Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2023
A Frota Branca e A Iconografia do Poder - 2.

 

«Como que a comprovar o papel do navio-hospital “Gil Eannes” como ícone do nacionalismo português e a tela de Domingos Rebelo como o ícone dos sistemas familiares e sociais, um outro ícone da ideologia do Estado Novo a bordo do “Gil Eannes” representava a presença de Deus (omnisciente, omnipotente, omnipresente) na forma de uma capela no convés. Com as portas da capela abertas, o presente vê que este pequeno local de adoração continha uma outra obra de Rebelo que efectivamente retratava o papel central da religião (Deus) na relação entre bacalhau, o pescador-de-dóri a trabalhar nos Bancos e a família em casa em Portugal – todos unidos através da mãe de Deus.
A Virgem, de braços abertos a receber todos os que lhe prestam homenagem, é o ponto focal do arranjo triangular do espaço. À esquerda, dois pescadores-de-dóri prestam respeitos a Deus através da Virgem. Um veste a típica camisa de flanela, calças grossas e botas de borracha, envergando as roupas de mau tempo enquanto se dirige em direcção à Virgem. O outro homem, vestido com camisola grossa e avental de trabalho, ajoelha-se enquanto reza com as mãos em gesto simbólico e olhos cerrados. Aos pés do pescador de pé está a representação de um enorme bacalhau – a razão pela qual está nos Bancos e longe de família e casa. À direita, mãe e criança (esposa e filho) em Portugal rezam à Virgem pelo bem e segurança no regresso do seu marido e pai. Uma saca no chão, talvez contendo os seus trabalhos ou algumas peças de roupa, complementa o bacalhau. As cores envergadas por mãe e filho são sombrias, sugerindo um estado de meditação, enquanto as vestes dos homens nos Bancos sugerem calor e protecção contra os elementos. As cores que rodeiam a Virgem – azuis e branco – separam-na das figuras terrenhas.
Nesta obra da era do Estado Novo, vemos que os mitos idealizados a rodear a indústria bacalhoeira do pós-guerra baseavam-se em três símbolos básicos. Primeiro, o “Gil Eannes” era representativo da Pátria no mundo moderno. Segundo, a tela de Rebelo simbolizava a inter-relação entre a indústria de pesca ao bacalhau portuguesa e a Família, fundação na qual assentava o sistema de benefícios. Finalmente, a capela com a sua outra obra de Rebelo simbolizava a presença de Deus – desde sempre o ícone unificador da expansão portuguesa além-mar.
Contudo, entre o mito no qual o Estado Novo idealizava o pescador-de-dóri e a realidade da vida nos bancos, existia um grande vazio. Dentro da memória colectiva do pescador-de-dóri português, existia ainda a memória de tempos antigos de virtual escravatura; tais como os descritos por Alan Villiers numa conversa que teve com o seu camarada Pierre Berthoud em 1929, quando o seu navio (o “Grace Harwar”) cruzou uma pequena frota de escunas portuguesas que rumavam aos Bancos: “Uma vida dura, diz você?” olhava furioso o francês para mim. “Uma vida de cão, isso é que é! Meu Deus, não há vida mais dura sobre o mar! Toda a pesca é dura, mas aquela é a pior, mais dura forma de ganhar a vida que conheço. Aqueles tipos terão sorte se regressarem a casa daqui a seis meses. Sim, e alguns deles não regressarão. Dou-vos um conselho, camaradas, a vida agora está difícil por toda a Europa, mas nunca vos ponhais a bordo de um daqueles. Aqueles portugueses usam dóris de um só homem. Afastem-se deles!” (Alan Villiers 1951, cap.17).»
 
 
Num breve comentário, gostaria de abordar dois pontos desta análise de Priscilla Doel:
 
1 – quando diz que “...um outro ícone da ideologia do Estado Novo a bordo do “Gil Eannes” representava a presença de Deus (omnisciente, omnipotente, omnipresente) na forma de uma capela no convés.” – Não me parece que a capela no convés de tão importante navio como o “Gil Eannes” fosse obra da “ideologia” do Estado Novo, pois desde sempre grandes navios tiveram uma capela a bordo, fossem navios de passageiros ou transporte. Hoje em dia, os mais modernos navios incluem uma capela ou até diferentes locais de culto a bordo para as diferentes religiões dos passageiros. Além disso, os pescadores por natureza sempre foram e ainda são pessoas muito crentes, independentemente das ideologias temporais.
 
2 – A descrição do marinheiro francês em 1929 sobre a pesca do bacalhau será na sua maioria verdadeira. No entanto, ainda por alturas de 1929, a frota bacalhoeira francesa na Terra Nova e Labrador tinha o hábito de deitar borda-fora pescadores que morriam a bordo, de exaustão, maus tratos e doença.
Nunca li ou soube de algo semelhante na frota portuguesa dessa ou de outra altura. Poderei vir a descobri-lo no muito que me falta ler... ou talvez não. 21 anos mais tarde, Alan Villiers experimentaria a vida daquela frota portuguesa e o resultado é bem conhecido.
 
Traduzido de: – Priscilla Doel “The Iconography of Power”, a chapter in The Portuguese in Canada (University of Toronto Press) - 2000.
 
Foto de Rui Agostinho - SérgioCruises.
 
Fundação “Gil Eannes” – Viana do Castelo.


publicado por cachinare às 10:13
link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 13 de Janeiro de 2023
A Frota Branca e A Iconografia do Poder - 1.

«Devido a dificuldades de tempo e distância relacionadas com a gestão das pescas longínquas, era difícil ao Estado Novo manter total controlo sobre os homens da frota portuguesa. Os navios de pesca moviam-se de umas área de pesca para outras e tinham contactos frequentes com pessoas de outras nações nos portos canadianos, onde pescadores e oficiais experimentavam um estilo de vida menos rígido e mais democrático – um desafio aos sistemas de controlo do Estado Novo.

De modo a solidificar uma inabalável ligação a Deus, Pátria e Família, o novo (navio-hospital) “Gil Eannes” incorporava símbolos destes conceitos nos seus motivos decorativos. O estado comissionou o artista açoriano Domingos Rebelo para pintar duas obras no navio: uma para adornar uma grande parede nos aposentos do comandante e outra para avivar o altar da pequena capela no convés. Em concordância com o uso por parte do Estado Novo, de símbolos morais para justificar arranjos institucionais do seu sistema político “grupos criativos (como os artistas)... definem e promulgam imagens oficiais do mundo e do que nele se passa, definições oficiais da situação” (Gerth and Mills, 1953: 212-13)
Os aposentos do comandante exibiam a colorida tela de Rebelo. Com um enquadramento narrativo de uma obra patrocinada pelo estado, o artista reconstrói visualmente a história épica da vida do pescador-de-dóri de modo a suprimir outras versões dessa mesma vida, que era bem conhecida pela sua dureza, sacríficio, privação e abuso físico e psicológico. A maioria dos que olhavam para a obra, provavelmente não analizavam a sua estrutura, estilo, ou conteúdo, mas sim reagiam aos símbolos nela interiorizados. Domingos Rebelo, contudo, guia quem olha através das três cenas narrativas que rodeiam o pescador. Por exemplo, se olharmos para o pescador em grande plano, de imediato nos fixamos na sua face. Ficamos presos à tela com o remo que segura nas mãos. Depois, o movimento circular dos seus braços ergue-nos o olhar para o topo do remo e daí para a esquerda, permitindo-nos ver a sua vida famíliar em Portugal. O berço no fundo à esquerda, guia-nos depois para o rapaz e o seu mentor até ao icebergue por trás do pescador no horizonte. De novo direccionados pelo remo, da esquerda para a direita somos levados para a outra cena em Portugal, onde todos os pescadores, no activo ou reformados, recebem apoio. Através da integração na tela de diferentes espaços artísticos e lugares geográficos, o artista apresenta a vida, idealizada por imagens de memória, de um típico pescador-de-dóri dos Grandes Bancos.
Ao considerar as imagens, perguntamo-nos quem é este aprumado e sem emoção homem que enverga a típica camisa de flanela aos quadrados, e nos olha directo e fixamente? A mensagem é clara. Este é um pescador anónimo – o estereotipo do bom, humilde, obediente, estável pescador. Ele é pai e marido. Ele é todos os pescadores nos quais assenta a responsabilidade do bem da Pátria e Família. Ele é o fiável “Zé Pescador”, a figura central numa missão nacional.
O papel paternalista do Estado Novo na vida da família do pescador durante a sua ausência de seis a sete meses, pode ser notada à esquerda, onde vemos edifícios representativos da saúde, educação e programas sociais administrados pelo Estado Novo, através da Junta Central de Casas dos Pescadores. Proeminente em grande plano está o filho – o futuro pescador – recebendo instrução na escola de pesca e navegação. Com o seu tutor, estuda um modelo de veleiro. Além do rapaz encontra-se uma rapariga que aprende a coser de modo a preencher a sua posição no Estado Novo como mãe e dona-de-casa. Maternidade e famíia claramente dominam esta cena, com uma mãe expectante a segurar o seu bebé e outro infante no berço. O Estado Novo tinha grande orgulho nos seus programas que promoviam a nutrição, higiene e serviços de saúde, simbolizados pelo grande edíficio. Outros programas sociais incluiam centros de dia e a construção de novas casas para os pescadores e suas famílias, como se pode notar em fundo.
A cena à direita, de novo mostra o braço protector do Estado Novo que cuida do pescador activo quando se encontra em casa, ou do pescador reformado. O Estado Novo, pela mão de ferro do Comandante Henrique Tenreiro, representante do governo no Grémio, supervisionou muitos programas que providenciavam cuidados e serviços: transporte (a Volkswagen) equipamento (roupas de oleado) saúde (a mesa de operações) e casas para os reformados (à direita).
A cena no horizonte mostra três memórias evocativas da pesca do bacalhau nos Grandes Bancos: o enorme icebergue ao centro, o grande banco de nevoeiro que se aproxima pela esquerda e o famoso e adorado “Gazela” (agora em posse da cidade de Filadélfia, E.U.A.) à direita. Todos estes ícones são brancos. O artista não narra nada sobre este horizonte em detalhe. São precisamente as durezas por detrás destes ícones que estão ausentes desta obra – as realidades da vida nos Bancos.
Ao considerar esta obra e o seu grande simbolismo na posição do humilde pescador na Nação, falta colocar uma última questão. Quem via este quadro pendurado no salão dos aposentos do comandante? Os pescadores de certeza que não entravam neste espaço, mas sim oficiais de estado, dignatários em visita e capitães dos navios de pesca, que eram aqui recebidos e operavam reuniões. A visita de dignatários estrangeiros traria provavelmente com eles os seus próprios símbolos interiorizados, que seriam contrários ao regime autoritário. Também, e da maior importância, os capitães portugueses, a maioria dos quais era formada e falava inglês, estaria exposta nas suas andanças e contactos pessoais e profissionais nos portos canadianos aos contra-símbolos de um sistema político e social mais democrático. Assim, aqueles que tivessem a tentação de considerar outros sistemas de estado como mais viáveis, eram controlados pela apresentação visual nos aposentos do comandante do navio de estado. Os símbolos usados nesta obra serviam também para evocar o orgulho português no pescador-de-dóri e nas suas campanhas.»
 
Traduzido de: – Priscilla Doel  “The Iconography of Power”, a chapter in The Portuguese in Canada (University of Toronto Press)  - 2000.
 
Fundação “Gil Eannes” – Viana do Castelo.


publicado por cachinare às 13:54
link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 10 de Agosto de 2022
St. John´s, Terra Nova - 1967.

Ao que parece no convés do “Gazela Primeiro”, como era habitual secam-se as velas dos dóris numa variedade de cores que infelizmente a grande maioria das fotos existentes não nos podem mostrar pelo facto de serem a preto e branco. A amarela será pertença de um pescador nortenho, enquanto a vermelha será de um pescador do centro de Portugal, a chamada vela de carangueja. Existia ainda a armação de vela “à algarvia”, mais rara.

 
Foto, direitos reservados – second cello.


publicado por cachinare às 10:59
link do post | comentar | favorito

Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2022
A preto e branco.

O imponente gurupés do lugre-patacho “Gazela Primeiro”. Foto de Eduardo Lopes, 1951-53.



publicado por cachinare às 11:04
link do post | comentar | favorito

Domingo, 20 de Junho de 2021
A preto e branco.

https://fotos.web.sapo.io/i/ob314c619/18266973_1QLUV.jpeg

Belíssima imagem de lugres bacalhoeiros portugueses no porto de São João da Terranova. É possível apreciar os detalhes que estes navios de trabalho ostentavam, tanto nas suas popas, como nas proas. Vendo-se os painéis de popa do “Dom Deniz” e do “Gazela Primeiro”, a proa e beque são do lugre “Hortense”. Foto de Eduardo Lopes, 1951-53.



publicado por cachinare às 20:05
link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 9 de Setembro de 2020
A preto e branco.

PT-CPF-EL-000255_m0001_derivada

Trabalhos de marinharia nos mastros do lugre-patacho “Gazela Primeiro”. Foto de Eduardo Lopes, 1951-53.



publicado por cachinare às 18:47
link do post | comentar | favorito

Segunda-feira, 1 de Junho de 2020
A preto e branco.

https://fotos.web.sapo.io/i/o98116d03/18266975_Vhv7p.jpeg

O lugre-patacho “Gazela Primeiro” a navegar. Foto de Eduardo Lopes, 1951-53.



publicado por cachinare às 22:18
link do post | comentar | favorito

Quinta-feira, 3 de Outubro de 2019
A preto e branco.

Benção 1938

O ano é 1938 e os navios… lugres bacalhoeiros no rio Tejo a aguardar a partida para a Atlântico norte. Sempre de admirar os detalhes de decoração que todo o tipo de embarcações destes tempos recebia. O cuidado e brio de quem as construía e manobrava, muito diferente dos grosseiros gostos modernos onde praticamente nada se decora.



publicado por cachinare às 12:28
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Segunda-feira, 27 de Maio de 2019
"Terra Nova", com fotografia de Luís Branquinho.

terra nova filme 2.jpg

«"Terra Nova" é um filme escrito e dirigido por Artur Ribeiro inspirado livremente  em dois contos de Bernardo Santareno; “O Lugre” e “Nos Mares do Fim do Mundo”.

O enredo segue uma viagem de um Lugre, o Terra Nova por mares do Canada e da Gronelândia na pesca do bacalhau e passa-se em 1937.  

O drama desenvolve-se quando o Capitão se apercebe que a pesca é miúda nos mares do Canada e resolve dirigir-se em direção à Groelândia onde nunca antes os Portugueses tinham pescado. Começa um conflito entre a sabedoria do Capitão e os mitos dos pescadores que acham que na Gronelândia serão tramados pelo mar Artico desencadeando um motim a bordo.

Filmamos a bordo do Lugre Santa Maria Manuela, quinze dias em mares da Noruega mais 3 em Portugal a simular o Artico, outros quatro dias em estúdio onde a direção de arte construiu de forma brilhante o “rancho” (onde os pescadores comiam e dormiam) em cima de um sistema de pêndulo para simular o balanço do navio e três dias no interior do Lugre Creoula para fazer os interiores da Messe dos Oficiais.

terra nova filme 1.jpg

A Câmara usada foi uma Alexa Mini. Foi quase tudo filmado com câmara à mão com objetivas Cooke S4i no formato 2.39 esférico captado em Arri Raw.

A bordo do Lugre só numa cena usamos luz artificial, de resto filmamos sempre com luz natural, e fomos abençoados pela bela luz do hemisfério norte.

A chefia da equipa técnica coube a David Vasquez como Focus Puller, Pedro Paiva como Gaffer e Tiago Caires como maquinista. Muito colaboraram para o sucesso da empreitada que foi fisicamente muito exigente, pois filmar em barcos obriga a uma capacidade de adaptação às circunstancias náuticas e climáticas fora do normal.

A estreia está prevista para meados de 2019»

texto e fotos – Associação de Imagem Portuguesa.



publicado por cachinare às 20:25
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito (1)

Segunda-feira, 13 de Maio de 2019
A preto e branco.

PT-CPF-EL-000245_m0001_derivada

A pesca do bacalhau pelos portugueses foi dura, mas muito bela em certos aspectos. Esta foto mostra o lugre “Hortense” e um pescador a aproximar-se do seu navio para descarregar a farta carga de bacalhau que lhe preenche todo o dóri. Foto de Eduardo Lopes, 1951-53.



publicado por cachinare às 15:48
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito (1)

Terça-feira, 22 de Maio de 2018
"Por Entre as Brumas de Newfoundland".

brumas newfoundland romance 2.png

 «Numa demanda por dar um rumo à sua vida e marcado pela memória do avô António que pescara bacalhau à linha num dóri, nos Grandes Bancos da Terra Nova e da Gronelândia, Vasco decide viajar até à cidade de St. John's, Newfoundland. Nas águas canadianas, o avô vivera a traumática experiência de se perder no nevoeiro. Uma carta de um pescador, nunca lida até ser encontrada, mais de quarenta anos depois de ter sido escrita, levanta questões a que Vasco quer dar resposta, na tentativa de colmatar um elo quebrado da história. Um romance que pretende ser uma homenagem a todos aqueles que viveram as duríssimas campanhas da pesca do bacalhau, bem como um tributo à arte da pesca solitária nos dóris e à Frota Branca portuguesa.»

 

Este é mais um reflexo da emotiva epopeia da pesca do bacalhau levada a cabo pelos pescadores de Portugal, retratada no formato de romance e que nunca é demais ser explorada no papel que teve tanto para portugueses como para estrangeiros, nomeadamente as gentes de São João da Terranova.

Esta belíssima obra de Fernando Teixeira mostra-nos uma das fotos mais emblemáticas de Alan Villiers na capa, o lugre "Aviz" cerca de 1950, em "descanso" no nevoeiro do Atlântico Norte.

É um livro que pode ser adquirido em formato digital ou impresso, através do respectivo website: https://fernandojteixeira.wixsite.com/website-2  



publicado por cachinare às 22:11
link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Terça-feira, 13 de Março de 2018
O navio-motor “Pádua”.

Tendo recebido nos últimos dias algumas visitas ao blogue vindas de Aberdeen, na Escócia, por certo de algum emigrante português, tal lembrou-me desta imagem há muito à espera de ser mostrada. Trata-se do arranjo geral do navio bacalhoeiro “Pádua”, construído precisamente em Aberdeen no ano de 1947, nos estaleiros de Hall Russel Ship Builders. Este navio para a pesca do arrasto foi a sua construção nr. 799, estaleiros estes que iniciaram construções em 1864 e fecharam portas em 1992.

Este navio em aço de cerca de 67 metros de comprimento, 11m de boca e 5m de pontal, deslocava 1.296 toneladas brutas e o seu armador foi a Empresa Comercial e Industrial de Pesca (PESCAL) de Lisboa. Em 1968 receberia o nome de “Aida Peixoto” e voltaria em 1980 ao original “Pádua”.
Os seus dias terminariam em 1991, possivelmente desmantelado (não confirmado), na onda de muitos outros nos inícios dos anos 90, por directivas comunitárias na sua maioria. Uma das suas poucas fotos existentes é esta, do Museu Marítimo de Ílhavo.
No link abaixo é possivel descarregar uma imagem maior deste arranjo geral do navio, onde é possível ver em detalhe como se dividiam os vários compartimentos, desde o local dos porões do peixe, a onde se guardava o vinho, o rancho da tripulação, ou os enormes depósitos de fuel. Algo que poderá ajudar os modelistas navais que hoje em dia se vão apercebendo cada vez mais dos muitos e interessantes navios da frota bacalhoeira portuguesa. É preciso pegar neles, estudá-los e torná-los visíveis de novo hoje em dia, na arte do modelismo.
 
“Pádua” – arranjo geral.


publicado por cachinare às 22:04
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Quinta-feira, 30 de Novembro de 2017
A preto e branco.

PT-CPF-EL-000248_m0001_derivada

A bordo do lugre-patacho “Gazela Primeiro”, nos anos 50 um pescador demonstra como se apanhava bacalhau “à zagaia”, instrumento de pesca que não usava isco, atraíndo o bacalhau pela sua chumbada em forma de peixe. Foto de Eduardo Lopes.



publicado por cachinare às 19:21
link do post | comentar | ver comentários (3) | favorito

Quarta-feira, 8 de Fevereiro de 2017
"Santa Maria Manuela" comprado por grupo Jerónimo Martins.

santa maria manuela lisboa

«O navio de treino de mar SANTA MARIA MANUELA foi vendido pela Pascoal & Filhos, por “motivações estratégicas e de contexto”, para o Grupo Jerónimo Martins, (Recheio Cash & Carry, S.A.), “com efeitos legais a partir de 11 de Novembro de 2016”, segundo o blogue oficial do MANUELA em nota assinada pelos responsáveis pela recuperação do navio em 2007- 2010, Aníbal Paião e João Vieira. O SANTA MARIA MANUELA deixou o cais da Gafanha da Nazaré onde atracava desde 2010, a 8 de Novembro último e entrou em Lisboa na manhã seguinte, permanecendo atracado em Cabo Ruivo, junto à EXPO 98, até 8 de Janeiro, quando saiu para Viana do Castelo, tendo permanecido em doca seca de 10 a 17 de Janeiro em reparação no estaleiro WestSea, em trabalhos de manutenção técnica e pintura, que decorreram com inteiro agrado do armador. Posta a hipótese de o registo do navio ser transferido para a Madeira, para já manteve-se o registo convencional, em Aveiro. O MANUELA mudou entretanto de sociedade classificadora, para o Germanischer Lloyd e a tem gestão técnica da Mutualista Açoreana, uma empresa da Bensaude Marítima, que assegura igualmente a agência no porto de Lisboa. O SANTA MARIA MANUELA foi construído em Lisboa pela CUF no estaleiro da Rocha do Conde de Óbidos em 1937, lado a lado com o seu irmão CREOULA, destinando-se à pesca do bacalhau no Atlântico Norte, propriedade da Empresa de Pesca de Viana, que o vendeu em Novembro de 1963 à Empresa de Pesca Ribau, de Aveiro, depois de a Parceria Geral de Pescarias ter sido sondada no sentido de ver se teria interesse na sua aquisição. O SANTA MARIA MANUELA pescou pela última vez em 1993, na NAFO, já com redes de emalhar, e foi abatido em Fevereiro de 1994, preservando-se o casco, em parte graças à sensibilidade do Capitão do Porto de Aveiro de então, Cte. Rodrigues Pereira, passando a pertencer à Fundação Santa Maria Manuela, constituída nesse mesmo ano com o objectivo de recuperar o seu traçado original, o que não se concretizou, acabando em 2007 cedido à Pascoal & Filhos, que promoveu a recuperação do MANUELA, o qual foi inaugurado, na sua forma actual, a 10 de Maio de 2010, num momento de grande significado para a Marinha Mercante portuguesa. Sob operação da Pascoal, o SANTA MARIA MANUELA desenvolveu intensa actividade, desde 2010, participando nas regatas da Sail Training Association, prestigiando Portugal no estrangeiro e sendo visitado por mais de 400 mil pessoas. Integrado no universo do Grupo Jerónimo Martins, o MANUELA deverá retomar a actividade já em 2017, reforçando a ligação dos novos proprietários ao mar»

via Revista de Marinha



publicado por cachinare às 18:39
link do post | comentar | ver comentários (3) | favorito

Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2017
A preto e branco.

TE4CD7~1

Um autêntico festival de navios, pescadores e marinheiros, durante a Benção dos Bacalhoeiros no rio Tejo dos anos 30. Era um verdadeiro evento nacional que juntava milhares de pessoas às famílias de pescadores que aqui se despediam deles.



publicado por cachinare às 20:45
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito (1)

Terça-feira, 22 de Novembro de 2016
“Tempos de Pesca em Tempos de Guerra” - Póvoa de Varzim.

pesca guerra

 



publicado por cachinare às 18:33
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

mais sobre mim
subscrever feeds
últ. comentários
Sou filha do Salvador Carvalho, o neto que herdou ...
o meu avô, José Moreira Rêga andou nesta traineira...
Boa tarde. Disse que era neto do Sr Salvador de Ca...
Esta bonança pertenceu à empresa Remelgado e Santo...
Como corroborando o acima dito no último paragrafo...
Pode me falar alguma coisa sobre meu parente, ANTO...
Em relação ao seu comentário, pergunto: O nome do ...
Boa tarde.O Hugo tem precisamente o mesmo problema...
Eu sou um modelista naval amador (ou pelo menos te...
Boa tarde, JoséDaqui Joana, filha da Zulima (sua p...
tags

a nova fanequeira de vila chã

ala-arriba

alan villiers

apresentação

aquele portugal

argus

arte marítima

bacalhoeiros canadianos-americanos

bacalhoeiros estrangeiros

bacalhoeiros portugueses

barcos tradicionais

caxinas

cultura costeira

diversos

fotos soltas

galiza

jornal mare - matosinhos

memórias

modelismo naval

multimédia

museus do mar

pesca portuguesa

póvoa de varzim

relatos da lancha poveira "fé em deus"

santa maria manuela

veleiros

vila do conde

todas as tags

links
arquivos