Quarta-feira, 18 de Novembro de 2009
“Elena”.

 

 

 

A primeira menção a ele vi-a num artigo recente do blog “Santa Maria Manuela”, e pouco depois era-me indicado por um “amigo”, a quem agradeço, pois foi o que bastou para escrever umas linhas sobre esta fantástica escuna. Trata-se da escuna “Elena” (site oficial), cujo texto abaixo descreve mais em pormenor e saliento a 3ª foto, onde é possível ver o ex-bacalhoeiro português “Santa Maria Manuela” (pela popa do “Elena”), ainda em trabalhos de completo restauro, nos mesmos estaleiros da Galiza onde este novo Elena” nasceu (foto 1).

Dificilmente se poderá afirmar que este foi “dinheiro mal gasto”, pois recriar fielmente a memória do mar também desta forma, merece o maior louvor. É sem dúvida uma embarcação de luxo, e quando vejo gente estrangeira a transformar parte das suas fortunas nisto, penso nas fortunas de muitos portugueses... . É que Portugal é(ra) um país de marinheiros, mas a última referência que tenho e conheço de um caso semelhante, é a da família d´Orey (também ligada à pesca do bacalhau) com o seu iate “Irma” (foto 4) no longínquo ano de 1919. E assim, seja rico seja pobre, nos afastamos do Mar clássico que nos engrandeceu.
A firma Pascoal & Filhos com os dois ex-bacalhoeiros de 1937 e 1939 que tem hoje em mãos, “Santa Maria Manuela” e “Argus”, julgo que percebe e bem este moderno mal português, procurando contrariá-lo. Quem lhes seguirá os passos?
 
«Há algo de indelével e evocativo nas grandes escunas de competição dos inícios do séc. XX. Construídos à mão pelos mais hábeis artesãos navais, numa era em que um yacht veloz era também um belíssimo yacht, o “Elena” era um dos mais rápidos quando foi lançado à água em 1911. Foi uma gloriosa prova para Morton Plant que, em 1910, comissionou o “Elena” com uma simples frase: “Construa-me uma escuna que ganhe!”. Nathanael Herreshoff fez-se ao desafio, melhorando o seu desenho do “Westward”, construído apenas um ano antes. O “Westward” era já um vencedor, mas Herreshoff estava convencido que poderia melhorar ainda mais o desenho.
Acima da linha-de-água, o “Westward” e o “Elena” eram idênticos. Abaixo, contudo, ao “Elena” foi dada uma quilha ligeiramente mais cheia, baixando o seu centro do lastro e melhorando a manobra a sotavento. Esta escuna foi lançada no ano seguinte e logo venceu as várias regatas contra a nata das escunas americanas de então, como o “Westward”. Dezassete anos mais tarde, surgiria a maior vitória de todas: a travessia do Atlântico.
Sendo uma história de ambição e sucesso desde as primeiras décadas do séc. XX, a narrativa encontra eco nos primeiros anos do séc. XXI. Foi no ano de 2002 que o “Eleonora” foi construído, numa fiel reprodução do “Westward”. O Eleonora já impressionou a fraternidade das regatas e é esperado que o “Elena” traga a rivalidade mas também a camaradagem que cruzou os oceanos nos anos 1920s e 30s.
Sob uma nuvem de 1.000 metros quadrados de vela branca e sobre um amplo convés em madeira de teca, está uma experiência de navegação à vela como poucas antes dele. Meticulosamente construído conforme o desenho original de 1910, o novo “Elena” corta através das ondas com a graça de tempos já idos. Contudo, este é um navio da idade moderna, com o mais recente equipamento de navegação e comunicação, sistemas de lazer e ar condicionado, que tornam a sua manobra serena, sem diluir a emoção da vela tradicional.
Este “Elena” moderno foi construído e lançado à água na Galiza em 2009, para um comprador inglês,  com o casco em aço, segundo 320 planos desenhados à mão e fornecidos pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston, E.U.A., bem como informações dos escritórios de design da família Herreshoff em Bristol, estado de Rhode Island.»
 
Algumas especificações do "Elena":

Tipo: A Class Racing Schooner
Designer: Nathaniel G. Herreshoff, 1911/2009
Arquitecto Naval: ACUBENS Naval Architects Madrid
Construtor: FACTORIA NAVAL DE MARIN Galicia, Spain
Comprimento total: 55.00 m, convés: 41.60 m, linha-de-água: 29.60 m
Boca: 8.14 m
Pontal: 5.20 m
Mastro Principal: Total acima de linha-de-água: 42 m
Área total de velame: 1.180 m2
Total Downwind: 1.800 m2
Tripulação: 8 em 5 cabines, passageiros: 10 em 5 cabines
Propulsão: motor MAN V12 D2482LE 600 cv @ 1.800 rpm
 
texto – adaptado / traduzido do site oficial do “Elena”.
fotos 1+2 - site oficial do “Elena” - ConceptWorks
foto 3 – Francisco Paião, blog Santa Maria Manuela

 


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publicado por cachinare às 08:10
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