E o sonho (outro) cumpriu-se – O “Argus” É NOSSO.
Isto de se ter sonhos e de os ver realizar-se não acontece todos os dias, nem todos os anos e para a maioria de nós, acabam por nunca se realizar. Alguns desses meus (e doutros) sonhos têm a ver com navios, navios especiais, navios brancos em aço da mítica pesca ao bacalhau que impressionavam todos os que por eles passavam. Desses 3 navios únicos nesta classe, o “Creoula” há vários anos que encanta como navio da Marinha Portuguesa. O “Santa Maria Manuela” estará pronto no final deste ano de velas ao vento e faltava o 3º, o imponente e famoso “Argus”, (“Polynesia II”) encostado e apresado numa pequena ilha das Caraíbas com fim negro à vista e substancialmente alterado do aspecto que tinha como bacalhoeiro.
Desde Agosto de 2007 que sigo a sua situação através de fóruns e o que li há um mês atrás sobre uma “entidade portuguesa” ter adquirido o navio noutro leilão em Aruba, fez-me suspeitar de quem poderia ser tal “entidade”. Pois ontem e hoje confirma-se nos media que o “Argus” é de novo NOSSO! e essa entidade só podia ser a
Pascoal & Filhos, dos poucos que sabem o que estes navios significam para Portugal e para os humildes que neles pescavam durante 6 meses, aos milhares de todo o Portugal. A Pascoal e Ílhavo estão a trazer vida a essa memória melhor que ninguém.
Portugal era único país no mundo que possuía uma escuna de 4 mastros no activo, o “Creoula”. Agora possúi 3, gémeas e com um passado e beleza que lhes vai trazer de novo a fama mundial.
«Irmão do “Creoula” e do “Santa Maria Manuela”, este lugre ficou imortalizado no documentário “A Campanha do Argus”, realizado em 1950 por Allan Villiers.
Aquele que foi um dos mais emblemáticos navios bacalhoeiros portugueses, o “Argus”, deverá, em breve, regressar a Portugal, depois de ter estado cerca de 30 anos nas Caraíbas a cumprir cruzeiros turísticos. O veleiro que ficou imortalizado no documentário “A Campanha do Argus”, da autoria de Alan Villiers, acaba de ser comprado pela empresa Pascoal & Filhos, que já tem em mãos o projecto de recuperação de um outro veleiro histórico nacional, o “Santa Maria Manuela”.
Apesar da administração da empresa Pascoal & Filhos SA "não confirmar nem desmentir" a aquisição do “Argus”, o PÚBLICO sabe que o navio, que ultimamente recebia o nome de “Polynesia II”, foi adquirido pela firma de Ílhavo em Aruba, estimando-se que regresse a Portugal nos próximos meses. Resta, agora, saber que projectos terá o armador de Aveiro para aquele que foi um dos lugres mais imponentes da que ficou conhecida como The Portuguese White Fleet (Frota Branca) e que acabou por vir a ser projectado internacionalmente por força da reportagem realizada por Alan Villiers - que acompanhou, em 1950, uma viagem do “Argus” aos bancos da Terra Nova (e Gronelândia).
Este veleiro histórico é também reconhecido por ser "irmão" dos lugres “Creoula” e “Santa Maria Manuela”, tendo sido construído na Holanda, em 1939. Muito embora o seu desenho seja em tudo idêntico ao dos seus irmãos, o projecto do “Argus” já compreendeu algumas alterações e melhoramentos. Andou na pesca do bacalhau até 1970, acabando por ser vendido para o estrangeiro em 1974, tal como aconteceu, em 1971, com o “Gazela Primeiro”, outro dos veleiros emblemáticos da frota portuguesa - este último encontra-se em Filadélfia, nos Estados Unidos da América.
Com esta aquisição do “Argus” por uma firma nacional, a memória da epopeia dos portugueses na pesca do bacalhau - em especial, a da faina maior, feita nos pequenos dóris por um só homem - poderá, a médio prazo, ganhar um novo testemunho vivo. Além do “Creoula”, que está entregue à Marinha portuguesa, e do “Argus”, brevemente o país passará a contar com o “Santa Maria Manuela”, que está já a ser recuperado pela Pascoal e Filhos SA, depois de ter sido adquirido à fundação que detinha o casco do navio e que nunca chegou a conseguir arranjar verbas para a sua requalificação.
As últimas estimativas apontam para que o navio fique totalmente reconstruído em Outubro deste ano, sendo que a aposta passa por transformá-lo num navio de treino de mar, promotor da cultura científica, e promotor da história e vocação marítima dos portugueses. A esta altura, a recuperação do “Santa Maria Manuela” avança já a passos largos num estaleiro da Galiza, depois de ter sido alvo dos primeiros trabalhos em Aveiro, desconhecendo-se ainda os números que estão envolvidos nesta operação.»
in Público, 26.02.2009 – adaptado.
O "Argus" já tem um blogue, tal como o "Manuela", e o nome é perfeito:
The NEW Quest of the Schooner "Argus"
(A NOVA Campanha do "Argus")
Caro António,ainda bém que acabou tudo ém bém ,más cheguei quase a desanimar ,más no fundo algo me dizia que o nosso Argus ia resistir e não éra qualquer sucateiro que o abatia ,o Prinçepe ainda tém muito para dar ,por isso o Sre. Allan Villiers onde quer que se encontre de certesa que muito velou pelo seu Veleiro dos Mares dos gelos e dos bacalhaus .Não me canso de agradeçer aos Sres DE PASCOAIS e sabemos bém que o Princepe dos mares está bém entregue ,...saúdações maritimas um abraço .Jaime pião
De Anónimo a 27 de Fevereiro de 2009 às 20:47
CONGRATULEMO-NOS.
Já ontem, no Carioca da Vila citei o feliz regresso do Argus a Portugal, que soube através do Público.
Esta dádiva que a firma Pascoal & Filhos, SA, acaba de dar aos portugueses, fez-me recordar a Bíblia , na história do Filho Pródigo, que deposi de tanto vaguear por terras sem fim, sofrendo as agruras da vida, um dia regressou a casa de seus pais que o receberam de braços abertos.
Por tão nobre acto de amor à nossa Cultura, e prova de que afinal o dinheiro não é tudo na vida, parabéns à
firma Pascoal & Filhos, a quem devemos a nossa demonstração de reconhecimento, sobretudo de quantos conheceram o Argus nos mares da Terra Nova e Groenlândia.
E já lá vão so longínquos anos cinquenta...
Parabéns!
Albino Gomes
Vila do conde
De Anónimo a 28 de Fevereiro de 2009 às 10:24
caro conterrâneo, tenho lido atentamente alguns dos seus textos e, por vezes, revejo-me neles (devemos ter mais ou menos a mesma idade).
louvo o seu interesse por tudo o que se relaciona com as caxinas e os caxineiros, e concordo que nossa identidade muitas vezes é desvirtuada.
ter uma loja de esquina recheada de fotografias e outros artefactos, fechada, naquelas condições, merece o nosso reconhecimento a quem teve aquela iniciativa, mas, na verdade, julgo que não dignifica a grandeza e coragem dos antigos e novos pescadores das caxinas.
o Argus, ou outro qualquer navio do bacahau, devia era ser adquirido pela autarquia de vila do conde, nem que fosse para o ancorar junto da antiga seca do bacalhau para que se pusesse fazer a ponte com o passado e fazer-nos a todos reflectir acerca daquilo que queremos preservar como nosso.
não raras vezes, somos tratados como vilacondenses de segunda. os nossos interesses são postos de parte, para dar prioridade a outros. talvez sejamos também um pouco culpados, não temos mais vozes activas para promover uma reflexão daquilo que realmente seria importante para a nossa comunidade. infelizmente ainda somos muito egocêntricos e estamos mais preocupados com o arranjo do passeio da porta do que com questões mais gerais como a qualidade da água nas nossas praias, por exemplo.
concordo consigo quando se refere à questão da identidade, dos símbolos, da propriedade... há lugares que não têm "quase nada" de que se possam orgulhar, mas valorizam pequenas coisas, pessoas, acontecimentos...
perdoar-me-á estes desabafos... penso que faz falta uma oposição forte aos "donos" da autarquia, não no sentido de assumir o seu lugar, mas com o intuito de fazer as pessoas entender que não podemos ser subjugados a ideias de outros, que cada vez estamos mais informados e que, por isso, temos a obrigação de homenagear os nossos valorosos antigos e actuais pescadores, assim como as mulheres caxineiras.
grande abraço.
rui maciel
Sobre o ARGUS, também deixei um artigo no meu blog O ESCREVINHADOR.
http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2009/02/grande-jubilo.html
Saudações amigas.
Fernando Torres
Ora o Windjammer POLYNESIA ou seja o lugre "pródigo" ARGUS, já está entre nós no porto bacalhoeiro da Gafanha da Nazaré, onde scabou de aportar hoje pela primeora vez, que como lugre bacalhoeiro ou de cruzeiros, alguma vez julguei viesse a ocorrer. Como Portuense mutio gostava que o renovado ARGUS venha um dia a escalar o porto do Douro, mas mais desejava que a intrépida empresa Pascoal , o faça ancorar um dia diante das Caxinas, como motivo de homenagem aos Caxineiros das pescas, nomeadamente dos bacalhaus. A pascoal há-de certamente levar este desejo em conta!
Agora continuo na minha, do Governo "Nickles" nem uma palavra de incentivo à Pascoal pelo empreendimentp do SMM e do ARGUS. Devem estar ocupados a estudar a maneira de "sacar" mais uns milhares de Euros de Impostos ou coisa parecida à Pascoal. É uma falta Triste e Ridicula!
E a comunicção social anda arredada destes casos de sucesso, só sabem badalar coisas tristonhas como as Freeports & Cias.
Valha-nos a comunicação social local e sobretudo os bloguistas interessados nos assuntos ligados a navios e navegação e aos temas maritimos.
Saudações maritimo-entusiasticas
Rui Amaro - Blogue avios à Vista
Amigo Rui Amaro fiquei contente em saber através do seu comentario da chegada do Argus ! Sabia que vinha a reboque ,ainda a pouco vim da praia e comentei com amigos sobre o Argus e afinal ao chegar a pouco a casa liguei a net e que surpresa o Argus chegou e eu que tanto queria ir a sua chegada e apanhou-me de surpresa más que boa surpresa foi melhor assim porque já chega de imoções e fortes ,e ao meu amigo RUI muito obrigado pela sua consideração para com Caxinas e os pescadores, da minha parte obrigado ,sem mais um abraço ...Jaime Pontes ...
De Silva Damas a 29 de Março de 2010 às 15:32
Uma palavra de grande apreço, primeiro que tudo, para a empresa Pascoal & Filhos, SA, que não só conseguiu adquirir o "Santa Maria Manuela" como, também, o mítico "Argus". É preciso ter um grande amor à nossa história recente do Mar, a dita Faina Maior, para investir na recuperação de duas célebres embarcações bacalhoeiras que, em termos de rendimentos imediatos, poucos dividendos materiais lhes trarão. Investiram, sobretudo, na cultura marítima, na preservação da nossa história marítima. E isso é de louvar, e muito mais nos tempos que correm. Nenhum gesto (pelo menos visível) de nenhum governante em os recuperar (valha-nos a afectação do "Creoula" à Marinha Portuguesa!); nada nos telejornais, tão ávidos de notícias espampanantes e parcos nas verdadeiramente importantes.
A Pacoal & Filhos, SA, ganhou o meu apreço, a minha admiração. São um exemplo extraordinário de apego à Alma da Pátria e à nossa essência marítima. Que outros lhe sigam o magnífico exemplo. Como consumidor, saberei responder ao acto; como português, ficarei a aguardar pelo dia em que puder ver a trilogia da epopeia do bacalhau à linha, navegando, lado a lado, o Stª Maria Manuela, o Argus e o Crioula.
Bem haja.
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