Terça-feira, 22 de Dezembro de 2009
Larus Cachinnans.
Andava eu a investigar sobre o pombalete, ave que vive e nidifica nas regiões frias do Atlântico Norte, e que os pescadores do bacalhau costumavam usar como isco quando este escasseava a bordo, e descobri uma curiosidade sobre a tão comum gaivota que povoa as costas de Portugal e não só. O seu nome oficial em latim é Larus Cachinnans e é muito comunm vê-las principalmente durante o Inverno a correr a praia deserta das Caxinas em altos pios que ecoam pela beira mar. Não fazia eu ideia que as origens da terra e da ave têm em comum o “cachinare”, significando “rir às gargalhadas”.
As gaivotas adultas têm a cabeça, peito e parte inferior do corpo de cor branca, enquanto que o dorso é cinzento. O bico é forte, de côr amarelo intenso, com uma mancha vermelha na parte inferior. Nas extremidades das asas a côr é preta com rasgos de branco. Quanto às gaivotas mais jovens, demoram 3 anos a tornar-se adultas e durante este periodo vão mudando de tom gradualmente a partir do pardo pintalgado.
Alimentam-se de tudo o que seja pequeno o suficiente e comestível, desde animais marinhos a vegetais, insectos, pequenos pássaros (que atacam em pleno voo) e ovos (de outras espécies e por vezes os seus). O seu voo, parecendo por vezes atabalhoado, permite-lhe realizar espectaculares picados e subidas o que lhes permite a caça de outros pássaros. Andam e nadam com facilidade e têm por costume seguir os barcos de pesca para capturar os restos e peixes que escapam das redes.
Sendo habitualmente uma ave pacífica que permite a proximidade do homem, em altura de nidificação podem tornar-se bastante agressivas chegando mesmo a atacar em voos picados e em grupo. Os seus ovos, perfeitamente camuflados e a tez parda da plumagem dos jovens são perfeitos nas zonas onde nidifica, entre rochedos ou dunas nas praias.
Está provado que as gaivotas são monógamas e fazem par para toda a vida, embora não permaneçam juntas durante todo o ano. Nidificam sempre no mesmo local, reunindo-se através de chamamentos para reproduzir. A postura é normalmente entre 2 e 4 ovos e a incubação entre 26 e 28 dias. As gaivotas adultas de ambos os sexos encarregam-se da alimentação dos mais novos. É nesta altura que se pode notar melhor a mancha vermelha debaixo do bico. Os filhotes bicam esta mancha de forma insistente até o adulto regurgitar comida. Durante o crescimento, há sempre um progenitor no ninho de guarda, pois outras gaivotas costumam atacar ou roubar ovos da mesma espécie.
A gaivota alcança uma grande longevidade, chegando a passar os 20 anos, sendo a média 13. Embora as gaivotas da costa de Portugal não sejam migratórias, podem chegar a afastar-se dos seus locais habituais algumas centenas de kilómetros, dependendo do alimento e território. Também se descobriu que as maiores distâncias são percorridas pelas aves mais jovens.
A adaptação desta ave à civilização é enorme. Da alimentação baseada no mar, passou também a explorar os restos da sociedade, o que fez elevar bastante o seu número e levou certos pontos da Europa a tomar medidas de controlo.
Fica este resumo sobre esta ave que é tão comum para nós que passa quase despercebida no dia-a-dia da beira-mar. A partir de agora passarei a olhar para elas sabendo um pouco mais sobre quem realmente são... e que “cachinnans” são parte do nome.


publicado por cachinare às 08:15
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2 comentários:
De Anónimo a 22 de Dezembro de 2009 às 10:15
caro António, bom dia.
foi com imenso prazer que li o teu texto e, mais uma vez, me surpreendi. excelente partilha!
só a título de curiosidade: durante o primeiro período lectivo, andei a explorar o livro de Luis Sepulveda intitulado "História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar", com os meus alunos, e tenho pena de não ter recolhido esta informação um pouco mais cedo (agora estamos no período de férias, e alguns deles passam férias nas Caxinas), contudo, é algo que não vou deixar de partilhar quando regressarem.
lamento não poder colaborar mais com o teu blog, escrevendo com mais regularidade. de qualquer modo quero enviar votos de boas festas para todos os visitantes que, tal como eu, se deixam emocionar em cada visita.
um abraço,
Rui Maciel


De jaime pião a 22 de Dezembro de 2009 às 12:11
Bom dia meus amigos ,é com prazer que faço leitura de tudo que o amigo António manda cá para fora ,tem sempre coisas interessantes que se pode tirar proveito e me da ensinamentos !
Gaivota essa ave muito comum aqui nas Caxinas e não só diria mesmo que em todo País ,e que o pescador conhece bem como as palmas das mãos .
Uma pequena história sobre gaivotas que se passou comigo ,.
Aí pelos anos 50 andava-mos na pesca da sardinha com as chamadas redes de emalhar «peças» eu com a zabacha que era uma corticinha em forma de peixinho redondo com três anzóis na ponta ,essa mesma armadilha era metida uma sardinha ,ficava a armadilha bem camuflada ,e pode-se dizer que era uma boa armadilha para caçar gaivotas !
Nesse dia enquanto alava-mos as peças e como tinha muita sardinha malhada é natural que alguma caía e que dava para vir atrás do barco muitas gaivotas que faziam o seu comum pio ,eu com a zabacha nome dado a armadilha ,la apanhei três gaivotas e quando chegamos a terra entreguei-as a minha mãe mortas claro ,no dia seguinte depois de preparadas com vendinha de alho como se diz cá na terra foi a noite para o jantar « ceia » como era habitual se dizer aqui nas Caxinas , eu todo vaidoso porque apanhei as gaivotas queria o meu prato mais avantajado era com arroz claro ,mas o resultado foi que a minha mãe e bem na altura deu os pratos servidos por igual ,só que eu fiz uma tremenda birra e disse eu não como quero mais ,então minha mãe pega na vassoura e ia me dando pela cabeça se eu não fujo pelo quintal fora ,o que me valeu um tremendo banho de porcaria ,porque ao fugir caí dentro da fossa do quintal que nesse tempo era habitual e o resultado foi que apanhei porrada na mesma e não comi a gaivota que por apanhar as mesmas julgava ter mais direitos que os meus irmãos !!!
Resumindo ,uma das muitas histórias que me fás lembrar as ditas gaivotas e que não fui bem sucedido ,pudera !
cumprimentos a todos com o desejo de boas festas de natal entre as familias e amigos jaime pião


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