Sexta-feira, 11 de Julho de 2014
“E vós, ó cousas navais, meus velhos brinquedos de sonho!”.

 

O título deste artigo, uma expressão de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), define muito bem o que representam as coisas navais para mim e certamente para tantos mais no nosso país. Nos últimos 6 anos, meti mãos-à-obra e iniciei o trabalho em modelos de barcos tradicionais portugueses, iniciando-me com um relativo à pesca do bacalhau e outro da família do conhecido barco poveiro, do noroeste português, uma catraia.

 

No entanto, quando as condições se reuniram, antes de tudo estava primeiro a memória e nessa memória estava o meu primeiro "modelo", teria eu uns 10 anos. Por isso, a primeira coisa que fiz foi arranjar uma simples lata usada e transformá-la num barco, tal como o meu pai me ensinou há mais de 30 anos atrás. Naquele dias, foi feito com uma faca de mesa velha e um martelo, nada mais. Agora, já recorri ao alicate e tesoura, para uma proa e ré mais elaboradas.

Era com brinquedos destes e outros que os chamados "ratos-de-água" brincavam na pequena ondulação dos fieiros abrigados e se imaginava o dia em que iriamos andar dentro dos barcos grandes ancorados. O destino não o quis assim e hoje, noutro país sentado em trabalho frente a um computador, continuo com a mente nos barcos e no mar, certo que é junto deles o meu lugar.
O barco de lata, para o qual sempre vou desviando o olhar, foi sem dúvida um "brinquedo de sonho".


publicado por cachinare às 12:43
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2 comentários:
De Jaime Pião a 12 de Julho de 2014 às 10:07
Eram tempos em que a moçada do meu tempo de uma lata grande ou pequena e com um martelo e faca ,normalmente facas que o pai trazia do bacalhau e, todos caprichavam em fazer o melhor navio em miniatura claro ,logo era ver a moçada na praia no meio das ondinhas pequenas a avançar contra o mar e a encarrilhar na vaguinha ,mas no fim era uma molha pela certa ,então em casa era todos os dias uma reprimenda das boas ,se não era uma vassourada pelas costas abaixo ,belos tempos ,em que se brincava na maior das simplicidades e era o principio da aprendizagem ,mas já se tinha no sangue o mar !


De Anónimo a 16 de Julho de 2014 às 11:37
Então, ora viva quem vier por bem.
E quem não vier, viva também.
Isto já dizia uma vélhinha que Deus já lá tem...
Vem isto a propósito do regresso às lides bloguistas, do sempre bem vindo amigo caxineiro A. Fangueiro.
No que respeita aos pobres/ricos brinquedos destas crianças de então, ocorre-me aqui perguntar, se não era costume lastrarem estes barquinhos, para não virarem?
Na minha meninice, e porque morava perto dos estaleiros navais, as crianças buscavam sobretudo, as cascas de pinheiro, com as quais modelavam as mais variadas e bonitas embarcações, com as quais iam para o rio se deleitar, ao verem as ditas a navegar.
Como nesse tempo, ainda não havia estas coisas de play stations e outras invenções, as crianças desse tempo, umas com as outras, iam dando asas às suas imaginações.
Cumprimentos, e continuação de boas melhoras ao também amigo Pião.
Albino Gomes


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