Quarta-feira, 22 de Agosto de 2018
Lanchas volanteiras - 1880

 
Para um aficionado da arquitectura naval dos antigos barcos de pesca portugueses, especialmente dos da minha terra, Poça da Barca / Póvoa de Varzim, esta foto encontrada há tempos é uma das mais extraordinárias que jamais vi sobre o tema.
Mostra-nos a ribeira da comunidade piscatória de A Guarda, na Galiza, situada perto da fronteira com o rio Minho. O ano indicado é o de 1880, sendo pois a imagem mais antiga que conheço onde se vêem barcos de pesca da tipologia “poveira”. A Guarda tem um antigo historial de contacto com a Póvoa e sua gente que lá rumava todo os anos em pregrinação e era comum antigamente o casamento entre galegos e nortenhos,
Estas lanchas na foto eram as famosas “volanteiras”, bem conhecidas também por Caminha, Gontinhães ou Viana do Castelo e nota-se ainda nalgumas detalhes de uso do 2.º mastro. Embora practicamente não seja referido hoje em dia quando se fala do “barco poveiro”, houve tempos em que estes barcos armavam 2 mastros, nomeadamente os de maior porte. Nota-se na foto também a não existência dos “corredores” laterais e as proas um pouco menos lançadas que nos barcos portugueses.
Esta foto faz parte de um grande espólio disponível na internet sobre a Memória do Mar da Galiza, cujo link está abaixo. Vale a pena a visita.
 
foto de A Memória do Mar – Galiza


publicado por cachinare às 21:01
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3 comentários:
De Anónimo a 29 de Agosto de 2018 às 18:40
Em relação à acima referida «tipologia poveira», ocorre-me aqui recordar uma cena, ocorrida em concorrida sessão, ainda nos tempos do antigo director Manuel Lopes, na Bibliotéca Municipal da Póvoa de Varzim, quando o Presidente da Federação Galega Pela Cultura Marítima, corroborando uma afirmação do Arqº Lixa Filgueiras, nos dizia que «na verdade, era um abuso haver uma qualquer terra, tentar usurpar o património que é de todo um povo» . . .
Recordamos que na ocasião, foi o bom e bonito, com o saudoso Manuel Lopes a dar forte murro na mesa, ao mesmo tempo que ameaçava aquele catedrático da Cultura Marítima Portuguesa, que jamais o convidaria para qualquer evento poveiro . . .
Portanto, quanto a tipologias de barcos e velas, que alguns erradamente gostam de chamar poveiras, há séculos que elas existem desde o Norte da Galiza ao Sul de Portugal .
. . . E há milénios em outras faces da terra .
Resumindo, a César o que é de César . . .


De Jaime Pião a 5 de Setembro de 2018 às 20:59
Gostei e gosto muito de fotos reais como esta e outras mais ,logo que sejam de barcos ou navios ,em especial as lanchas ditas Poveiras ou outras lanchas de outros portos ou Países ,mas afirmar que as lanchas ou barcos do tipo vela e remo de outros tempos que são poveiras ou de outro ponto qualquer ,isso é utópico ,os meus Avós aqui nas Caxinas Vila do Conde tiveram as ditas catraias de leitos e corrimões isto a muitos anos desde 1880 e, será que foi na Povoa que nasceram as lanchas e catraias ?Fico sempre na espectativa quando aparece alguém a dizer que são os primeiros nisto e naquilo ,admito e sempre admirei as lanchas Poveiras e ,também adorei ver esta foto das lanchas volanteiras ,afinal eram os tempos das lanchas volanteiras e as consideradas lanchas do alto ,que ao longo da costa Portuguesa também existiram ,foram outros tempos !!!


De artur mendes a 1 de Setembro de 2018 às 00:43
Caro Amigo

Só hoje tive oportunidade de ler sobre "Ernestina" cabo Verde/

Tudo certo... menos um pormenor quanto ao navio:

Ele teve motor!


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