Quarta-feira, 5 de Janeiro de 2022
Pelas palavras de Raúl Brandão.

«O poveiro não usa faca, mas é terrível e certeiro com pedras na mão. Ou porque lhe cortassem a caça, estragando-lhe as redes, ou porque andassem de rixa velha, havia às vezes no alto mar verdadeiros combates entre poveiros e sanjoaneiros. Os barcos avançavam uns para os outros à força de remo e a pedrada fervia. Os da Póvoa, que são, creio eu, os únicos pescadores que usam pedras em lugar de chumbeiras, levavam sempre a melhor. Às vezes chegavam à abordagem, de remos no ar, numa algazarra feroz, e havia feridos e até mortos.»

 
Raúl Brandão, 1921 – “Os Pescadores”.
 
É precisamente essa rivalidade que estas duas imagens demonstram no filme “Ala-Arriba”, onde as pedras são as armas de arremesso entre barcos, ao que parece neste caso, da mesma comunidade. Volta a ser evidente a importância do mar como território dividido e a respeitar entre hierarquias ou por pescadores de outras paragens. Ainda assim, o poveiro também ia pescar a outros mares, a Sul e a Norte e problemas “de invasão” semelhantes ocorriam.
Curiosamente, quando se descreve a estrutura social desta comunidade, por exemplo por Santos Graça, refere-se que era uma comunidade onde o crime era praticamente inexistente, o que denota sem dúvida como no mar a história era outra. De novo o mar se prova não só como o que dá sustento, mas também onde se acertam contas, fora das “confusões” e intromissões alheias em terra.


publicado por cachinare às 13:04
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
subscrever feeds
últ. comentários
Sou filha do Salvador Carvalho, o neto que herdou ...
o meu avô, José Moreira Rêga andou nesta traineira...
Boa tarde. Disse que era neto do Sr Salvador de Ca...
Esta bonança pertenceu à empresa Remelgado e Santo...
Como corroborando o acima dito no último paragrafo...
Pode me falar alguma coisa sobre meu parente, ANTO...
Em relação ao seu comentário, pergunto: O nome do ...
Boa tarde.O Hugo tem precisamente o mesmo problema...
Eu sou um modelista naval amador (ou pelo menos te...
Boa tarde, JoséDaqui Joana, filha da Zulima (sua p...
tags

a nova fanequeira de vila chã

ala-arriba

alan villiers

apresentação

aquele portugal

argus

arte marítima

bacalhoeiros canadianos-americanos

bacalhoeiros estrangeiros

bacalhoeiros portugueses

barcos tradicionais

caxinas

cultura costeira

diversos

fotos soltas

galiza

jornal mare - matosinhos

memórias

modelismo naval

multimédia

museus do mar

pesca portuguesa

póvoa de varzim

relatos da lancha poveira "fé em deus"

santa maria manuela

veleiros

vila do conde

todas as tags

links
arquivos