«Esta lembrança do passado, este pertencer ao mar: “Fui para a “Fé em Deus” em homenagem ao meu pai, que foi pescador na lancha “Ala Arriba”, pertença de um tio meu”, revelou o poveiro Augusto Neto, nascido em 1935.
Viveu junto à Igreja da Lapa, frente ao mar, até aos 21 anos, antes de rumar para Moçambique, onde foi pescador no barco “Senhor dos Milagres”, durante três anos. Depois trabalhou cinco anos na Câmara Municipal de Lourenço Marques, e foi bancário até se aposentar.
O tripulante da lancha poveira recorda o tempo em que o mar da Póvoa se enchia de velas: “Na minha juventude, conhecia pelo pano as lanchas “Fé em Deus”, “S. José”, “Ala Arriba” e a “S.ª Nagonia”. Com as nortadas pareciam voar a navegar. A lancha ”S. José” era do filho de uma irmã do meu pai.
Como só havia o cais norte, o abrigo mais seguro dos barcos era na areia. No defeso, as lanchas eram postas pelo braço humano no areal frente ao casino. As quatro lanchas pescaram até morrer na praia. A “Fé em Deus” foi oferecida ao museu mas acabou por apodrecer junto ao castelo. Como o meu pai era tripulante da “Ala Arriba”, cheguei a ver de perto a antiga “Fé em Deus”. Eu tinha 14 anos quando vi na Póvoa o primeiro barco a motor”.
Augusto Neto recorda a primeira vez que navegou na “Fé em Deus”: “Fui ao S. João de Vila do Conde. Nunca tinha navegado à vela, mas gostei da experiência e da camaradagem entre tripulantes. Foram sete anos impossíveis de esquecer, com viagens e alguns sustos pelo meio, temperadas pelas palavras sabedoras do mestre Agonia”.
Do paiol da memória, o tripulante destaca a viagem de regresso da Ria de Aveiro: “Na saída do canal principal, um barco moliceiro não nos deixou passar à frente, para entrar na represa de controlo de marés. Isso gerou um descontentamento e algumas reacções acaloradas, mas o remédio foi esperar. Nessa viagem trouxemos uma tuna do Porto. Enquanto navegamos na Ria, os estudantes ainda tocaram e cantaram. Quando chegamos ao mar, alguns deles enjoaram e outros adormeceram. Chegamos à Póvoa muito perto da meia-noite. Sem luz na embarcação e guiados pelo farol da lua, parecíamos um barco de clandestinos. Os moços da tuna tiveram que correr para apanhar o comboio para o Porto”.
Quanto aos passeios para crianças pelo mar da Póvoa reconhece que são muito interessantes: “Temos que estar sempre de olho neles porque alguns são muito vivos e gostam de copiar os tripulantes, até na borda da lancha. Estas viagens são muito bem recebidas por todos mas principalmente por crianças que vivem fora do mar, em terras mais distantes. Dar um viver da lancha a gente mais nova é sempre um caminho para a descoberta de uma embarcação que, no passado, era o ganha-pão do pescador poveiro”, conclúi Augusto Neto.
Quanto à renovação da tripulação da Lancha Poveira, Augusto Neto entende que tem sido feita de forma natural: “Está a aparecer gente nova e isso é bom. Mas convém sempre ter alguns veteranos para poder dar e passar o ensinamento. Espero ainda fazer o caminho marítimo até Santiago de Compostela, um velho desejo de Manuel Lopes. Em final de carreira era interessante. Sei que há uns quilómetros a pé, mas estou a preparar-me para os fazer”.»
in A VOZ DA PÓVOA – 29 de Fevereiro de 2012.
foto da lancha - PÓVOA SEMANÁRIO.
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