Nascemos em 2013 para defender o património material e imaterial de Caxinas e Poça da Barca, a grande comunidade piscatória de Vila do Conde. Durante o primeiro ano, centramo-nos em aspectos imateriais, na memória, na identidade. Mas, agora, urge defender outro património. A igreja-barco, símbolo maior de uma comunidade de crentes, que vive, muito ainda, do mar. Marca maior, também ela, da identidade deste lugar.
Durante dias, a Bind'ó Peixe - Associação Cultural esteve calada. Analisando documentos, tentando perceber, nas vozes de uns e nos silêncios de outros, o que estava em causa e, principalmente, o que se pode ainda fazer para salvar este monumento de uma opção urbanística cuja legalidade nos é garantida por quem a aprovou, mas cujo impacto negativo, esse podemos nós, cada um de nós, avaliar.
Dissemos isso, em privado, a quem de direito, na Paróquia e na Câmara. A Dr.ª Elisa Ferraz, que tanto tem elogiado o nosso ainda curto trabalho de valorização do património, sabe o que pensamos desta edificação que erguerá um muro de 16 metros a menos de quatro metros do adro da igreja. Escrevemos-lhe, e pedimos-lhe que não desapontasse a comunidade de Caxinas e Poça da Barca. Pedimos-lhe que corrigisse este claro erro urbanístico, custe o que custar.
Já percebemos, nas declarações públicas da actual presidente da Câmara, o incómodo que esta situação, processualmente concluída já no seu mandato, lhe provoca. Mas custa-nos perceber que, tendo este processo vindo de trás, quem o começou não consiga dar a mão à palmatória. Custa-nos que o nosso ex-presidente se escude nos legalismos, e invoque engenheiros e arquitectos “de grande competência” que não nomeia, para garantir que o projecto defende a visibilidade…da torre da igreja.
Pois…Teríamos imagens de mil igrejas por esse mundo fora para mostrar a esses desconhecidos engenheiros e arquitectos o que o bom urbanismo faz às suas cidades. Ou talvez bastasse ver alguns bons exemplos, realizados precisamente nos mandatos camarários anteriores noutras zonas da cidade, e premiados pela Comissão Europeia, para se perceber quão frágil é o argumento do Engenheiro Mário Almeida. A quem pedimos que se deixe disto e se envolva activamente na busca de uma solução para este erro no qual tem a sua quota parte de responsabilidade.
A Câmara de Vila do Conde não está habituada a que os caxineiros - gente boa - protestem. E se muitas vezes se confundiu a contestação a esta ou aquela decisão à mera luta política - se não estás comigo, és dos outros - acreditamos que, neste caso, isso não acontecerá. Acreditamos que a Dr. Elisa Ferraz saberá perceber a profundidade deste descontentamento. Que não é dirigido contra o nosso ex-presidente ou contra a sua sucessora. É dirigido contra uma má decisão, com consequências que já estão à vista.
Consideramos que, como cidadãos interessados, não podemos baixar a guarda. A negociação em curso, pelo que se vai publicamente sabendo, abre a porta a alguma melhoria na envolvente norte da Igreja, a nascente, mas aparentemente não garante o recuo do prédio na marginal. Julgamos, por isso, que a presidente de Câmara precisa da nossa força. Não de uma força que a deite abaixo, mas de uma força que lhe imprima energia, o argumento da vontade popular, para fazer ver, ao promotor da obra, que no respeito das suas expectativas económicas, o melhor é sentar-se e negociar.
Não sabemos o que isso custa. Mas sabemos o que custará, no futuro, que os nossos filhos saibam que não fizemos tudo o que está ao nosso alcance para reverter esta situação, nem que seja parcialmente.
De nós, queremos que saibam que estamos onde temos de estar. Junto daqueles pelos quais decidimos, em 2013, fundar esta associação, e disponíveis para participar, se os caxineiros e as partes envolvidas quiserem, na procura de uma solução para o problema.
Vila do Conde, 7 de Fevereiro de 2015
A Direcção
Abel Coentrão
José Manuel Sá
Dânia Lucas
Margarida Ribeiro
José Brandão»
«Os naufrágios voltam a assombrar a comunidade piscatória da Póvoa de Varzim e Vila do Conde. Na madrugada desta quarta-feira, a embarcação “Santa Maria dos Anjos” naufragou ao largo de Sintra. O barco tinha a bordo 6 tripulantes, um dos quais conseguiu nadar até à costa e dar o alerta. Os restantes estão desaparecidos.
O JN Online avança que os 5 pescadores desaparecidos são das Caxinas, um deles ucraniano mas residente nesta comunidade.
Em comunicado, a Marinha Portuguesa informa: “o Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa, em articulação com o Capitão do Porto de Cascais e a Força Área Portuguesa, encontra-se a coordenar uma operação de busca e salvamento dos tripulantes da embarcação de pesca “Santa Maria dos Anjos”, com 11 metros, que terá afundado nesta madrugada nas proximidades da Praia das Maçãs, com 6 tripulantes a bordo”.
Na altura do alerta, foram logo disponibilizadas, segundo mesmo comunicado, “a Corveta Batista de Andrade da Marinha Portuguesa, um EH-101 da Força Aérea Portuguesa e duas embarcações das estações salva-vidas de Cascais e Ericeira, que com a colaboração da embarcação de pesca “Fruto da União” continuam a efetuar buscas junto de destroços entretanto encontrados que tudo indica pertencerem à embarcação de pesca afundada”. Entretanto o perímetro das buscas foi alargado e agora vai desde a Praia do Magoito até à Praia Grande, numa extensão de cerca de três quilómetros.
O sobrevivente, de 26 anos, foi transportado para o Hospital Amadora-Sintra em situação estável e já teve alta. Deverá regressar a casa ainda hoje.
O barco “Santa Maria dos Anjos” saiu de Peniche na noite de terça-feira e dirigia-se para Cascais, para a pesca do linguado. O naufrágio terá ocorrido por volta das 03h da madrugada.
Em declarações à Sic Notícias, José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, revelou que ainda é “prematuro apontar causas para o acidente”, mas garante: “o mestre era experiente. Era uma embarcação minimamente equipada para a navegação”. O barco está registado em Olhão.»
in MaisSemanário.
foto - Markus Lüske
«Estava um céu carregado, uma manhã cinzenta de Agosto. O programa Bind’a Bordo, que durante todo este sábado animou as ruas da comunidade, dizia que a recriação histórica da actividade da pesca na Praia dos Barcos começava às 9h30 da manhã, e a essa hora já estava muita gente a abeirar-se do murete da extensa marginal das Caxinas.
“Antes havia aqui barcos e mais barcos. Agora vêem-se paus e mais paus”, dizia Laurindo Pereira, 67 anos, reformado há dois de uma vida feita no mar que começou quando tinha “sete ou oito anos”. “Sei que ia muitas vezes dormir para a escola, dar cabeçadas de sono na carteira”, acrescenta.
A manhã cinzenta ajudava-lhe às memórias ainda vivas de quando a Praia dos Barcos não era, como agora, uma “praia de paus”, referência às estruturas das barracas de praia, concessionadas para veraneio. Mas Laurindo também diz que “naquele tempo”, há meio século, quando as "catraias" (o nome de uma das embarcações típicas das Caxinas) enchiam o areal, o que havia era “uma vida de miséria”, que não deseja a ninguém. Uma vida que, por exemplo, ele não permitiu aos quatro filhos — “Não anda nenhum no mar, fizeram-se todos à vida em terra. E ainda bem”. Não há, pois, saudades desses tempos difíceis. Mas o apelo para reviver esse passado, e os rituais com que se desenhava o dia-a-dia da população caxineira, continua bem presente. E, pelo número de presentes, irresistível.
Todos os que se abeiravam do murete da praia tinham algo a dizer, um episódio a recordar. Todos pareciam perceber do mar. “A‘tão não se vê que a maré está vaza? Os barcos não conseguem acostar aqui”, dizia um dos presentes. Aguarde-se, então, mais uns momentos, enquanto no horizonte, saído do Porto da Póvoa de Varzim, se começa a avistar a catraia Santa Maria dos Anjos, emprestada pelo Fórum Esposendense, para participar nesta viagem ao passado. Vinha a catraia lenta na sua aproximação, mais à força dos remos do que à força da vela (que o dia era cinzento, mas o vento não estava de feição), e as mulheres já se estavam a fazer ao areal.
Eva Marques, 79 anos, vem à frente, a gritar “Bind’o peixe!”. Descalça, lenço na cabeça, camisa aos quadrados, força nos braços e ainda mais fulgor no pregão. Seguem-na um grupo de mulheres, todas caxineiras, a carregar cabazes de pescado e cestos de redes para estender no areal. Margarida Marafona é uma delas. Filha de pescador, viúva de pescador, mãe de pescadores. O marido morreu há 17 anos. Os filhos são casados e, por isso, ela já não tem de fazer a “obrigação”. Mas estava ali a revivê-la com gosto. “Sempre gostei muito destas coisas, sabe? Fui muitos anos cantadeira no Rancho das Caxinas, estes que também aqui estão. Está a saber bem reviver estas tradições. Mas era uma vida muito difícil, sabe?”, insiste.
Que “obrigação” era essa? Manuela Sá Vieira, agora reformada, cumpriu-a muitas vezes. Primeiro, ao pai. Depois, ao marido — que chegou a andar embarcado a pescar bacalhau à linha pela Terra Nova. “Primeiro, vínhamos trazer os homens ao mar, empurrar o barco. Depois, quando chegavam, tínhamos de varar o barco, tirar a sardinha ou outro peixe que eles trouxessem e ir vendê-lo à lota, à Póvoa. Ou então, logo aqui, na rampinha. O leilão era muito bonito de se fazer.”
Manuela conta esta história enquanto as companheiras simulam estar a consertar redes, ainda à espera do barco. Da “obrigação” aos filhos, saberão as noras. Ela agora vive com a “reforma pequenina” que o governo da Alemanha lhe manda pela morte, por doença, do marido. “Trabalhei muito a vida toda, sabe? Mas nunca descontei, por isso não tenho direito a reforma. Vale-me a do meu marido”, diz muito rápido, para logo acariciar a medalha que traz ao peito com uma fotografia do homem.
Entretanto, a catraia acosta, e começa a azáfama. Uns a empurrar, outros a puxar, num ritmo sincopado com os gritos que todos soltam. José Vila Cova, 88 anos de vida, sempre com vista privilegiada para aquele mar e aquela praia (“Morei sempre aqui em frente”, explica), faz questão de sublinhar: “Isto não era bem assim. Isto é só uma fantasia, um teatro, uma recriação”, diz, com a autoridade de quem já escreveu livros sobre a faina piscatória da terra. “As mulheres entravam pelo mar adentro, ficavam com água acima do peito. E puxavam o barco para terra, e tiravam o peixe, e faziam tudo. Tudo. Elas é que mandavam. Os pescadores chegavam ao areal e enfiavam-se no tasco. Não faziam mais nada. Elas é que mandavam”, relata.
E, de olhos marejados, José continua: “Estes gritinhos não são nada. Lembro-me tão bem quando havia mar bravo, ali nos baixios (aponta para um local da praia onde há redemoinhos), e se via os homens a remar sem sair do sítio. E as mulheres, ali tão perto, na praia, com água pela cintura… Eles a remar, a remar, e elas aos gritos. Mas gritos mesmo. Gritos de medo. Assisti, algumas vezes. E ainda hoje me custa lembrar”.
Ali ouviam-se gritos de alegria. Pregões. Abel Coentrão (jornalista do PÚBLICO), presidente da Associação Cultural Bind’ó Peixe, que organizou esta recriação, explica que não houve ensaios, e que tudo aquilo a que se assistia no areal era fruto do improviso. Nessa altura, já as mulheres multiplicavam os pregões, uma tentando falar mais alto do que a vizinha do lado, outra ainda tentando “dar a volta” ao guarda fiscal que ali vinha pedir autorizações e reclamar o “dízimo”.
“Estes homens e mulheres não precisavam de ensaiar. Precisavam de reviver. Foi isso que lhes pedimos, que trouxessem as suas memórias, mesmo que elas, por vezes, atraiçoem”, explica Abel Coentrão. A Associação Cultural Bind’ó peixe tem dez meses apenas, mas há dois anos o jornalista começou a “acender”, numa página na Internet e no Facebook, o Farol da Memória de Caxinas e Poça da Barca, com o intuito de recolher e divulgar as memórias. “Para nós, caxineiros, estas memórias são património. E acreditamos que esse património pode ser transformado em cultura”, sintetiza.
Habituados a ver movimentação mediática pelas Caxinas apenas quando há náufragos — já não há porto de pesca por ali, mas os seus habitantes continuam muito ligados ao mar, com barcos matriculados em quase todos os portos do país —, este domingo as razões eram boas. José Vila Cova admitiu, no final da encenação: “Já chorei de alegria”.
Elisa Ferraz, presidente da Câmara de Vila do Conde, era outra das presentes, perdidas no meio da assistência. No final, confessou ao PÚBLICO que trazia muitas expectativas para este evento. “Estas actividades estão muito presentes na minha memória. Não sou de Caxinas, sou de Vila do Conde. E Caxinas é Vila do Conde. É um lugar. Mas é, e continua a ser, uma das maiores comunidades piscatórias do país. Ver a forma como as pessoas se entregaram para participar, viver este momento, foi extraordinário.” As expectativas não saíram defraudadas.
Eva Marques é das que continuam a entregar o seu dia-a-dia ao mar e aos seus caprichos, apesar dos seus quase 80 anos. “A minha vida foi muito esquisita. Passei muita fome e muita miséria. Os homens vinham do mar e nós, as mulheres, atávamos as redes, descarregávamos, apartávamos, íamos vender o peixe. Primeiro, para o meu marido. Agora, para os meus filhos.” Já não há tanta miséria, mas a luta é a mesma. “É verdade. Ainda ando nesta vida. Que remédio. O barco é meu. Tenho de andar.” Até que a morte a leve. Sempre ligada ao mar. “Não sei fazer mais nada”, termina.
O luto mostra-se nas varandas, as saudades levam-se ao peito
Uma semana depois de se terem engalanado para assistir à passagem da procissão do Senhor dos Navegantes, as varandas da principal avenida das Caxinas, a Av. Dr. Carlos Pinto Ferreira, estiveram enfeitadas com lençóis brancos a revelar rostos (e “esmaltes”) de mulheres vestidas da preto. O preto não é só uma “coincidência”, é uma linguagem reconhecida e aceite como sinal de luto ou viuvez. Mas foi a perseguir as histórias que estão por detrás de cada “esmalte” — o nome que em Caxinas se dá ao medalhão ou alfinete com o retrato emoldurado de familiares que já partiram — que Helena Flores, autora da exposição de fotografia contemporânea que permanecerá exposta nas varandas, até final do mês de Agosto, encontrou o conceito para o seu trabalho: “Saudade levada ao peito”.
Numa terra onde as mortes no mar são uma notícia recorrente — o padre de Caxinas já enterrou quase uma centena de pescadores nos menos de 20 anos que leva à frente daquela paróquia —, Helena Flores faz questão de frisar que os seus retratos não revelam apenas viúvas de pescadores, nem “esmaltes” a evocar náufragos. São também retratos de avós que perderam netos, ainda crianças, ou filhas que perderam a mãe. “Interessava-me retratar esta tradição das Caxinas, onde os retratos dos que já morreram continuam a ser mostrados na rua. Como se fosse uma forma de manter a pessoa viva”, explica a autora.
É também uma forma de dizer, “eu amo”, lê-se na sinopse desta exposição produzida pela Bind’ó Peixe. Porque, como escreveu o caxineiro Valter Hugo Mãe, “na morte há sempre uma celebração a fazer: a de nos constituirmos como memória daqueles que morrem, e sermos ainda uma manifestação das suas vidas”.
Ao todo, foram 17 retratos, pendurados em varandas escolhidas de forma mais ou menos aleatória. Maria dos Anjos António abriu as portas da sua casa para expor o retrato de Maria Adelaide de Santos Maio. Não é da família, nem a conhece muito bem. “Sei que mora frente ao meu irmão”, explica, acrescentando que deixava a sua varanda tornar-se montra de qualquer pessoa daquela comunidade. “Se é para mostrar as nossas tradições, não havia nenhuma razão para não participar”, conclui.»
adaptado do artigo de Luísa Pinto – PÚBLICO
foto 1 – Renato Cruz Santos
foto 2 – Paulo Pimenta
«No Dia Nacional do Mar, a emoção marcou a inauguração do Memorial aos Náufragos mandado erigir pela Câmara Municipal de Vila do Conde para homenagear todos aqueles que perderam a vida quando trabalhavam do mar, sobretudo os pescadores que têm forte presença na zona norte da cidade. Daí que a obra idealizada pelo arquiteto Manuel Maia Gomes pontifique no passeio em frente ao mercado das Caxinas, um local de passagem de muitas pessoas que assim podem associar-se à dor que, periodicamente, assola a comunidade piscatória local, justificou a líder da autarquia, Elisa Ferraz. O entrelaçamento de dezenas cruzes de ferro configurando a parte de um barco transmite a ideia da morte no mar e assim espera o arquiteto Maia Gomes que se capte também a importância da vida ser preservada. Esse apego à vida ficou bem exemplificado com o caso do naufrágio do “Virgem do Sameiro”, em Novembro de 2011. A tripulação salvou-se, mas passou mais de 57 horas no interior de uma balsa, antes do resgate pela Força Aérea. Um drama que o mestre José Manuel Coentrão recordou.O Memorial deixou comovido o Monsenhor Domingos Araújo, um dos homens que, nas Caxinas, tem acompanhado mais as tragédias provocados pelos naufrágios. A combinação de cruzes de ferro assenta num plinto onde se revela uma frase da autoria do jornalista Abel Coentrão, que é também o presidente da Associação Cultural Bind’ Ò Peixe. Pode ler-se : “O mar devolve-me uma memória de ti. E nela te resgato para a eternidade”. A herança de um povo sofrido pelos naufrágios tem agora um monumento para mostrar a todo o país, mas também para mexer na consciência de quem não protege condignamente uma atividade difícil como a pesca. Foi esse “nó na garganta” que quis expressar Mário Almeida, presidente da Assembleia Municipal. O Memorial aos Náufragos logo no primeiro dia recebeu flores de quem viu os seus entes queridos morrer no mar.»
via ONDAVIVA.
Mais um trabalho em filme sobre a comunidade de Caxinas, recentemente passado na RTP.
Homens, mulheres, rostos, sorrisos, amarguras e alegrias deste povo ligado ao mar, com uma ótima banda sonora a acompanhar. Embora possam parecer já algo repetitivas as sucessivas reportagens nas Caxinas nos últimos anos, a verdade é que daqui a 25 anos muita da gente gostará de rever o passado, os casarios e as pessoas que já se foram, seja nas Caxinas ou noutro sítio qualquer.
A fotografia foi há um par de anos atrás, tirada numa montra das Caxinas, no entanto não sei se o pescador no dóri é local.
«Em 1977, José Manuel Sá filmou com uma câmara de 8 mm o quotidiano dos pescadores de Caxinas e Poça da Barca. Documento de uma época, o filme foi recebido com emoção por uma plateia de caxineiros que, em Julho de 2012, teve oportunidade de o ver exibido, por iniciativa do Festival de Curtas Metragens de Vila do Conde. Em colaboração com o projecto Farol da Memória, o autor acedeu a que partilhássemos este seu trabalho.»
via FAROL DA MEMÓRIA.
«Foi a enchente que Vila do Conde ainda não tivera este ano - e foi-o porque a comunidade das Caxinas foi em peso examinar o retrato que João Canijo dela faz. Que a sessão tenha começado já depois da meia-noite prevista não fez ninguém arredar pé; que a afluência (e a confusão de entradas e saídas de sempre que a lotação esgota) tenha forçado muita gente a ser chutada para o segundo balcão não levou a grandes resmungos.
Não é todos os dias que as Caxinas "saltam" para o grande écrã - e Obrigação, o documentário que Canijo foi rodar à comunidade com uma equipa de estudantes do programa Estaleiro do Curtas, com o aval e a colaboração dos pescadores, passou a "prova de fogo", com gargalhadas e aplausos. Mesmo se, como o realizador fez questão de adiantar, o que se viu não fosse "o" filme, antes o "filme possível" neste momento. 55 minutos que são apenas um fragmento (coerente, consistente, mas apenas um fragmento) de uma longa que há-de surgir mais para o fim do ano.
Obrigação é, apesar da presença da actriz Anabela Moreira, um documentário imersivo, "puro e duro". E é também um filme que se inscreve em simultâneo na ancestralidade dramática e no olhar sobre os universos femininos que tem marcado a mais recente e fulgurante fase do cinema de Canijo. O olhar é sobre uma comunidade de pescadores, sim, mas filmado pelo "outro lado": as mulheres que são motor, âncora e leme da célula familiar, que "aguentam o forte" enquanto os homens estão no mar. O filme pode ressoar com esse arquétipo recorrente da "mãe-coragem", mas foge à tragédia dessas ficções para explorar uma tonalidade mais luminosa e menos austera.
A "obrigação" do título é o tradicional papel feminino na comunidade: ser ao mesmo tempo esposa, mãe e mulher de negócios, tão à vontade a fazer pequenos mimos para receber o marido como a discutir na lota o preço do linguado ou a fazer contas aos ganhos da semana. Anabela Moreira é, em todo este processo, o "pauzinho na engrenagem" essencial para que o universo se abra ao espectador; simultaneamente intrusa e amiga, investigadora que procura perceber e iniciada que descobre os segredos desta camaradagem feminina, é através dela que vemos as Caxinas por dentro e encontramos a humanidade que os olhares apressados e os lugares-comuns muitas vezes não deixam ver.
E esse frémito da vida real, potenciado pela imersão dos longos planos e da unidade de tempo (o filme passa-se no interregno entre a chegada de uma faina e a partida para outra), passou intacto para a sala, com os risos e as "bocas" dos espectadores como expressão máxima do reconhecimento. Obrigação pode ainda não estar acabado (e sente-se essa dimensão de "excerto" de que Canijo fala), mas já é um filme completo.»
texto e foto in Público – Jorge Mourinha.
É com enorme prazer que se vê esta comunidade saltar para o grande ecrã, e pela mão de realizador de tão grande nomeada. Sendo um trabalho especial para imensas famílias das Caxinas (e não só), é-o também para mim, pois a minha mãe é precisamente uma "mulher (poveira) da obrigação" há mais de 45 anos. Foi entre estas mulheres que dei os primeiros passos e cresci, na azáfama da chegada do peixe ao areal da velha praia dos pescadores da Póvoa. Foi entre elas que me apercebi que nelas estava toda a organização da vida em terra, pois os homens passavam a semana inteira no mar. A descrição que neste artigo o jornalista delas faz, é perfeita! Aguardamos pois impacientes a estreia do dito filme.
«Há 75 anos, o bacalhoeiro integrou a frota nacional. Histórias do tempo em que a pesca era um assunto de fortuna ou de morte.
Quando ia para o mar, nunca dizia adeus. Sabia que podia não voltar. Podia morrer afogado, não encontrar o navio e perder--se no meio da neblina, ceder ao sono e ao cansaço na proa do dóri [bote] e deixar-se cair, mas dizia ‘até logo’ de todas as vezes que se despedia à porta de casa e embarcava no ‘Creoula’ a caminho dos bancos da Terra Nova e da Gronelândia, para mais seis meses de campanha na pesca do bacalhau.
José Santos Leites, natural de Caxinas, Vila do Conde, era contramestre no lugre de quatro mastros que durante 36 anos foi bacalhoeiro abençoado pelo regime do Estado Novo, num tempo em que a sina de muitos homens passava pela pesca e a das mulheres pela oração. "Iam à Nossa Senhora das Boas Novas pedir que a santa protegesse os maridos na pesca do bacalhau enquanto eles, no meio do oceano, passavam medos, solidão e fome, uma barbárie", recorda Rosa Maria, filha do caxineiro que começou como pescador no ‘Creoula’, no início da década de quarenta, e anos depois chegou a contramestre por ser "um pescador de primeira linha" [os que apanhavam mais peixe e que no fim da viagem recebiam o ‘mérito’]. José já cá não está para contar as histórias que o mar teceu, mas foi a idade que o levou, não a pesca.
"Ele contava que na altura da II Guerra Mundial tinham medo de serem atacados no meio do oceano, principalmente na Gronelândia, tinham o fantasmas das coisas que pairavam no mar." O medo não era em vão: o ‘Delães’ e o ‘Maria da Glória’, também lugres bacalhoeiros, foram bombardeados no meio do Atlântico em 1942 por submarinos alemães em tempo de guerra mundial.
VIDA DURA
O ‘Creoula’ provou pela primeira vez a água há 75 anos, numa cerimónia presidida pelo chefe de Estado, o general Carmona, ao mesmo tempo que o ‘Santa Maria Manuela’, seu gémeo em constituição e plano, mas a sua faina não foi sempre a mesma. Em 1973 fez a última campanha como bacalhoeiro e em 1979 foi comprado à Parceria-Geral de Pescarias pela Secretaria de Estado das Pescas que, vendo o casco conservado, o transformou em Navio de Treino de Mar. Mas o tempo do bacalhau – nos melhores anos chegou a carregar mais de 12 800 quintais [768 toneladas], mais do que a sua capacidade máxima – ficou para sempre entranhado nas redes daqueles que o viveram.
"Não há vida pior do que a de um pescador do bacalhau! Todos os anos um homem vem para este inferno no engodo de juntar uns patacos, a ver se fica em terra para sempre, se não volta mais (…) Volta mais um ano, mais outro, mais outro… Até cair de podre. Até que o mar o leve", escreveu Bernardo Santareno em ‘O Lugre’, homenagem aos pescadores "daquelas águas onde o dia nunca acaba e o sol brilha no meio da noite". O escritor acompanhou, enquanto médico, campanhas na pesca do bacalhau, o que influenciou a sua obra feita de histórias de mar.
José Picoito, natural da Fuseta, Olhão, entrou no ‘Creoula’ pela mão do pai, pescador e salgador que ali fez tantas campanhas quantas as que o navio conheceu. "Quem não queria ir à tropa fugia para o bacalhau, era a forma de escapar. Livrei-me dessa vida aos 27 anos, depois de oito campanhas de pesca." Em 1961, quando a guerra estalava em Angola, José batalhava no mar, uma dureza diferente.
"Dormíamos no rancho, dois em cada beliche. Havia beliches em cima, ao meio eem baixo. Tambémera aí que comíamos o jantar. Para nos lavarmos davam-nos uma caneca de água fria; aproveitávamos quando íamos a St. John’s buscar isco, ou quando tínhamos de atracar por causa dos ciclones, para nos lavarmos numa ribeira", lembra. "O navio tinha de poupar água doce para a comida por isso era racionada", explica Fernando Oliveira, quatro campanhas a bordo do ‘Creoula’ e 60 anos de idade.
"Arriava-se os botes por volta das cinco da manhã e depois era cada um por si, uma vida ingrata. Nesse tempo, da pesca à linha, o jantar era sempre bacalhau: umas vezes frito, outras vezes cozido, estava sempre na ementa. Vivíamos a pescá-lo e a comê-lo", conta o caxineiro que começou na infância à pesca da faneca com o avô e só aos 18 se virou para o bacalhau. "Nessa altura era um dos verdes", os estreantes. A primeira vez no dóri foi "terrível. Tinha mais medo do nevoeiro do que do mar, o nevoeiro era uma doença".
Por isso, optou por nunca se distanciar dos outros botes durante a jornada solitária no meio do nada. "Preferia apanhar menos peixe e não me perder ou acabar afogado, por isso nunca fui dos melhores. Por isso também nunca ganhei mais do que quatro ou cinco contos por campanha. Os homens de primeira linha – que tinham um motor para o dóri cedido pela companhia – chegavam a tirar mais 15 ou 20 contos, conseguiam comprar carros de 50 contos e muitos abateram as dívidas da casa assim."
Fernando era nessa altura solteiro, mas quem já tinha aliança entregava à mulher o dinheiro – conta Joaquim Sousa – mal poisava pé em terra.
"Houve um ano – lembra António São Marcos, agora comandante do ‘Santa Maria Manuela’ – que os comandantes dos navios foram condecorados com o Grau de Cavaleiro e alguns dos primeiras linhas com o Grau de Oficial da Ordem do Mérito Industrial", tal era a sua importância para o regime.
JORNADA LONGA
O retorno dos dóris ao navio era às sete, oito da noite. Uma jornada que podia durar 15 horas. "Para regressarmos chamavam-nos com umas sirenes, mas às vezes não ouvíamos. O almoço era comido no dóri, normalmente uma fatia de fiambre ou marmelada e uma conserva de atum ou sardinha", recorda Afonso Silva, de 58 anos, cuja primeira viagem no ‘Creoula’ foi também a última do bacalhoeiro português.
Os pescadores iam remando por ali, experimentando "com a zagaia até encontrar peixe. Quando isso acontecia largávamos os trolleys e esperávamos pelo menos uma hora até recolher as linhas"; uma sequência repetida até encher o bote. "Na fase da força do peixe quase não descansávamos. E quem apanhava vigia nesses dias nem dormia", diz Fernando sobre um "cansaço tão grande que às vezes se adormecia em cima da proa do bote, correndo o risco de cair". "Por isso, quando chegávamos ao navio descarregávamos o peixe e íamos logo jantar, tal era a fome. Só depois, pela noite dentro, é que arranjávamos o peixe", recorda Afonso.
Passavam-se horas de volta do bacalhau, uma sequência de procedimentos que tinham de ser feitos, desde o troteiro, ao garfeiro, ao salgador. António São Marcos lembra a azáfama a bordo e a sua função, "uma espécie de dona de casa do navio. De manhã, quando os homens saiam nos dóris, ficava a bordo a orientar a baldeação do navio, que era lavar os restos do trabalho da noite. Depois era alisar o sal e preparar o porão para a pesca desse dia. À noite, quando os homens voltavam, supervisionava o processamento do pescado", recorda António São Marcos.
"Só não aproveitávamos a parte óssea, do crânio, de resto aproveitávamos tudo, nada se estragava", lembra Fernando.
Nos dias em que "no conjunto de todos os dóris se pescava mais de 200 quintais [12 toneladas], o capitão punha música para acompanhar o trabalho de salgar e escalar o bacalhau. Eram normalmente discos de fado, mas às vezes também baladas", recorda o algarvio José. Joaquim Sousa, 72 anos, viu-se a caminho da terra prometida noutro bacalhoeiro, mas ouviu do pai, com 29 viagens no ‘Creoula’, as histórias que depois sentiu na pele.
"O meu pai tinha seis filhos, por isso aguentou todos aqueles anos esta vida dura, sem água, sem luz, uma solidão imensa. Era um alívio chegar a terra depois de tanto tempo a ver o mar. Mas enquanto o meu pai não se afastava muito dos outros botes, eu arriscava mais. Tive dias de andar onze milhas para apanhar o navio. Às tantas já não se via nada: víamos um pássaro e achávamos que estávamos a ver o navio, já era a cabeça a baralhar". No mar, como na guerra, "cada homem é um tubarão, havia uma rivalidade terrível entre os pescadores que apanhavam mais peixe. Essa foi uma herança maldita que veio de outro tempo, mais antigo".
A FÉ NA HORA DO MEDO
‘Levantai-vos rapaziada, filhos da Virgem Maria/ Vai um homem para o leme e dois para a vigia’ era o último verso dos Louvados, que todos os dias os pescadores repetiam antes da descida dos botes para mais uma jornada de pesca à linha. Diz o ditado ‘Se queres aprender a orar, entra no mar’ e era à fé que os pescadores se agarravam. "Eu sentava-me na escada que ia dar ao rancho e era dos que orava mais alto. Com a morte ali tão perto, era preciso agarrarmo-nos à esperança de que voltaríamos", lembra Fernando Oliveira.
‘Vamos arriar com Deus’ ordenava o capitão. As crenças estavam tão presentes nos homens do mar que "o bote número 13 ninguém queria", recorda José Picoito sobre o sorteio feito na viagem de ida. "Era o número do azar e os pescadores tinham muito medo de não regressar." José, hoje com 70 anos, perdeu colegas. "Eram da Nazaré e nunca mais os vimos. O navio esperou, esperou, mas não vieram." Joaquim também ouviu do pai essas histórias. "Foram engolidos pelo mar e não mais apareceram." "Não era uma vida fácil para ninguém, desde o comandante ao moço", lembra António São Marcos, que tinha então 22 anos. "Mas guardo muitas e boas recordações dessa viagem. Tenho uma memória romântica daquela campanha que fiz no ‘Creoula’, apesar das poucas condições que havia foi uma viagem memorável."
Para os pescadores os momentos felizes daquela época teciam-se menos das linhas de pesca e mais das discotecas de St. John’s. "Tínhamos uma roupa guardada para quando íamos a terra dançar. Aí esquecíamos tudo", lembra Afonso Silva, que se deixou tentar "pelas canadianas" que encontrava. José também teve uma namorada ou outra. "Mas amor a sério foi em terra, em Portugal."»
por Marta Martins Silva – CORREIO DA MANHÃ – 13-5-2012.
foto 3 - Capt. Harry Stone.
fotos 4,5 - António São Marcos.
«Lisboa, 05 dez 2011 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga pediu este domingo às “entidades públicas” que deem aos pescadores “maiores garantias de tranquilidade no imprevisível do mar traiçoeiro”, na sequência do resgate dos seis náufragos do barco ‘Virgem do Sameiro’.
Na missa de ação de graças pelo salvamento, realizada em Caxinas, Vila do Conde, que segundo o jornal ‘Diário do Minho’ juntou mais de três mil pessoas, D. Jorge Ortiga convidou os náufragos a aliarem os “conhecimentos técnicos com o reconhecimento da humildade” para evitarem correr “riscos desnecessários”. O prelado lembrou o papel da Força Aérea na recuperação dos pescadores, esta sexta-feira, após 60 horas numa balsa em alto mar: “Fostes salvos por causa da vossa esperança! Salvos por homens desconhecidos. Talvez nunca mais vos voltareis a encontrar. Mas, a vossa vida deve-se a eles”.
O arcebispo primaz, que presidiu à eucaristia, enalteceu a fé dos náufragos, quatro dos quais presentes na celebração, a quem restou “apenas a oração que mantinha acesa a ínfima esperança de uma possível salvação”. “A vida venceu e sentimos a necessidade de mostrar que na oração, sendo prece que invoca ou atitude de quem agradece, estamos unidos a dar um testemunho que deve passar para a vida: em todas as horas vale a pena orar porque Deus nunca nos abandona”, salientou.
Referindo-se ao nome da embarcação, ‘Virgem do Sameiro’, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social recordou “Maria, a Mãe”, a quem os náufragos estiveram ligados através do terço: “Porque esteve sempre com Cristo, Maria nunca desistiu! Nunca se atirou ao mar do desânimo”. Para o prelado a recuperação dos pescadores foi um “milagre”, não por causa de um “fenómeno sobrenatural ou um facto cientificamente não comprovado”, mas porque os náufragos vivenciaram “o que é sentir a salvação/resgate/presença de Deus numa hora de aflição extrema”.
“Se uns defendem que o vosso resgate foi mera casualidade, somente vós sabeis o que é presenciar este sinal salvífico de Deus nas vossas vidas”, disse o arcebispo aos pescadores, que chamou pelo nome. Depois de lhes pedir “que guardem para sempre este acontecimento nas suas memórias”, D. Jorge Ortiga encorajou os náufragos a testemunhá-lo: “Façam o favor de o contar, vezes sem conta, aos vossos familiares e amigos, nos momentos em que eles também perderem a esperança na vida”.
“Acredito que foi a fé que nos manteve vivos”, afirmou o mestre da embarcação, José Manuel Coentrão, adiantando que o terço rezado durante o naufrágio vai ser oferecido a Nossa Senhora de Fátima. D. Jorge Ortiga, que no fim da missa proferiu a oração de consagração ao Imaculado Coração de Maria, realçou “a união” da comunidade paroquial de Caxinas, “muitas vezes, fustigada pela crueldade de vidas ceifadas”.
“A minha pele está toda arrepiada, nem acredito que estevetantagente aqui; eu não estou ainda em mim”, disse o mestre, que agradeceu as mensagens de solidariedade recebidas de vários pontos do país.
Na homilia o arcebispo de Braga referiu ainda que “as rádios e as televisões não estarão presentes nos atos de generosidade que, voluntária e silenciosamente” a Igreja oferece às “pessoas perdidas nas águas agitadas da vida moderna”, mas Deus “verá esse amor generoso e gratuito”.»
foto Diário do Minho.
«07 dez 2011 (Diário do Minho) – A Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar vai colocar, até ao final deste ano, equipamentos de localização em 175 embarcações. A garantia foi deixada ontem, em conferência de imprensa, pelo presidente daquela estrutura que falou aos jornalistas acompanhado pela tripulação do ‘Virgem do Sameiro’ que esteve cerca de 60 horas numa balsa, perdida em alto mar, mas que acabou por ser resgatada sã e salva.»
texto e foto via Diário do Minho.
«No próximo sábado, dia 10 de Dezembro, pelas 18,00h, terá lugar, na Biblioteca Municipal de Vila do Conde, o lançamento do mais recente título do autor vilacondense José Coutinhas. Trata-se de um romance intitulado "Amor Caxineiro, Amor Verdadeiro", inspirado em vivências das gentes das Caxinas. O poeta João Rios e a Drª Albina Maia farão a apresentação do livro.
A entrada é livre.»
via BM "José Régio"
Ainda há um par de horas escrevia assim o amigo Jaime Pião à notícia de ontem sobre o desaparecimento do “Virgem do Sameiro”:
«Bom dia meus amigos e todos que por aqui passem, para dizer que a embarcação Virgem do Sameiro de principio ta equipado com GPS no mínimo dois rádios, um radar e balsa salva vidas, portanto não é por aí que se pode pegar, o barco em causa estaria bem equipado, mas as coisas acontecem, já li e ouvi bastante a respeito da Virgem do Sameiro e com certeza ainda vou ler e ouvir mais, mas uns dizem que o barco mede 12 metros outros 16 metros, eu não sei ao certo, mas isso não está em causa, todos estamos preocupados com o acontecimento, acho que o dia de hoje é primordial se nada for encontrado, então eu prevejo que estão com Deus, mas enquanto houver vida há esperança, nós somos povo de fé, espero que lhes desse tempo abrir a balsa, claro que quem já andou na pesca como é o meu caso, sabe que é difícil, mas não impossível, mas vamos esperar mais este dia, Deus é grande!!!»
Que Alegria! Que alegria!
Tripulantes de pesqueiro desaparecido encontrados vivos.
Encontrados vivos tripulantes do pesqueiro desaparecido.
Tripulantes do "Virgem do Sameiro" encontrados vivos.
Tripulantes do barco desaparecido encontrados vivos.
Figueira da Foz: tripulação encontrada com vida.
«A Marinha e a Força Aérea realizam hoje operações de buscas a um barco de pesca de Caxinas que está desaparecido desde terça-feira, tendo o último contacto sido feito enquanto a embarcação se encontrava ao largo da Figueira da Foz.
O barco pesqueiro, de nome "Virgem do Sameiro", seguia com cerca de seis ou sete homens a bordo - não há ainda confirmação do número exacto.
A embarcação navegava a 15 milhas da costa quando se perderam todos os contactos. Por ter menos de 15 metros, este tipo de barco não é obrigado a possuir meios de comunicação.
Alertada às 10:20 para a situação, a Marinha Portuguesa encarregou das buscas o navio-patrulha oceânico "Viana do Castelo", adstrito à zona marítima do Norte, além de um barco salva-vidas e uma embarcação de alta velocidade da Capitania do Porto da Figueira da Foz, adianta a Lusa.
Santos Fernandes disse àquela agência que as buscas, "até agora sem sucesso", estão a ser realizadas entre o Cabo Mondego, na Figueira da Foz, e a praia do Pedrógão, com apoio de um avião C295 da Força Aérea.
Segundo o porta-voz da Marinha, foi já verificado que a "Virgem do Sameiro" não se encontra em qualquer porto entre Aveiro e Peniche.»
via DN
Marinha e Força Aérea procuram barco de pesca das Caxinas
Figueira da Foz: Marinha realiza buscas para encontrar barco de pesca
Figueira da Foz: Marinha realiza buscas por barco de pesca
Embarcação das Caxinas desaparecida ao largo da Figueira da Foz
Embarcação Poveira desaparecida ao largo da Figueira da Foz
Barco de pesca com sete pessoas desapareceu há dois dias
Obras de construção da Casa dos Pescadores de Vila do Conde, situada nas Caxinas em frente ao mar. Várias vezes lá fui quando era miúdo, ao médico e quase sempre me perguntava para que seriam aqueles curiosos degraus em granito, dispostos em "caracol" no exterior do edifício, visíveis aqui no estremo esquerdo da foto, e que parecem não levar a lado nenhum. Também o interior do edifício me deixou memórias, com os seus bonitos azulejos tipicamente portugueses, em azul e branco e com vários motivos animais, ou os grandes bancos de espera em madeira, já bem gastos pelo tempo e a estalar ao peso de quem neles se sentava.
imagem – Espólio Fotográfico Português
Nesta imagem antiga que encontrei sem data, vê-se a capela junto do bairro e casa dos pescadores das Caxinas, julgo por alturas em que ambos iniciavam a respectiva construção. Este local é já na “fronteira” com a zona da cidade de Vila do Conde e aqui nota-se bem os extensos areais que faziam parte desta área, hoje “uma cidade” de Caxinas – Poça da Barca.
imagem – Espólio Fotográfico Português
bacalhoeiros canadianos-americanos
relatos da lancha poveira "fé em deus"
A Frota Bacalhoeira Portuguesa.
filme Uma Aventura na Pesca do Bacalhau
documentário "A Pesca do Bacalhau" - 4 partes
filme 1952 - n/m "Alan Villiers" - Estaleiros Navais de Viana do Castelo
filme 1956 - n/m "São Jorge", construção e bota-abaixo
filme 1957 - l/m "Oliveirense"
filme 1958 - Bacalhoeiros em Viana do Castelo
filme 1964 - n/m "Novos Mares", chegada à Gafanha
filme 1967 - "Os Solitários Pescadores-dos-Dóris"
filmes 1977 a 1991 - Nos Grandes Bancos da Terra Nova
filme 1981 - "Terra Nova, Mar Velho"
História / Filmes de referência à Pesca do Bacalhau
Confraria Gastronómica do Bacalhau - Ílhavo
Lugre-patacho "Gazela Primeiro"
Lugre "Cruz de Malta" ex-"Laura"
Lugre "Altair" - "Vega" - "Vaz"
Lugre "Estrella do Mar - "Apollo" - "Ernani"
Lugres "Altair" "Espozende" "Andorinha" "S. Paio" "Cabo da Roca"
Lugres "Silvina" "Ernani" "Laura"
Lugres "Sotto Mayor" "São Gabriel"
Lugre-motor "Creoula" - Revista da Armada
Lugre-motor "Santa Maria Manuela" - Renasce
NTM Creoula em St.John´s, Agosto 1998
A Campanha do "Argus" - Alan Villiers
Lugre-motor "Argus" / "Polynesia II"
Lugre-motor "Primeiro Navegante"
Lugre-motor "Santa Maria Manuela"
Lugres-motor "Maria das Flores" "Maria Frederico"
A Inspiração dos Cisnes 1 (Inglês)
A Inspiração dos Cisnes 2 (Inglês)
A Inspiração dos Cisnes 3 (Inglês)
Navio-mãe "Gil Eannes" - 1959-71 Capitão Mário C. F. Esteves 1
Navio-mãe "Gil Eannes" - 1959-71 Capitão Mário C. F. Esteves 2
Navio-mãe "Gil Eannes" - 1959-71 Capitão Mário C. F. Esteves 3
Navio-mãe "Gil Eannes" - Fundação
Navio-motor "Capitão Ferreira"
Navios-motor "Capitão Ferreira" "Santa Maria Madalena" "Inácio Cunha" "Elisabeth" "São Ruy"
Navio-motor "Pedro de Barcelos" ("Labrador" em 1988)
Arrastão "Santa Maria Madalena" 1
Arrastão "Santa Maria Madalena" 2
Arrastão "Leone II" ex-"São Ruy"
Arrastão "Álvaro Martins Homem"
Arrastão "Argus" ex-"Álvaro Martins Homem" 1
Arrastão "Argus" ex-"Álvaro Martins Homem" 2
Arrastão-clássico "Santo André"
Arrastões-popa "Praia da Santa Cruz" "Praia da Comenda"
Arrastão-popa "Inácio Cunha" hoje "Joana Princesa"
Arrastão-popa "Cidade de Aveiro"
Estaleiros de Viana do Castelo
# Quando o "Cutty Sark" foi o português "Ferreira"
# Quando o "Thermopylae" foi o português "Pedro Nunes"
# Quando o "Thomas Stephens" foi o português "Pêro de Alenquer"
# Quando o "Hawaiian Isles"/"Star of Greenland"/"Abraham Rydberg III" foi o português "Foz do Douro"
filmes - Mares e Rios de Portugal.
Catraia Fanequeira de Vila Chã, Vila do Conde
Maria do Mar - Nazaré, anos 30 - 9 partes
Tia Desterra - Póvoa de Varzim - 12 contos
Douro, Faina Fluvial - 1931 - 2 partes
Pescadores da Afurada, anos 60 - 2 partes
Palheiros de Mira - Onde os Bois Lavram o Mar - 1959
Lagoa de Santo André - 3 partes
Douro, Descida do Rio - 2 partes
Algarve, Atum na Costa - 2 partes
Estaleiros Navais de Viana do Castelo - 65 anos
A "Cumpanha".
Modelos de Navios de Prisioneiros de Guerra-POWs Bone Ship Models
A Lancha Poveira - Póvoa de Varzim
Museu Dr. Joaquim Manso - Nazaré
Bate Estacas - Barcos Tradicionais
Indigenous Boats - Barcos Indígenas
Carreteras, oceanos... - Galiza
Embarcações Tradicionais da Ria de Aveiro
COREMA - Associação de Defesa do Património
Singradura da Relinga - Galiza
O Piloto Prático do Douro e Leixões
Olivença é Portuguesa.