Quarta-feira, 15 de Julho de 2009
Celebração do Dia do Pescador em Olhão.

Um texto do passado dia 30 de Maio que vale sempre a pena trazer à superfície. É da autoria do usuário floripes, no Fórum Olhão:

 
«Celebra-se amanhã o dia do pescador.
Daqui a minha simples homenagem aos homens que vivem do mar.
Li um dia há muito tempo, uma frase que me marcou para a vida: "no mundo existem 3 tipos de homens: os vivos, os mortos ,e os que andam no mar", nunca li frase tão verdadeira e que em tão poucas palavras, homenageasse tão bem,  quem anda no mar.
Os pescadores são na realidade o tipo de homens, que sempre que partem para o mar, para aí ganhar a vida, não sabem se regressam.
A CMO e o seu presidente fazem amanhã a "homenagem" aos pescadores, medalhando mais uma vez esses homens que andam no mar.
Acho bem que se homenageie, quem continue em teimar, fazer do mar o seu ganha pão.
Acho mal que só se lembrem do pescador nesse dia, para pôr mais umas medalhas no peito daqueles que mereciam uma medalha diária, mais que não seja pela teimosia de não abandonarem o mar, única herança dos seus descendentes de há centenas de anos.
E afirmo isso pela razão de os pescadores de Olhão (e do país em geral), serem tão maltratados pelos nossos governantes, tanto os do poder central como os do poder local.
Os governantes do poder central por se terem vendido aos interresses económicos da C.E.E., e depois U.E., no que toca à politica das pescas, onde se destruiu mais de metade da frota pesqueira, e onde se pactuou com todas as exigências dos poderosos da Europa. Destruição de mais de metade da frota pesqueira portuguesa.
Milhares de toneladas de peixe capturado e devolvido ao mar, por o preço em lota ir abaixo do estipulado pela comunidade europeia. Pois o estado português nunca criou condições de armazenamento e de congelamento, caso houvesse excesso de pesca, sendo que os comerciantes de peixe por vezes não tinham condições para absorver todo o peixe que chegava às lotas.
Falta do estado português estudar em conjunto com os pescadores e armadores, a maneira de se fazer um leilão justo, fixando um valor mínimo para cada espécie e o leilão começar a partir desse para cima e nunca para baixo como acontece, chegando por vezes a Zero.
Falta de estudos (pelo menos não estão divulgados), e medidas de protecção de espécies, fazendo com que o defeso da sardinha se faça à 2º feira, para diminuir o nº de dias de pesca aquela espécie, quando o que se devia fazer, era o que já se fazia no tempo da outra senhora (antes do 25 de Abril), que era o defeso na altura que essa espécie se reproduz; ainda ninguém explicou o porquê dessa mudança.
Talvez se compreenda pois se houver uma paragem obrigatória de mais de 30 dias consecutivos seja por motivos de toxinas, ou de preservação de espécies o estado português é obrigado pela lei da união europeia a compensar monetariamente tanto armadores como pescadores, e ao que parece, todos os governos que conheci são esquivos a essas compensações.
Na actualidade o peixe na lota cada vez tem menos valor, mas a medida importante que o "nosso" ministro das pescas tomou é a de fazer leilões online. Toda a gente sabe o que são serviços públicos, e quem não ouviu ainda a célebre frase do funcionário público"não há sistema, venha noutro dia". Será bonito um comprador estar num leilão online a querer comprar uma caixa de xaputas, (que não sabe se estão frescas), e no ecrã do computador lhe aparecer a célebre frase "não há sistema, logo compra as xaputas amanhã". É essa a inovação do ministro Jaime Silva que vai salvar as pescas portuguesas.
Olhão é dos poucos portos de pesca onde os pescadores da pesca artesanal não têm direito a terem acomodações para guardarem os apetrechos de pescas sem pagarem qualquer renda, como acontece em quase todos os  portos de pesca do Algarve.
Pensem na pesca, a sério, pois se Olhão é conhecido no mundo, é graças à ousadia e desempenho dos seus pescadores, mas cada vez há menos pescadores.
Os pescadores não são produto de laboratório, os pescadores já nasceram pescadores, não se fabricam, e quando estes e os seus descendentes acabarem não há mais. Basta que se perca o conhecimento de 2 ou 3 gerações para esse conhecimento desaparecer.»
 
A imagem acima mostra um postal de Olhão de cerca dos anos 60. Tirando por exemplo o porto de Setúbal, onde ainda se pode presenciar inúmeros barcos de traça antiga, a maior parte da costa portuguesa é hoje uma miséria em termos de frota pesqueira. Até aos anos 80 (pré-CEE), por todo o lado era como na imagem acima, uma vida piscatória frenética, abundante e viva. Era belíssimo todo aquele frenesim à volta dos barcos e do peixe desde o raiar do Sol até este se pôr e muitosartistas o quiseram preservar em tela, fotografia ou filme.
Hoje... os barcos são mais evoluidos mecânicamente, mais rentáveis para o grupo restrito a quem pertencem e pouco dignos de uma foto ou olhar mais atento. Os portos de pesca já pouco de belo têem e a organização das pescas é em muito uma anedota. Quando hoje em dia se deita peixe fora ao mar por não valer nada na lota... está tudo dito quanto ao futuro e ao constante "emburrecimento" de quem ordena.
Parabéns ao autor do texto acima, por tão bem retratar a pesca como ela é e não devia ser.


publicado por cachinare às 08:43
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De JAIME PIÃO a 18 de Julho de 2009 às 02:03
BOA NOITE MEUS AMIGOS .ANTÓNIO SILVA POR ACASO O AMIGO NÃO CONHECE AÍ POR OLHÃO O SENHOR QUE ERA OU AINDA É O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DA OLHA MAR ?
O NOME É ANTÓNIO DA BRANCA SE NÃO ME ENGANO BOM AMIGO DOUTROS TEMPOS ! UM ABRAÇO DO JAIME PIÃO


De Floripes a 4 de Fevereiro de 2010 às 16:13
Caro Jaime Pião o seu amigo António da Branca eetá em Olhão e é presidente da Olhão Mar
Um abraço Floripes.


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