Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008
Gente de Bronze a Andar.

Hoje escrevo mais um pedaço sobre a terra, as Caxinas que estão lá longe.
Descobri esta foto há uns tempos, a qual é da autoria de Carlos Adriano, fotógrafo a quem se devem várias das fotos antigas das Caxinas. Segundo dizia José Régio, afamado poeta-escritor, os habitantes das Caxinas são como “gente de bronze a andar”. É uma definição bastante interessante, pois sendo eu um deles, durante 27 anos gravei na memória caras, gestos, rudezas e humildades, sotaques na fala e formas de ser específicas das gentes da beira-mar. Embora não tenha seguido a vida do mar, pai, mãe e avós são e eram gente da faina e foi esta forma de vida que muito me moldou o carácter. Na verdade é muito difícil viver longe dela.
Não raras vezes, as Caxinas estão na televisão, na maioria por casos por razões de tragédia marítima mas nem sempre, pois também o futebol e jogadores da terra de sucesso trouxeram a comunidade à “ribalta” ou mesmo as festividades de Verão que nos últimos anos trazem mais e mais turistas. O que é mais curioso é que quando Caxineiros (ou Poveiros) estão a ser entrevistados na tv, nem que não esteja a olhar, de imediato soa a familiar e penso para mim “olha, Caxineiros na televisão”. A forma de falar e o sotaque é bem distinto do resto do litoral. Provavelmente outras comunidades dirão o mesmo, mas forma de falar como a das Caxinas não conheço nenhuma. Quando a comparo com outras acho sempre que nós falamos noutra estrutura de língua Portuguesa. Se para Régio, os Caxineiros são gente de bronze viva, toda a gente associa o bronze a estátuas e monumentos, símbolos únicos normalmente apreciados por imortalizarem seja o que for. Então para Régio, os Caxineiros eram ou são representativos de algo único que ele não via noutro sítio e associou-os à unicidade do bronze, mas sem ser estático.
Como disse, cresci entre esta gente e concordo plenamente que muitos entram nesta definição do bronze. Normalmente gente mais velha, era quase assustadora para um miúdo que olhava para eles com espanto, pois falavam, andavam e vestiam de uma forma que me fazia ficar fixado a contemplar aquelas figuras. Esta foto é perfeito exemplo disso. Lembra-me muito o meu avô que morreu tinha eu 4 anos, mas nunca esqueci aquela figura massiva. A senhora na foto... quantas e quantas passaram por mim.
A expressão e detalhes nestas duas figuras representam perfeitamente o seu modo de vida, não há que enganar e mesmo que se “disfarçassem” noutro aspecto, jamais apagariam a sua unicidade de figuras monumentais da minha terra e do mar. Foi por causa de gente como esta - que merece ser de bronze – que as Caxinas nasceram e são o que são hoje. Não foram os políticos que nos fizeram, foram Estes, avós, bisavós, tios, primos, pais e mães de todos nós.
Hoje vive-se e traja-se de maneira diferente... mas muitos continuam a ser de bronze.
António amigo um abraço ,eis aqui os meus avós em foto ! Gente de bronze , bonito titulo ,os nossos avós mereçiam esse titulo ! Os meus avós éram pais de -11- filhos .Ao ver a foto vém logo a memória as vivençias passadas com ele ,o trabalhar com meu avô na altura foi uma benção de Deus ,homem rude más de grande coração ,quando da pesca do bacalhau levou muitos homéns ao bacalhau ,todo aquele que lhe batia a porta ele nunca dizia não,disse-me uma tia agora a dias que ele na pesca do bacalhau éra estimado pelos patrões tanto que, éra encarregado de arranjar pescadores cá nas caxinas . Já com muitas viagéns dadas levou o filho mais velho ao bacalhau , éra primeiraq linha do navio o meu avô sempre, más o filho logo na primeira viagém de verde pescou mais que o pai , más o capitão tiroul-lhe a primeira linha pela consideração que tinha com o meu avô ! Bém ficou ém familia ,más o meu avô já não foi ao bacalhau nas viagéns seguintes ,ficando o meu tio quim fangueiro sempre primeira linha ,émbora ele também não desse mais que meia duzia de viagéns segundo sei . O meu avô tinha tres barcos ,sendo uma catraia do pilado não me lembro o nome ,e o sardinheiro e fanéqueiro e um caico ,no caico aprendi com ele a ir ao mar , pescar paxões ,e fanecas, no verão quando ele ia ao mar no caico levava-me sempre eu com -10 anos -éra pra mim uma alegria . Mais tarde com treze e catorze anos ,já ia a pesca da sardinha no Sre dos benguiados éra assim que se chamava o barco sardinheiro ,.Um certo dia de invérno más com tempo bóm ,fomos dar o acejo ,«lanço ao pôr do sol »más logo que o sol se pôs começou o mar a vir de vinda ,logo o meu avô disse vamos alar as péças a força venha sarrado « as peças com peixe »para dentro que não me agrada nada o mar ,assim foi passados pouco mais de meia hora estáva as cinco pessas dentro com pouca sardinha ,éramos quatro com o meu avô ,estáva aranjem de sul ,e o meu avô disse vamos içar véla e virou-se para mim disse anda cá para o leme e tás a ver os farois da barra ? sim tou respondi anda lá direito ,sempre os farois enfiados ,éram verdes os farois da barra,o avô foi armar o remo juntamente com os meus primos mais velhos que eu ,e o barco lá chegou a barra depreça ,o avô perguntáva sempre ,vais com os farois enfiados ?eu respondia sim avô ,ele de vês em quando olhava ,e vamos com Deus prá barra ,o mar éra realmente muito ,quando vinha serrava tudo ,então ele olhou parou um bocado e mandou pôr de capa ,dois ou tres minutos ,quando viu que tál ,dis força nos remos dalhe leme neto farois enfiados sim avô,eu tremia como um marmeleiro ,más foi uma ótima entrada ,entre tanto logo de seguida o mar serrou tudo disse ele lá vai a barra ,chegamos ao dito ancoradouro e ancoramos ,aí não chegava mar embora se tinha que estar atento ,vamos desmalhar disse o meu avô? e passados uma hora já tinhamos tudo safo ,umas quinze gigas de sardinha mais ó menos , esperamos até a meia noite que a maré baixa-se para virmos para praia ,entre tanto já estáva-mos ancorados uns vinte barcos ,e as mulheres aos gritos em térra e a perguntar se este ou aquele barco já tinha entrado ,sim nós estava-mos ancorados pérto da praia que éra fundão como se dizia em giria ,então os arrais começaram a combinar ir para praia porque a maré já basava ,e tinha-mos que passar mais um obstaculo que se chamava legido ,! entretanto lá começamos a ir aos dois de cada vês ,e correu bém ,quando chegamos a térra com o cabo pronto para atirar para as mulhers que já estavam prontas a se atirar a agua e apanhar o cavo ,e assim foi o primeiro correu tudo bém o barco com a força das mulheres ficou logo barado ! e assim vieram uns a seguir aos outros e todos ajudavam todos e éra assim o pescador caxineiro na hora da verdade todos se ajudavam ,as muilheres éram autenticas nadadoras ,mulheres dos cergaços das percebas e dos mexilões ou seja dos penedos .Um abraço e Saúdações Maritimas ...Jaime Pontes ...
De Joaquim da Rosa a 9 de Dezembro de 2012 às 17:14
Amigo Jaime está tudo muinto bem mas esqueceste de escreveres os nomes desses teus
Avós, é que fiz o download da foto e queria escrever o nome por Baixo,se poderes Fazer Fico agradecido.
Boa tarde amigo Joaquim da Rosa ,embora não esteja certo de quem se trate ,um abraço a mesma .
Meu avô aqui na foto é Manuel Fangueiro ,e minha avó se chamava Bartelina Clara ,eram esses os nomes destes meus Avós !
De Joaquim da Rosa a 10 de Dezembro de 2012 às 18:58
Olá Jaime, Recebi o teu simpático E-mail pelo qual fiquei muito agradecido, desta forma já posso por a legenda por baixo da foto. estou a tentar fazer recolha de fotos antigas das Caxinas e da Póvoa e esta foto que esta em muito boas condições é muito bonita.
Desse-te que não me conheces, mas conheces-me muito bem e vou já dizer-te quem eu sou.
Sou o Quim que entrava no S.Roque e que às vezes jogávamos ao dominó com o tio António Zorro, e tenho um filho que aqui à uns anos sofreu um acidente de viação.
Já me estás a conhecer? não, Sou genro do Zé Cunha e da Morena, penso que agora já pescaste alguma coisa, de qualquer forma daqui a uma semana Já vou para casa, visto eu me encontrar neste momento na Inglaterra e quando chegar aí vou ter contigo ao lado do mar até lá fica bem e obrigado por disponibilizares os nomes
BOAS FESTASSSSSSSSSSS E UM ABRAÇO
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