou conteúdo, mas sim reagiam aos símbolos nela interiorizados. Domingos Rebelo, contudo, guia quem olha através das três cenas narrativas que rodeiam o pescador. Por exemplo, se olharmos para o pescador em grande plano, de imediato nos fixamos na sua face. Ficamos presos à tela com o remo que segura nas mãos. Depois, o movimento circular dos seus braços ergue-nos o olhar para o topo do remo e daí para a esquerda, permitindo-nos ver a sua vida famíliar em Portugal. O berço no fundo à esquerda, guia-nos depois para o rapaz e o seu mentor até ao icebergue por trás do pescador no horizonte. De novo direccionados pelo remo, da esquerda para a direita somos levados para a outra cena em Portugal, onde todos os pescadores, no activo ou reformados, recebem apoio. Através da integração na tela de diferentes espaços artísticos e lugares geográficos, o artista apresenta a vida, idealizada por imagens de memória, de um típico pescador-de-dóri dos Grandes Bancos.
Ao considerar as imagens, perguntamo-nos quem é este aprumado e sem emoção homem que enverga a típica camisa de flanela aos quadrados, e nos olha directo e fixamente? A mensagem é clara. Este é um pescador anónimo – o estereotipo do bom, humilde, obediente, estável pescador. Ele é pai e marido. Ele é todos os pescadores nos quais assenta a responsabilidade do bem da Pátria e Família. Ele é o fiável “Zé Pescador”, a figura central numa missão nacional.
O papel paternalista do Estado Novo na vida da família do pescador durante a sua ausência de seis a sete meses, pode ser notada à esquerda, onde vemos edifícios representativos da saúde, educação e programas sociais administrados pelo Estado Novo, através da Junta Central de Casas dos Pescadores. Proeminente em grande plano está o filho – o futuro pescador – recebendo instrução na escola de pesca e navegação. Com o seu tutor, estuda um modelo de veleiro. Além do rapaz encontra-se uma rapariga que aprende a coser de modo a preencher a sua posição no Estado Novo como mãe e dona-de-casa. Maternidade e famíia claramente dominam esta cena, com uma mãe expectante a segurar o seu bebé e outro infante no berço. O Estado Novo tinha grande orgulho nos seus programas que promoviam a nutrição, higiene e serviços de saúde, simbolizados pelo grande edíficio. Outros programas sociais incluiam centros de dia e a construção de novas casas para os pescadores e suas famílias, como se pode notar em fundo.
A cena à direita, de novo mostra o braço protector do Estado Novo que cuida do pescador activo quando se encontra em casa, ou do pescador reformado. O Estado Novo, pela mão de ferro do Comandante Henrique Tenreiro, representante do governo no Grémio, supervisionou muitos programas que providenciavam cuidados e serviços: transporte (a Volkswagen) equipamento (roupas de oleado) saúde (a mesa de operações) e casas para os reformados (à direita).
A cena no horizonte mostra três memórias evocativas da pesca do bacalhau nos Grandes Bancos: o enorme icebergue ao centro, o grande banco de nevoeiro que se aproxima pela esquerda e o famoso e adorado “Gazela” (agora em posse da cidade de Filadélfia, E.U.A.) à direita. Todos estes ícones são brancos. O artista não narra nada sobre este horizonte em detalhe. São precisamente as durezas por detrás destes ícones que estão ausentes desta obra – as realidades da vida nos Bancos.
Ao considerar esta obra e o seu grande simbolismo na posição do humilde pescador na Nação, falta colocar uma última questão. Quem via este quadro pendurado no salão dos aposentos do comandante? Os pescadores de certeza que não entravam neste espaço, mas sim oficiais de estado, dignatários em visita e capitães dos navios de pesca, que eram aqui recebidos e operavam reuniões. A visita de dignatários estrangeiros traria provavelmente com eles os seus próprios símbolos interiorizados, que seriam contrários ao regime autoritário. Também, e da maior importância, os capitães portugueses, a maioria dos quais era formada e falava inglês, estaria exposta nas suas andanças e contactos pessoais e profissionais nos portos canadianos aos contra-símbolos de um sistema político e social mais democrático. Assim, aqueles que tivessem a tentação de considerar outros sistemas de estado como mais viáveis, eram controlados pela apresentação visual nos aposentos do comandante do navio de estado. Os símbolos usados nesta obra serviam também para evocar o orgulho português no pescador-de-dóri e nas suas campanhas.»
 
Traduzido de: – Priscilla Doel  “The Iconography of Power”, a chapter in The Portuguese in Canada (University of Toronto Press)  - 2000.
 
Fundação “Gil Eannes” – Viana do Castelo.


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Quarta-feira, 23 de Novembro de 2022
Livro: Artur Pastor - Portugal país de contrastes

MockUp_ArturPastor.png

"Portugal não se visita apenas com o olhar porque se sente, também, com o coração”, foram as palavras de Artur Pastor que serviram de mote ao livro que assinala o centenário do seu nascimento, e que agora já se encontra à venda.

A publicação que assinala o centenário do nascimento de Artur Pastor visa dar a conhecer a obra deste fotógrafo ímpar e a sua visão de Portugal, um país desaparecido e alterado na memória dos mais novos, mas refletindo um passado presente para os que o viveram. A iniciativa resulta de uma co-edição da Câmara Municipal de Lisboa e da editora Majericon.

Este roteiro fotográfico agora disponível, resulta de um trabalho de parceria desenvolvido ao longo de dois anos entre entre o Arquivo Fotográfico e a editora Majericon, com o objetivo de selecionar e trazer a público um conjunto de imagens representativas do país visto por Artur Pastor - o qual ele próprio denominou como, “Portugal, um país de contrastes”.

A publicação é composta por uma seleção de cerca de 250 fotografias a preto e branco, através da qual é possível perceber a personalidade do fotógrafo e a sua sensibilidade para a fotografia.

Tomando como ponto de partida o texto 'Portugal um país de contrastes', escrito por Artur Pastor em abril de 1954 para a revista Portugal Ilustrado, e o seu testemunho “Portugal não se visita apenas com o olhar porque se sente, também, com o coração”, este livro constitui-se como um roteiro fotográfico sobre o legado deixado pelo fotógrafo Artur Pastor, evocando o seu desassossego ambivalente, em torno da escrita e da fotografia, do litoral e do interior ou da ruralidade e da modernidade.

A publicação encontra-se à venda nas instalações do Arquivo Municipal de Lisboa, livrarias e pode ser adquirida online através da página da editora em www.majericon.com. Estará também disponível na Loja BLX – Bibliotecas de Lisboa a partir do início de dezembro.
A apresentação pública do livro está prevista para o próximo mês de janeiro, nas instalações do Arquivo Fotográfico em horário e data a anunciar.

Tamanho 22.6 cm x 22.7 cm | 264 páginas | Capa dura | ISBN 978-98-93336-53-3 | PVP 35,00€
Textos em Português, Inglês e Francês

Artur Pastor | nota biográfica

Artur Pastor nasceu em Alter do Chão, a 1 de maio de 1922. Concluiu o curso de Regente Agrícola em Évora, na Herdade da Mitra, em 1942. Neste ano realizou o seu primeiro trabalho de fotografia que utilizou para ilustrar a sua tese final. Nessa altura descobriu o gosto pela fotografia que o fascinou até ao fim da sua vida.
Em Évora envolveu-se em projetos de natureza fotográfica apresentando os seus trabalhos em publicações ilustradas, postais, selos e cartazes. Colaborou em diversos jornais do Sul do País com artigos de opinião e de cariz literário. Com apenas 23 anos apresentou a sua primeira exposição “Motivos do Sul”.

No início dos anos cinquenta ingressou nos serviços do Ministério da Economia em Montalegre, sendo transferido em 1953 para Lisboa, para a Direção-Geral dos Serviços Agrícolas, fundando a fototeca deste serviço. Paralelamente, colaborou com outros organismos públicos, dos quais se destacam, a Junta Nacional do Azeite, do Vinho, das Frutas e a Federação Nacional dos Produtores de Trigo, entre outros. Em 1958 publicou uma edição de autor intitulada “Nazaré” e em 1965, “Algarve”, dois álbuns com textos e fotografias da sua autoria.

Participou frequentemente em exposições e Salões de Fotografia, tanto em Portugal como no estrangeiro, donde recebeu alguns primeiros prémios. O seu trabalho foi publicado por diversas revistas de fotografia nacionais e internacionais, tais como “The Times”, “National Geographic” entre outras.

Trabalhou por encomenda para diversos organismos oficiais e empresas, sobretudo no campo da agricultura e turismo. Integrou exposições oficiais e feiras, no país e no estrangeiro, tendo fotografado de forma regular até ao seu falecimento, em 1999. Em 2001 o espólio foi adquirido à família pela Câmara Municipal de Lisboa.



publicado por cachinare às 20:56
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Sexta-feira, 9 de Setembro de 2022
Arte marítima.

“Sunset, 1897” - Hendrik Willem Mesdag



publicado por cachinare às 09:41
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Quarta-feira, 24 de Agosto de 2022
A preto e branco.

A Ericeira dos anos 50, pelo olhar de Artur Pastor.



publicado por cachinare às 12:05
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Quarta-feira, 10 de Agosto de 2022
St. John´s, Terra Nova - 1967.

Ao que parece no convés do “Gazela Primeiro”, como era habitual secam-se as velas dos dóris numa variedade de cores que infelizmente a grande maioria das fotos existentes não nos podem mostrar pelo facto de serem a preto e branco. A amarela será pertença de um pescador nortenho, enquanto a vermelha será de um pescador do centro de Portugal, a chamada vela de carangueja. Existia ainda a armação de vela “à algarvia”, mais rara.

 
Foto, direitos reservados – second cello.


publicado por cachinare às 10:59
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Domingo, 24 de Julho de 2022
Aquele Portugal.

 

A descarga da sardinha na Figueira da Foz dos anos 60-70 do século XX, onde se podem ver inúmeros baús feitos em chapa, onde cada pescador guardava os seus pertences e comida. O meu pai teve alguns iguais, quando andava ao mar.



publicado por cachinare às 19:11
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Sexta-feira, 15 de Julho de 2022
Arte marítima.

“Seascape Cliffs at Sunset” - William Bradford



publicado por cachinare às 17:51
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